CPI do Apagão: dois lados da mesma moeda
Vinicius Lanzoni Gomes, analista de sistemas do Instituto de Controle do Tráfego Aéreo, informou à CPI do Apagão que enviou relatório ao Comando da Aeronáutica alertando sobre falhas no sistema de controle de tráfego aéreo, três meses antes do acidente com o Boeing da Gol com o Legacy. O depoente é da mesma opinião do controladores de tráfego aéreo nas denúncias que fazem anonimamente, porque usam farda e não podem falar; mas “eu sou civil, sou descartável e não tenho nada a perder”. Na sua maioria, as críticas se prendem à constatação de que o sistema usado atualmente – desenvolvido pela empresa ATech – não abrange todo o território nacional, induz a erro e compromete a segurança de vôo.
Segundo o depoente, a ATech entregou à Aeronáutica apenas um dos quatro softwares encomendados, informação que levou o deputado Ivan Valente (PSOL) a solicitar a convocação do diretor da ATech, Cláudio Carvas, e de autoridades militares ligadas ao setor para prestar esclarecimentos. Por uma coincidência providencial um documento sigiloso entregue pelo Comando da Aeronáutica à CPI do Apagão Aéreo do Senado reconhece problemas no setor de tráfego aéreo, vindo ao encontro das observações dos controladores sobre irregularidades
O informe reservado, embora reconheça que o sistema é seguro, observa eventuais “riscos à segurança das operações aéreas”, e admite que “os equipamentos usados no controle do tráfego aéreo são obsoletos e que o serviço está se aproximando do limite de sua capacidade operacional, em termos de equipamento e pessoal”. É a palavra oficial dando razão, em parte, às queixas dos controladores de vôo.
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