Artigo de fim-de-semana

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Denunciado, Lula é investigado. Antes tarde do que nunca!

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Arisco como um batedor de carteiras, Lula da Silva mergulha no escapismo, evitando os holofotes que tanto o atraem, para fugir dos últimos casos que o envolvem: O imbróglio com a chefe do gabinete da Presidência, Rosemary Noronha, e as denúncias de Marco Valério envolvendo-o com o Mensalão.

A primeira dimensão é muito complicada; investiga altos funcionários do PT-governo em tráfico de influência e venda de pareceres, enfim, em manifesta corrupção, onde a ‘Rose’ é suspeitosamente tida como ‘amiga íntima’ do ex-presidente.

O esquema descoberto pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, ocorria no âmbito da Presidência da República, com participação do segundo nome da Advocacia Geral da União e de diretores de agências reguladoras, além de Rose.

Impossível de esconder, o fato teve como desdobramento a abertura de sindicância interna na Casa Civil da Presidência, para apurar o envolvimento dos servidores. Já concluída, essa sindicância teve o seu relatório inexplicavelmente adiado sob a pífia alegação de requerer uma análise jurídica prévia…

O outro fato traz de volta o estrondoso Mensalão, com uma novidade: Recursos concedidos pelo Banco Rural para a compra de apoio de parlamentares teriam sido também usados para pagar contas do então presidente Lula da Silva.

A acusação – com provas materiais – é do chefe do núcleo financeiro do Mensalão, Marcos Valério, cuja defesa no STF, segundo o próprio, é patrocinada pelo PT. Ele declarou no depoimento dado à Procuradoria-Geral da República que o numerário do esquema Mensalão bancou “despesas pessoais” do Presidente.

Não foi apenas essa denúncia. Valério disse também que Lula deu “ok”, em reunião dentro do Palácio do Planalto, para os empréstimos bancários que viriam a irrigar os pagamentos de parlamentares da base aliada.

Fundamentado nas declarações do “Carequinha”, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, decidiu remeter o caso à primeira instância, já que o ex-presidente não tem mais foro privilegiado. Isto significa que a denúncia poderá ser feita pelo Ministério Público Federal de São Paulo, Brasília ou Minas Gerais.

Enredado nesses desditosos conjuntos de circunstâncias, o incontestável líder do PT descortina sua presença na corrupção, e assim, aniquila a história do partido, rasgando o falso painel de reverência à Ética Política encenado para ludibriar o eleitorado.

Com isso, assistem-se pronunciamentos de fundadores e antigos militantes petistas exigindo autocrítica da cúpula partidária, num protesto que entra até na carta convocatória para o congresso do partido, onde se lê referência aos ‘erros’ cometidos por ‘companheiros’ no episódio do Mensalão.

Infelizmente, (e não poderia deixar de ser), o documento escorrega na maionese da hipocrisia histórica e da falsidade ideológica, defendendo-se com um “sabe-se que denúncias de corrupção sempre foram utilizadas pelos conservadores para desestabilizar governos populares, como os de Getúlio Vargas e João Goulart.”

É uma pena que os aliados, por sabujice fisiológica, façam coro à desvairada defesa dos corruptos, como se viu o deputado Henrique Alves contestar a decisão do STF para perda de mandatos de quatro deputados condenados pela Justiça.

Candidato à presidência da Câmara, Henrique quer garantir os votos do PT, desconfiando do descumprimento de acordo anterior; mas exagera no “arroubo de retórica” de que fala o ministro Marco Aurélio.

… E é um mau exemplo, não só para o mundo político, mas para as novas gerações que querem passar o Brasil a limpo.

 

2 respostas para Artigo de fim-de-semana

  1. Ajuricaba disse:

    Mais cedo ou mais tarde a frágil casa do 9 dedos cairá. É como a estória do coqueiro: quanto mais alto, maior é a queda do côco ou, no caso, do cocô.

  2. Receio que seja mais uma investigação sem conclusão.