O compositor se vai, pouco depois de sua musa
Morreu no último sábado, de complicações de um linfoma, um nome importante da música norte-americana: Peter Lieberson, aos 64 anos. Compositor, com forte influências do jazz e da música da Broadway,teve suas peças executadas desde os anos 80 por grandes orquestras e solistas como o violoncelista Yo-Yo Ma e os pianistas Peter Serkin e Emmanuel Ax. Foi Serkin quem tocou, com a Sinfônica de Boston e James Levine, a estreia de seu Concerto para Piano e Orquestra n. 1.
Era novaiorquino, filho de um grande executivo da industria de discos, e conviveu com artistas como Stravinsky e Schoenberg. Quando conheceu a mezzo-soprano Lorraine Hunt, em 1997, sua vida tomou uma nova direção – pessoal e artística. A partir daí, escreveu numerosas peças dedicadas a Lorraine. “Sua voz me provocava arrepios de prazer, antes mesmo de a conhecer”, declarou o compositor, na época do casamento. “E eu descobri que não era a maravilhosa emissão ou o timbre que produziam esse efeito – era a alma por trás de tudo isso”.
Ela foi, de fato, uma das grandes artistas líricas de sua geração – tinha uma voz “suntuosa”, na definição do Sunday Times. Deixou elogiadíssimas interpretações, do repertório barroco ao contemporâneo.
Para Lorraine, ele compôs ciclos de canções sobre a obra de grandes poetas, como Rilke e Neruda. No inicio dos anos 2000, Lorraine recebeu o diagnóstico de câncer de mama – e morreu em 2006, aos 52 anos. Já muito doente, ela cancelou quase todos os compromissos profissionais – mantendo, no entanto, a performance das “Neruda Songs”, de Peter, com a orquestra de Boston, sob a batuta de Levine.
Peter Lieberson descobriu o linfoma logo após a morte de Lorraine. Na época, a Rádio NPR dos EUA fez um especial dedicado ao casal, chamado “Desenhando o arco do amor”. Aqui, um trecho das “Rilke Songs” – “O ihr Zartlichen” (“‘Oh, carinhosa”), que ele escreveu em 2001 para sua amada.
Fonte: Ricardo Prado/Clube do Maestro
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