Ao Debate (2):
Peleguismo ressurgente
O que mais marcou a trajetória do sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, que começou a se transformar em liderança política nacional no começo dos anos 1980 – especialmente depois de famosa entrevista no programa Vox Populi da TV Cultura -, foi, de um lado, sua independência em relação aos partidos de esquerda (especialmente o Partidão, como chamavam o Partido Comunista Brasileiro – PCB) que exerciam forte influência sobre os principais sindicatos obreiros do País, e, de outro lado, sua disposição de não obedecer à cartilha da atrelagem – política, financeira e burocrática – ao Estado, fugindo assim aos rançosos padrões do velho peleguismo getulista, que transacionava reivindicações de trabalhadores com favores de governo.
Desde então Lula e seus seguidores – mais tarde fundadores do Partido dos Trabalhadores – deram nova feição ao sindicalismo brasileiro, libertando-o dos vícios crônicos que herdara do estadonovismo. Mas parece que, com o decorrer do tempo – e a formidável expansão da carreira política do ex-líder metalúrgico de São Bernardo -, certos princípios foram entrando no limbo da acomodação, quando não inteiramente esquecidos. Por onde andará, por exemplo, o projeto que tinha Luiz Inácio Lula da Silva de acabar com o Imposto Sindical? Em lugar disso o presidente Lula se dispõe a criar – ou fortalecer – conexões do sindicalismo com o Estado, propiciando a pior das dependências para as entidades de classe, a saber, a que as faz sobreviver com recursos públicos, generosamente distribuídos pelo governo. É o peleguismo que ressurge pelas mãos de quem surgiu na vida pública como seu exterminador. (Agência Estado)
OPINIÃO: Sindicatos não há mais… Entretanto “centrais”, “confederações” e “federações” lotadas de pelegos, proliferam. São monstros sem pés, edifícios sem base, bandeiras sem mastro, pois lhes falta o apoio efetivo das categorias que dizem representar, porque falta os trabalhadores não mais confiam nos que se impõem burocraticamente como “líderes”. Mas o Pelego-Mor, guindado à Presidência por um estelionato eleitoral e mantido pelo jogo sujo da compra de consciências com esmolas, e pela cooptação dos movimentos popular, sindical e estudantil com verbas a fundo perdido, destina R$50 milhões para as “centrais de arrumação” que estão mais para trampolins de elevação política e social do que uma representação do proletariado. MIRANDA SÁ
Comentários Recentes