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É com prazer que trazemos um lúcido comentário do professor Belchior Vasconcelos para apreciação dos nossos leitores. Belchior depõe sobre a realidade brasileira com espírito crítico e destemor, conforme veremos:

A Reforma Política de Macunaíma

Os últimos acontecimentos na conjuntura política não contribuem para a auto-estima da Nacão. As denúcias de corrupção e o cinismo da classe dirigente minam o Estado democrático. Como Godot continuamos a esperar, não sabemos o quê: a esperança é a última que morre, esperemos que não seja antes da gente.

A sorte está lançada, aposta-se na reforma política como bâlsamo para todas as mazelas que vivenciam a nossa gente. A classe dirigente, não digo elite, pois elite significa o melhor, e os nossos dirigentes, quando muito, são os mais sabidos, espertos, enxergam apenas o seus próprios umbigos, estão longe de ser melhores, tudo é relativo, a verdade é a correlação de forças, o objetivo é se manter no poder.

O Brasil é expert em legislação, as melhores do mundo são elaboradas por nós, como também os meandros para desrespeitá-las, por isso, acredito que precisamos de uma única reforma, é a do caráter dos políticos em sua grande maioria. Lei não nos falta é preciso ser cumprida, a impunidade está deteriorando a sociedade brasileira, estamos vivendo num estado de abulia.

Mas diante desse quadro o que fazer? Lênin diz: “Não há problema que se apresente à Humanidade que o homem não resolva”. Afinal, viver é lutar, e a vida é luta renhida que só aos fracos abate, como diz Gonçalves Dias na Canção do Exílio. “Navegar é preciso”.

As propostas apresentadas para a reforma política serão de pouca serventia, na prática elas já existem. O financiamento público de campanha quem banca é o contribuinte, os doadores apenas adiantam, recebendo abatimento no imposto de renda, o que mais tarde será retribuido com obras públicas. As listas fechadas são praticadas há muito tempo. Quem desconhce os chamados chapões, perpetuando reeleições dos que detêm a burocracia partidária?

A reforma que estamos a precisar é a do caráter dos nossos políticos. Não me venham dizer que são corruptos porque o sistema favorece, o sistema não tem nada com sua índole deletéria, nem tão pouco vamos atribuir a culpa ao eleitor. È preciso dar alguns passos, afinal, a História se constrói em cima de suas contradições. Mas que o Brasil dói,dói.

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