Artigo
Chocante parceria de Lula e CBF
MIRANDA SÁ, jornalista
E-mail: mirandasa@uol.com.br
É impressionante a ascensão da pelegagem no aparelho de Estado. Muito pior do que assistirmos a infiltração dos pelegos nos cargos de governo é a distribuição perversa de todos os postos de mando da sociedade civil organizada com essa gente oportunista e sempre suspeita de não agir corretamente no exercício do poder. E o presidente Lula da Silva deve ser cobrado pela parceria feita com a CBF de Ricardo Teixeira, cuja ficha sócio-política não é respeitável.
Pelo menos é o que registra a crônica esportiva, analisando a estrutura organizada do futebol profissional no Brasil e ainda mais, o levantamento de malfeitos no setor refletidos no caso Corinthians e MSI e mais, as suspeitas perdas de verbas públicas no planejamento, preparo e destino final das obras realizadas para os Jogos Panamericanos, o popular PAN.
Pois bem, fica difícil a gente aplaudir – na festa nacional da conquista pelo Brasil de sediar o Mundial de Futebol – a ascensão de Teixeira, mandando e desmandando, bajulado por governadores e parlamentares sob o olhar cúmplice do Presidente da República.
Já cognominado de “Imperador” pelos críticos da pelegagem que mantém na CBF, Ricardo Teixeira está mais arrogante do que nunca, como a tele-audiência viu e ouviu na primeira entrevista dada por ele após a decisão da Fifa. Decisão, aliás, que não surpreendeu ninguém. Um fato consumado escondido para permitir a festança das viagens do Presidente e dos governadores à Suíça à custa do dinheiro público.
Diante dos repórteres e frente às câmeras de televisão ninguém esconde seus sentimentos. A mentira é traída pela expressão; a falsidade é espelhada em trejeitos; e, o que é omitido, emerge a luz dos refletores. Assim, na entrevista Teixeira não escondeu a prepotência e o trato discriminatório com alguns órgãos de imprensa. Para um repórter canadense que lhe perguntou sobre a violência no Brasil, disse que se trata de um problema internacional e foi provocador gratuito com os EUA, lembrando os tiroteios nas escolas americanas; afirmando cinicamente que aqui não ocorre isso. Sabemos que acontece, matando e mutilando centenas de jovens.
Sob o tema, alegou a paz do PAN… Falou que “Não tivemos nenhum acontecimento no Rio de Janeiro. Tivemos uma Força que não permitiu que tivéssemos violência contra ninguém no Pan”. Se é que se referiu à Força Nacional, omitiu a mobilização geral das Forças Armadas, com contingentes do Exército, Marinha e Aeronáutica se juntando às polícias, civil e militar, do Estado do Rio de Janeiro. Esqueceu-se também de dizer que um dia após o encerramento dos jogos houve um massacre no Morro Santa Marta…
Desprezando com prepotência a violência nas grandes cidades brasileiras, apoiando-se no sócio Joseph Blatter, presidente da Fifa, escarneceu da grande figura do futebol mundial que é Pelé. Quando lhe indagaram sobre a ausência do “Rei”, respondeu com desdém: “Eu não sei onde o Pelé está. Sei que chamei dois jogadores que foram destaque durante minha passagem na CBF: Dunga e Romário”, disse. Dunga seu atual cachorrinho de estimação e Romário a quem se referiu dizendo que “foi um grande jogador”. Até nisso mentiu. Romário não foi, “é”.
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