Artigo
Pela liberdade de expressão: Indignai-vos
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
Outro dia, no Planeta Twitter, uma jovem perguntou a três experimentados jornalistas se sabiam o que era semiótica, insinuando com uma definição que decorara na sala de aula, um argumento para defender o abominável “controle social da mídia”.
Ora, a semiótica – fenômeno de Comunicação com linguagem de sub-recepção –, presumivelmente tem a capacidade de impor idéias, mas isso nada tem a ver com o jornalismo que defendemos.
Os detentores dos meios de comunicação podem até querer intervir na divulgação das notícias; mas, repito sempre que a defesa da liberdade de imprensa que faço não é a defesa da ‘liberdade de empresa’. A minha luta é a preservação do direito de informação, o pão de cada dia do espírito.
Quase no mesmo dia da provocação tuiteira, li em Roberto Twiaschor a citação do pensador francês Jean-Pierre Faye (‘O Século das Ideologias’), e sua análise do discurso totalitário, mostrando a troca e a circulação das palavras de forma ideológica. Em resumo, mostrando que os termos do discurso político da ‘direita’ não raro integram falas e textos da ‘esquerda’.
O filósofo (e linguísta) francês não sabe o que é ‘direita’ e ‘esquerda’ no Brasil… A terminologia consagrada na Revolução Francesa nunca chegou até nós: Aqui, a ‘direita’ defende as liberdades civis, enquanto a ‘esquerda’ é autoritária…
Evidentemente, aqui a ‘direita’ não é direita, e a ‘esquerda’ não é esquerda. São apenas rótulos. Quem imagina os stalinistas da fração dirigente do PT serem ‘de esquerda’? De que maneira classificaríamos o sociólogo Fernando Henrique Cardozo como ‘de direita’?
Quem tiver tais dúvidas, como eu, e se interessam pela Política (com “P” maiúsculo), é recomendável a leitura do livro “Indignai-vos”, de Stéphane Hessel, judeu que participou da resistência francesa contra o nazismo e sobreviveu aos campos de concentração. Este livro inspirou o movimento “Ocupe Wall Street”.
É a qualidade de se indignar que falta à sociedade brasileira quando a fração totalitária do partido que ocupa o poder defende o ‘controle social da mídia’, eufemismo para impor a censura, contra a liberdade de expressão consagrada na Constituição.
Enalteço a indignação por saber que o que a pelegagem do lulo-petista quer é, na realidade, esconder as coisas erradas do seu governo denunciadas diuturnamente, sua notória incompetência e rotineira corrupção, nascidas do populismo irresponsável.
Eu não perderei tempo nem gastarei papel para escrever sobre o retorno dos corruptos varridos na falsa faxina da presidente Dilma; mas não posso ficar calado com a criação do 39º ministério, entre tantos órgãos idênticos que empanturram a administração federal.
De olho na reeleição, em 2014, Dilma encarnou de verdade o ‘vale-tudo’ disposta a ‘fazer o diabo’. Faça-o, mas sem usar a coisa pública com objetivo eleitoral, ferindo os mais comezinhos princípios da ética e da moral.
O PT-governo já possui 38 ministérios na maioria inoperantes e/ou destinados a arrecadar dinheiro para investimentos político-partidários, quando não para enriquecer pessoas e grupos. Este 39º é o pagamento de uma dívida de campanha, pelo apoio conchavado na eleição do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. A fatura dessa extravagância, a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, vai para o PSD, partido criado pelo oportunismo do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab.
É para impedir que se informe e se combata coisas dessa natureza que o PT quer calar a imprensa, ressuscitando antiga resolução partidária, repudiada até pela presidente Dilma e seu ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Fazem os lulo-petistas ataques às famílias proprietárias de jornais, e reclamam do que rotulam ‘concentração oligopolista da mídia’.
Nada mais cretino do que isso. Evidentemente, os alvos principais das críticas são as organizações Globo e a revista ‘Veja’, da Editora Abril. Quem assiste à ‘TV-Globo’ e folheia a ‘Veja’, sem os olhos do fanatismo fascista, constata a multiplicidade de informação e opinião destes veículos.
Na verdade, os neo-censores desejam importar para o Brasil o modelo do jornal cubano Granma, triste exemplo da degenerescência de um regime que nasceu do idealismo e apodreceu com o totalitarismo personalista de Fidel Castro.
Os brasileiros não suportaremos uma imprensa uniforme e unissonante para defender eventuais ocupantes do poder. Resistimos à ditadura justamente pelo amor à Liberdade, bem definida na herança de Millôr Fernandes: “Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.
Amigo!…muito bom o artigo, concordo plenamente com vc…já dizia minha avó “Ame a Liberdade e seja Feliz” abs.
Indignada amigo, e o povo dorme apenas ! bjs
Hauhaiah. Os petistas atacando os oligarcas do poder. Seria piada, não fosse nojento. E o Sarney e o quê? E o Collor? Nojentos.
Digo: os oligarcas da comunicação.
Caro Miranda Sá: artigo que deveria constar dos Anais da recolhida ABI, até para que reassuma seu importante papel na Sociedade Brasileira! Um primor de artigo, na sua estatura de Jornalista del letra Maiúscula ! Sua. Indignação as soluções fisiológicas infelizmente , pratica utilizada pelos locadores da Esplanada,viabilizam -se pelo comodismo de nossa gente! Parabenizo-o pelo artigo e auguro que alcancemos esses postulados ! Encerrando abraço-o com o carinho e o respeito que o temos ! Markito