Caixa 2 é brinquedo – por Guilherme Fiúza

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E ainda dizem que a Justiça brasileira não funciona. O Supremo Tribunal Federal transformou o senador tucano Eduardo Azeredo em réu exatamente no dia do programa do PSDB na televisão. Quem pode exigir mais eficiência do que isso?

A precisão do STF lembrou os áureos tempos do mensalão, quando o atual ministro da Defesa Nelson Jobim fazia, de toga, comícios pró-José Dirceu em plena corte suprema. Aquilo é que era juiz isento.

Cada político tem o ralo que merece, e a dupla Arruda e Azeredo parece estar bem encaminhada. Quem está precisando de salvação é a santa inocência da opinião pública.

A salada de escândalos está sendo vendida como os lançamentos em série de Hollywood: mensalão 1, 2 e 3 (por enquanto). Há um erro grave aí.

O que houve em Minas, no Distrito Federal e mesmo no esquema PC Farias, na era Collor, não tem nada a ver com o assalto à República denunciado em 2005 por Roberto Jefferson. Não roubem esta primazia do PT.

Caixa dois de campanha eleitoral, como já esclareceu o presidente Lula, todo mundo faz. Se o esquema se desdobra em mesadas para deputados, como no DF, ou em gastos particulares, como no esquema PC, é só uma nuance. Nada disso é comparável ao que foi o valerioduto montado pelos amigos de Luiz Inácio, o filho do Brasil.

Um despachante de dois ministros de Estado (Casa Civil e Secretaria de Comunicação) forjava contratos de publicidade com grandes empresas estatais, e o dinheiro recebido ia parar na conta do PT, por meio de empréstimos bancários fictícios.

O valerioduto tirava do Estado brasileiro e dava para o partido do presidente da República. Nunca antes na história deste país houve fraude igual.

O dinheiro do valerioduto servia também para pagar regularmente deputados na boca do caixa. Foi o que ficou sendo chamado de mensalão. Mas o valerioduto que levou a cúpula do governo Lula a ser denunciada ao STF pelo procurador da República era muito mais do que mesada para deputados. Era o parasitismo direto do Estado pelo partido governante.

Os caixas dois de Arruda, Durval, Azeredo, Collor e PC são brincadeira de criança perto do esquema operado por José Dirceu, Luiz Gushiken, Marcos Valério e Delúbio Soares – entre os 40 denunciados pelo procurador-geral Antônio Fernando de Souza.

Ao eleitor queixoso de que os políticos são todos iguais, vale o alerta: não são, não. O assalto do bando de Lula (que não sabia) aos cofres da nação continua inigualável.

*Guilherme Fiúza é jornalista

Uma resposta para Caixa 2 é brinquedo – por Guilherme Fiúza

  1. Capivara gigante

    Os veículos de comunicação ganharam uma ótima oportunidade para provar aos céticos que as acusações de golpismo eram exageradas. Basta dedicar à oposição a mesma virulência investigativa (e amiúde caluniosa) que reservou aos petistas nos idos de 2005.

    O noticiário oferece três “mensalões” muito promissores, cheios de novidades inexploradas, que compartilham entre si, no mínimo, as tendências políticas de seus protagonistas: o de Eduardo Azeredo (PSDB), o da Camargo Corrêa e o do governador José Roberto Arruda.

    Somando todos os esqueletos, constrói-se um enorme ossário com as cúpulas do PSDB e do DEM (PFL), uns pedaços de peemedebistas e tutano dos governos FHC para salgar o caldo. Se os escandólatras da imprensa democrática usarem seu espírito investigativo para expor os Freuds Godoys do momento, operam a grande revolução moralizante que tanto defenderam em seus editoriais inflamados.