Artigo: A Copa do Mundo na lupa do patriotismo
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
Acaba de sair o último símbolo visual da Copa/14, o pôster oficial que faltava ser apresentado. Veio de cima para baixo, como tudo que o Brasil colonizado pela FIFA recebe da matriz. Como a cretinice do ‘Fuleco’, o cartaz é meio idiota, figurando duas pernas formando simbolicamente nosso mapa ao disputar uma bola.
Nem as tortas (e mágicas) pernas do Garrincha conseguiriam o feito que o desenhista oficial conseguiu… Mas deixa prá lá! Interessa mais a incompetência e a ganância dos candangos brasileiros travestidos de ‘gestores’ que trabalham para a FIFA.
O atraso das obras é de menor importância no pacote dos escandalosos reajustes dos custos planejados. Esses atrasos só teem relevância porque as raposas do futebol usam-nos para justificar o encarecimento dos preços em quase quatro bilhões de reais. Isso, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU).
As arenas de Cuiabá, do Distrito Federal, Fortaleza e do infeliz Maracanã, no Rio de Janeiro, para citar apenas quatro exemplos de irresponsabilidade e corrupção, estremecem de indignidade as pessoas honestas deste País.
Não poderia ser de outra forma num país dominado por quadrilhas infiltradas até em gabinete de representação da Presidência da República. Os locais estão emparceirados com gangsteres internacionais, para nos enganar, descendentes que somos dos botocudos que trocavam as riquezas nacionais por lantejoulas, miçangas e espelhinhos.
Essa enganação foi focada pela lupa do patriotismo… Disseram que o evento ajudaria a desenvolver nossa economia, que faria nova abertura dos portos para o turismo, que educaria as massas ignaras e deixaria obras de infraestrutura nos aeroportos e na mobilidade urbana.
Diferentemente das promessas, os puxadinhos dos aeroportos exemplificam o resto da exaltada infraestrutura; o incêndio de Santa Maria, e a insegurança implícita, foi negativo para o turismo; e a educação das massas está a cargo das facções do crime organizado, como se vê em Santa Catarina.
Descobre-se, também, que os donos da Copa/14 não são menos corruptos do que seus gestores nacionais. Valcke foi um ‘consultor’ da trinca Lula-Cabral-Paes na campanha para trazer o torneio para o País. Hoje é dirigente da FIFA, e se desculpa pelo lobismo dizendo que na época não ocupava nenhum cargo e foi contratado “por uma grande empresa baseada em São Paulo”.
Que “grande empresa” é essa, ninguém sabe ninguém viu. E Valcke diz que ajudou
“mais com a aparência do que com o conteúdo”… Não sei o que isso quer dizer; é como a qualificação de “talento extraordinário’ com que Faustão elogia seus entrevistados…
Fica também explícito que o PT-governo assinou compromissos (inalteráveis) com a FIFA, ferindo inclusive a legislação quando permite a venda de bebidas alcoólicas nos estádios.
É muito desolador, também, constatar que a gabada infraestrutura foi convertida numa “infraestrutura temporária” confirmando que o “tão falado legado social para a população que ficou só no papel” como escreveu o deputado carioca Romário Faria em brilhante artigo na Folha de São Paulo.
É de Romário, igualmente, o lamento de que “os R$ 3,5 bilhões acrescidos ao valor total da Copa dariam para construir quase 500 novas escolas técnicas no Brasil…” E é
Isso que traz a maravilha virtual do Brasil bancar a Copa, que de um lado envaidece a manada patrioteira e do outro lado nos conscientiza (e envergonha) da re-colonização do país pela FIFA, cujas decisões se sobrepõem aos poderes republicanos brasileiros.
Muitíssimo bem dito meu amigo. Sempre fui contra essa copa, e também a olimpíada, serem realizadas no Brasil. Temos centenas de outras prioridades para investir os zilhões que nos tomam na marra em impostos.