Artigo
O vale-tudo do PT-governo para salvar Palocci
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
Outro dia escrevi que acabara a Lua de Mel da presidente Dilma Rousseff com o eleitorado, embora alguns setores da mídia mantivessem a presunção de mudanças para melhor, em relação ao seu antecessor. Agora, parece, jornalistas e jornais estão se reencontrando com a realidade, recortando o perfil da Presidente do marketing, do mito e do faz-de-conta.
A tal ponto isto é uma verdade que o Planalto tomou a iniciativa de chamar o jornalista Franklin Martins, esperto em mídia, amansador de feras e subornador de domadores.
Três vertentes da afloração do desgaste contínuo de Dilma darão muito trabalho ao “bruxo”, mesmo em pleno uso da varinha de condão do poder, que espalha em todas as direções benesses, lucros e sinecuras.
São três frentes de combate. O caso Palocci de dificílima defesa; o ensaio de autonomia da base de apoio ao governo e a presença do “ex” Lula da Silva ensaiando assumir o comando do PT-governo debilitado.
Uma das interfaces do enfraquecimento de Dilma é, indiscutivelmente, a situação criada pela rápida e inexplicada multiplicação do patrimônio de Palocci, que acumulou mais de R$ 20 milhões em menos de quatro anos. O outro motivo foi a derrota acachapante e vergonhosa na votação do Código Florestal, numa assembléia em que teoricamente o governo tem ampla maioria.
O terceiro alvo a ser atingido para salvação de Dilma é o reaparecimento na cena política do seu criador, Lula da Silva, disposto ao jogo rasteiro, com truques sujos de caluniar e atribuir as denúncias de corrupção à oposição, mesmo desvalida como está.
Para salvar a Presidente e a sua administração desses males, não basta emudecer o Ministério Público e imobilizar a Polícia Federal, como faz o ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça; ou ceder nas questões de princípio, escamoteando o kit anti-homofobia do MEC.
Dá ainda menos certo adular detentores de mandatos com dádivas e donativos, porque os parlamentares expostos no balcão de venda das consciências são insaciáveis.
Diante disso, o que fazer? Se realmente Dilma não está apenas reservando a cadeira presidencial para Lula, se tem a personalidade que lhe atribuíram na campanha eleitoral, deve ouvir a voz rouca das ruas. O povo – acima dos partidos – quer explicações concretas sobre o crescimento duvidoso do patrimônio de Palocci.
Pela defesa desusada, a blindagem que comporta o vale-tudo do governo, as suspeitas vão num crescendo que proporcionam uma mutação para o escândalo. Há um ditado que reza “não se pode tapar o sol com uma peneira” e é o que estamos assistindo.
Não adianta a mobilização imperial da Polícia Federal, da Receita e do Conselho de Ética, nem tampouco intervir no Congresso barrando CPIs e esvaziando as comissões ordinárias da Câmara e do Senado.
As medidas de contenção fazem a Presidente refém de um esquema maléfico, submetendo-se a Lula, ao partido e, fatalmente, aos 300 e tantos picaretas do Congresso Nacional.
Para libertar-se, não tem escapatória: pelo raciocínio lógico, se Palocci nada tem a temer e pode comprovar a honestidade da sua evolução patrimonial que o faça. Ele deve mostrar que é íntegro e digno de ocupar o relevante cargo de confiança que ocupa no Governo.
O clamor popular é superior às dissonantes vozes dos governadores puxa-sacos, dos aparelhados ocupantes dos cargos de confiança, dos tentáculos partidários na sociedade civil, CUT, Força Sindical, MST, UNE e a variedade camaleônica de ONGs e similares.
As frações cooptadas pelo PT através de verbas governamentais, não conseguirão impor a “paz de cemitério” tão desejada pelos totalitários. O exemplo está nas Redes Sociais, onde a revolta se irradia penetrando nos corações e mentes dos patriotas.
Não será a farta propaganda governamental e a inconseqüente distribuição de subornos através de bolsas e empregos que engessarão o povo e apagarão o fulgor do espírito nacional.
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