Artigo saído n’ O Jornal de Natal
A escalada das “verdades” de Dilma
MIRANDA Sá, jornalista (mirandasa@uol.com.br)
A ministra-chefe da Casa Civil e companheira de armas de José Dirceu, vem insinuando que a ex-secretária da Receita Federal é mentirosa. Candidata única de Lula da Silva, é como ele habilidosa em artimanhas que ajudarão sua desenfreada ambição de sentar na cadeira presidencial.
Bem adaptada no círculo superior da pelegagem, Dilma apaga a antiga biografia e assume nova história de vida fabricada pelo Ministério da Verdade do PT-governo mas, retocada na cara e no caráter, deveria cumprir o dever de quem aspira a Chefia da Nação: falar com correção.
Isto, porém, tem sido considerado pelos donos do poder como “puro idealismo”, que deve ficar apenas na teoria. E este raciocínio leva-os a arriscar que os mentirosos são os que denunciam os malfeitos, os ilícitos e a corrupção. É o jogo simulado da Escola de Goebbels.
A realidade esquizofrênica de Lula da Silva e sua camarilha, favorece que Dilma mude a cara, reaprenda a falar e subverta os princípios morais vigentes; mas não pode conter a sua natureza autoritária, categórica e ensimesmada. Foi assim que reagiu ao ser flagrada defendendo interesses contrários aos da Nação.
A Ministra deu uma raivosa entrevista no mesmo tempo em que Lula da Silva recebia, fora da agenda, Fernando Collor, que agredira com “olhar açulado, quase hidrófobo, injetado de cólera” (Jânio de Freitas), uma das figuras mais respeitáveis do Senado, o gaúcho Pedro Simon.
Uma coisa tem ligação com a outra. Se for para fazer tudo o que seu mestre mandar, os sabujos fazem como ocorre na Comissão de Ética do senado e na CPI da Petrobras. Se o Presidium é composto de Almeida Lima, Collor, Duque, Jáder, Jucá, Renan, Sarney e Wellington Salgado a candidata preferencial torna-se a porta-voz deles.
Dilma desmentiu Lina Vieira, que em entrevista à Folha de São Paulo falou de um encontro reservado e uma conversa individual em torno de ações da Receita em cima de supostos sonegadores ou atividades empresariais suspeitas. A conversação versou sobre a agilização das investigações envolvendo o filho de José Sarney, Fernando.
Dilma desmente, e Lina reafirma tudo citando como testemunhas o motorista da Receita, sua chefe-de-gabinete e, mais importante, a principal assessora de Dilma Rousseff, Erenice Alves Guerra, de conhecidas atividades nos meios que justificam os fins.
Palavra contra palavra e a presença incômoda de dona Erenice, envolvida na falsificação do dossiê com os gastos do ex-presidente Fernando Henrique e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, que Dilma disse que se tratava de um banco de dados para organizar as despesas com cartão corporativo.
E assim começou a escalada das “verdades” de Dilma. O juramento de que não havia dossiê vem do tempo anterior às cirurgias plásticas e o rosto duro mostrava claramente a falta de sinceridade. Depois veio o registro ainda não explicado de um currículo acadêmico fraudado.
Descobriu-se que, na Plataforma Lattes do CNPq, que armazena currículos de professores universitários e pesquisadores de pós-graduação, o nome de Dilma Rousseff aparecia como detentor de mestrado e doutorado em economia. Tinha até o título da tese de mestrado.
A informação era (foi retirada apressadamente da internet) inexata. Dissimulava a conclusão de cursos e defesa de teses que Dilma nunca fez. Ao explodir na imprensa, o caso foi rebatido com a Ministra dizendo que alguém invadiu a Plataforma Lattes para divulgar os dados. Mas há diversas afirmações de que ela assumiu os títulos.
Assim, a “doutora” e “mestra” chegou a “verdade” mais recente, o desdobramento da demissão de Lina Vieira da Receita Federal. As explicações da candidata sobre o caso denunciado por Lina são hesitantes e desordenadas.
Os colegas de Lina na Receita Federal, que a conhecem bem, ficaram do seu lado, e a ex-secretária do gabinete já confirmou que houve realmente o convite da Casa Civil. É pena que muitas personalidades políticas que distinguem e apreciam Lina se mantenham calados por conveniência.
Temem possivelmente retaliações de Lula, que – se não tem escrúpulo de defender Sarney – é capaz de perseguições. Ou então, teem receio que confirmada a história de Lina, a candidata única e preferencial dos 301 picaretas seja enquadrada em crime de prevaricação…
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