Comentário (IV)
Democracia é isso?
Abordado pelos repórteres, à saída de um evento no Itamaraty, Lula da Silva sacou da mais velha das platitudes políticas – aquela que a imprensa registra invariavelmente associada ao verbo desconversar. “A democracia é isso”, desconversou o presidente. “Você ganha uma, perde outra.” Naturalmente, os jornalistas insistiram, e ele, entre calar-se e confeccionar uma desculpa palatável, preferiu assumir sua conhecida pose de professor, e, com a cara mais séria do mundo, tentar passar o “conto da ética petista”, que contém três patranhas.
Uma, que o PMDB “não pediu nada”, como se os peemedebistas não vivessem explicitando os seus pedidos, com a maior naturalidade, ao primeiro repórter interessado em conhecê-los. Outra, digna do Livro Guinness, merece transcrição integral. “Eu não barganho. Eu faço acordo programático, acordo com o partido, mas não é possível você ficar barganhando cada votação que vai para o Congresso Nacional.” Barganha, sim. A cada votação. E já cansou de dizer que sem isso ninguém governa este país – o que não é uma mentira. No seu caso, a barganha suprema entrou para a história com o aumentativo mensalão.
A terceira patranha presidencial foi a de que ele não teme que o contravapor do Senado interfira na votação da CPMF na Casa (depois da deliberação em segundo turno, na Câmara, marcada para o dia 9 de outubro). Teme – e como! Porque o governo não tem, fechados, os 49 votos do quórum qualificado necessário para fazer passar a emenda que prorroga o tributo. (Agência Estado)
OPINIÃO: Para os amantes as “última flor do Lácio”, patranha tem uma rica sinonímia, onde podemos destacar mentira, afirmação falsa, fala astuciosa, trapaça, léria, peta e falácia. São os verbetes da terminologia usada pelos pelegos, onde Lula da Silva aprendeu a falar usando e abusando da astúcia, da esperteza e da simulação que alguns filósofos da USP confundem com inteligência… E assim caminha este país onde nunca dantes se viu tanta safadeza. MIRANDA SÁ
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