Arthur da Távola

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Autismo


O tédio que não revelo

resvala e vala na taquicardia

do sorriso emoliente

em minha ativa participação.

A morte, amiga de infância,

palpita vida na força do meu viver.

Sou segredos, dons, acasos e órfão,

silenciados em músicas e pickles.

Meu menino, a cirurgia, aquele cão, o não,

a morte do pai e minha irmã

moram anônimos

no quarto e sala da alma.

Falo o que calo

sinto o que guardo

sob outro eu igual ao mim

bem melhor, porém.

Mas autista.

O sexo implícito, o tesão abissal,

a gula mamada,

a timidez flatulenta,

jazem no fundo do meu mar.

Escafandro-me, debalde.

Calo constatações,

blasono brilhos

suicido sonhos,

calafrio-me a colher náuseas

e navego fés esperançosas.

Sou sem teto de onde salto

para o chão do não ser.

Minha blandícia

quem acarinhará?



Arthur da Távola


Leia aqui a biografia do poeta.

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