Poesia

Comentários desativados em Poesia
Compartilhar

Máscara Mortuária de Graciliano Ramos

 

Feito só, sua máscara paterna

Sua máscara tosca de acridoce

Feição, sua máscara austerizou-se

Numa preclara decisão eterna.

 

Feito só, feito pó, desencantou-se

Nele o intimo arcanjo, a chama interna

Da paixão em que sempre se queimou

Seu duro corpo que ora longe inverna.

 

Feito pó, feito pólen, feito fibra

Feito pedra, feito o que é morto e vibra

Sua máscara enxuta de homem forte

 

Isto revela em seu silêncio à escuta:

Numa severa afirmação da luta

Uma impassível negação da morte.

 

Vinicius de Moraes (1913-1980)

 

 

Obs.: Graciliano Ramos nasceu em 27/10/1892 e faleceu em 20/03/1953

Os comentários estão fechados.