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Entendimento sobre as eleições e suas conseqüências

MIRANDA SÁ, jornalista
E-mail: mirandasa@uol.com.br

Os que lêem estes comentários n’ O Metropolitano sabem que não confio nas urnas eletrônicas. O TSE pode gastar uma fortuna em propaganda tentando me convencer que não adianta: enquanto não provarem que o resultado pode impresso, desde que provocado sob suspeição. Sem isto, não tem como garantir a impossibilidade de fraude.
Entretanto, muito pior do que a desconfiança no voto eletrônico pior é o famigerado instituto da reeleição. O Brasil não pode perdoar o sociólogo FhC por esta bandidagem que se iguala à dos mensaleiros, porque a reeleição foi um conto do vigário passado na democracia.
A reeleição, além do furto praticado contra o regime, apropriou-se fraudulentamente do maior valor cívico do povo, que é a escolha livre dos seus governantes.
Com a democracia ferida pela falta de provas da real decisão eleitoral e pelo esbulho da reeleição, golpeiam-na ainda mais com as pesquisas de encomenda, quer se desmoralizam a cada pleito.
Não há exemplo maior de incoerência do que as eleições em primeiro turno de São Paulo e Belo Horizonte. Há que se levar em conta, também, a crítica de Gabeira sobre a isenção dos responsáveis pelas pesquisas feitas no Rio de Janeiro.
São suspeitos os institutos que realizaram as amostragens nas três importantes capitais do país. Foram impressionantes as reviravoltas ocorridas com a ida de Quintão e Kassab para o segundo turno quando se encontravam muito atrás dos oponentes.
A divulgação de pesquisas é um ato criminoso. Em São Paulo, por exemplo, não se deve a uma agência apenas; todos os institutos registravam uma folgada maioria para Marta Suplicy, a candidata de Lula da Silva. Antes da reta final da campanha, quando era impossível esconder, nenhum mapa divulgado trouxe pelo menos a perspectiva de Kasssab ir ao 2º turno.
O bom da democracia é que apesar das dúvidas sobre a eleição informatizada, do antidemocrático instituto da reeleição e das pesquisas manipuladas os resultados eleitorais fortaleceram o regime.
Ensinou à oposição parlamentar (PSDB-DEM-PPS) que deve parar de temer a ilusão de que Lula da Silva é onipotente, e precisa procurar nas cinzas do rescaldo eleitoral os que saíram descontentes com as jogadas da pelegagem para construir um partido único.
Quanto ao PT, o interessante seria voltar aos tempos da democracia interna em dar um balanço objetivo das eleições, fazendo uma necessária autocrítica. E uma delas é a de ter acreditado que Lula elegeria um poste. Isto favorecerá a rediscussão do nome que deverá sair para a sucessão presidencial em 2010.
O PC do B, o PDT, o PSB e o PV, por tática ou oportunismo, deverão continuar (salvo melhor juízo) na fila do beija mão de Lula; e os pequenos grupamentos da esquerda ainda incontaminada pela idéia do partido único, não têm poder de fogo no atual sistema eleitoral. Servirão apenas para marcar posição na resistência democrática da tendência socialista.
Para uma análise correta, há que se considerar o crescimento admirável do PMDB no último pleito. Entretanto, no partido de Ulisses em vez de júbilo, a vitória eleitoral provoca a explosão do racha histórico existente. Já se vê os peemedebistas vitoriosos Requião (PR) e Quércia (SP) se dividirem entre Lula e Serra e a maioria silenciosa sonhar com um candidato próprio.
Finalmente, um raciocínio prático nos leva a imaginar a briga de foice entre o lulismo-petismo e o tucanato para conquistar o PMDB porque, se os números dos resultados eleitorais valerem, para onde ele pender decidirá quem vencerá a eleição presidencial.

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