Artigo de análise política
O Clube dos 300 picaretas e Genoino, seu sócio
MIRANDA SÁ ( E-mail: mirandasa@uol.com.br )
O bigodudo stalinista Olívio Dutra, pode adotar a ideologia que for, pode continuar errado dentro de um PT que já não é o partido que ajudou a fundar, mas uma coisa é certa, não é um esquizofrênico lulo-petista que, cultuando a personalidade do chefe, perde a noção da realidade.
Com essa personalidade, Olívio Dutra não surpreendeu a inteligência gaúcha ao dizer, numa entrevista radiofônica que José Genoino esteve errado ao assumir o mandato na Câmara Federal após a condenação a 6 anos e 11 meses de prisão.
O velho militante de esquerda falou ‘ao vivo’ admoestando pessoalmente o companheiro envolvido com o Mensalão: “Eu acho que tu deverias pensar na tua biografia, na trajetória que tens dentro do partido. Eu acho que tu deverias renunciar. Mas é a minha opinião pessoal, a decisão é tua”.
A repercussão foi imediata. Entre os petistas desiludidos e alguns até indignados, despertou a esperança de ver um protesto mais amplo, envolvendo lideranças divergentes do pragmatismo pelego; mas os quadros policialescos, como André Vargas, investiram contra Dutra violentamente.
O que há de real é que assumindo como suplente uma cadeira na Câmara dos Deputados, Genoino arrasta consigo apoio dos parceiros, feridos no amor próprio ao ver vislumbrar-se neste País o fim da impunidade. São os cúmplices psíquicos de toda corrupção, de toda a roubalheira que avilta a administração do PT-governo.
Assumindo o mandato parlamentar, enquanto aguarda a tramitação em julgado da sentença que o condenou, Genoino teve o desplante de declarar que se sentia “confortável” tomando posse. Em minha opinião, talvez esteja certo, adentrando no Clube dos 300 Picaretas como sócio privilegiado, como os ex-detentos se sentem ao voltar para suas quadrilhas.
A imprensa estampou fotos da solenidade de posse. O Estadão teve um flagrante feliz clicado pelo repórter fotográfico Beto Barata, com o Ficha Suja empossado, tendo ao lado o bonzo Ricardo Berzoíni, o suspeitoso José Mentor, e o irmão, alcunhado de Capitão Cuecão no Ceará, estado de origem.
Como ensinam os sábios chineses, tem-se ali uma imagem que vale por muito mais de mil palavras.
O silêncio da ilustração não contesta que à luz do ordenamento jurídico brasileiro, Genô tem o direito de assumir, como suplente, a vaga aberta por um companheiro na Câmara dos Deputados. Mas, como já disse alguém, nem tudo que é legal e legítimo, é moral e ético.
Nessa esteira da falta de ética e imoralidade política, o ex-presidente do PT não se refestela sozinho; ele vive uma mudança de comportamento próximo a um caso clínico, doença mental endógena que lhe põe num mundo irreal; mas seus companheiros de bancada, erram por errar, metendo os pés pelas mãos.
É o caso do presidente do Clube dos 300, Marcos Maia, que conduz a situação criada por quatro deputados condenados, como se fosse prior de um santuário medieval, como o que inspirou o grande Vitor Hugo na criação do Corcunda de Notre Dame.
Felizmente aproxima-se a troca de comando na Câmara dos Deputados, um universo paralelo ao Clube dos 300. Não creio que o futuro presidente acomode-se num parlamento parecido com uma ante-sala de cadeia.
Esta situação levaria ao apodrecimento final do Legislativo, particularmente porque na outra Casa, extravagantemente estamos assistindo o retorno na presidência do senador Renan Calheiros, que dispensa apresentações, apenas um lenço no nariz.
Assim como Olívio Dutra, devem haver Petistas tradicionais que se revoltam com esse vexame do Genoino e das patifarias da corja que só pensa em seus benefícios pessoais