Artigo saído n’ O Jornal de Natal

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Balanço no varejo do Ano do Senhor de 2008

 

MIRANDA SÁ, jornalista

E-mail: mirandasa@uol.com.br

 

 

1.   Foi, sem dúvida, a crise financeira internacional a notícia mais sensacional do ano que se vai. Explodindo nos EUA, o problema irradiou pelo mundo inteiro, assustando os governos, menos no Brasil, aonde o presidente Lula da Silva considerou que a crise não passava de uma “marolinha” e “não atravessaria o Atlântico”.

 

2.   As eleições municipais representaram outro foco político muito importante, principalmente pela constatação de que a excepcional popularidade do Presidente não lhe dá a prerrogativa de eleger postes. O mito da sua invencibilidade foi desmentido em São Paulo e Natal, cidades em que se registou seu empenho pessoal, e os candidatos do PT foram fragorosamente derrotados.

 

4.   Não se pode deixar de assinalar o comportamento negativo, quase suspeito, do Itamarati, na condução da política exterior. A aproximação com os ditadores africanos e a “obrigação política, econômica, moral e ética” com a Bolívia, Equador e Paraguai, em prejuízo flagrante do Brasil, são inaceitáveis. De um lado, a negação dos direitos humanos que o partido do governo apregoa; do outro uma influência ideológica capenga.

 

5.   Outra observação vai para a incompetência governamental de tocar programas e projetos  realmente desenvolvimentistas. Tirando as ações populistas, que representam mais moeda eleitoral do que combate à pobreza, nada vai para frente. Relembremos o espalhafatoso lançamento do Fome Zero, e do 1º Emprego, e do Banco do Povo, e as PPPs! O PAC vai pelo mesmo caminho, que está mais devagar do que previam os pessimistas.

 

6.   Uma referência obrigatória é a estranha corrida da Petrobras aos guichês bancários. Até agora os brasileiros – torcedores antigos da empresa estatal do petróleo – ainda não receberam uma explicação séria sobre o empréstimo feito na Caixa Econômica depois do anúncio de respeitáveis lucros. Ou a contabilidade está incorreta ou há algo de podre no aparelhamento partidário da Petrobras, que precisa rever o anúncio da auto-suficiência e os preços dos combustíveis no varejo…

 

7.   De volta à “marolinha” de Lula há que se assinalar a presença do banqueiro internacional, Henrique Meirelles, à frente do Banco Central. Por ser experto no trato com o sistema capitalista, Meirelles está prestigiadíssimo pelo Presidente; verdadeiramente intocável! Enquanto isso, na tentativa de se redimir da adesão ao neoliberalismo, os petistas que ocupam o poder iniciaram, da boca para fora, uma campanha contra a política econômica de Lula. É o gato escondido com o rabo de fora…

 

8.   Para tristeza dos meus amigos vascaínos o clube de São Januário caiu para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Entristeceu também aos flamenguistas que torciam para que Roberto Dinamite implodisse para seculo, seculorum, a imagem execrável de Eurico Miranda, como início de uma limpeza nos clubes de futebol, livrando-os da cartolagem bandida para restaurar a beleza do esporte nacional.

 

9.   O Supremo está a meio caminho sobre a definição da Reserva Raposa Serra do Sol e seus milhões de hectares em terras contínuas na fronteira norte do país. Até agora uma coisa é certa: não haverá proibições para a entrada das forças de segurança e do Exército na área, como queriam as Ongs que atuam na Amazônia defendendo interesses contrários à soberania nacional.

 

10.  A Comissão de Anistia continua agindo com favoritismo partidário, desmoralizando a iniciativa de ressarcir os danos financeiros e morais dos perseguidos políticos durante o regime militar. A última notória e inexplicável decisão, depois de anistiar a patota dirigente do PT e do PC do B em regime de urgência urgentíssima, foi o benefício concedido a Chico Mendes como anistiado político. Chico, como ambientalista, é um herói; como perseguido pela ditadura é uma farsa!

 

11.  Voltaram os atrasos de vôos neste fim de ano. E agora, o governo vai culpar a quem? As empresas que alegam mal funcionamento dos aeroportos? Na verdade, quem sofre é o passageiro, e o problema seria facilmente resolvido se houvesse autoridade da Anac para exigir serviços adequados da Infraero e aplicasse multas às empresas por vôo atrasado e impedimento de decolagem de aviões da companhia transgressora.

 

12.  Retorna, com os tumultos nos aeroportos, a memória da impunidade que reina no país. O exemplo mais do que perfeito é o caso Daniel Dantas, que traz na esteira o tratamento especial recebido dos três poderes da República, a passagem idêntica dos quadrilheiros do mensalão, as sanguessugas, os aloprados do Dossiê Vedoin, o dinheiro na cueca e nas malas dos deputados evangélicos. Para não falar do superfaturamento nas obras públicas e acobertamento aos compadres e amigos do Presidente da República.

 

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