Artigo
Greves de trabalhadores no PAC amazônico
MIRANDA SÁ, e-mail: mirandasa @uol.com.br
Insisti durante mais de uma semana no Twitter, alertando para a revolta e ação de trabalhadores nas obras do PAC, principalmente em Rondônia, nas usinas de Jirau e Santo Antônio. O feed-back foi quase nada; umas 10 pessoas me retuitaram e uma meia dúzia de três ou quatro comentaram.
O problema, porém, foi sério. Tanto que levou o Planalto – e a presidente Dilma pessoalmente – a discutir o assunto com a Casa Civil, Ministério do Trabalho e os pelegos das centrais sindicais, procurando uma saída.
Não é preciso ir muito longe para encontrar a solução, apenas o cumprimento dos contratos de trabalho: salários dignos e pagos em dia, garantir as provisões e até banheiros para as mulheres (um dos pontos de reivindicações).
Os trabalhadores apresentaram uma pauta de exigências e acho que entre elas, pedem o afastamento dos “comissários sindicalistas” que chegam de avião e circulam em carros oficiais exibindo a arrogância de capatazes.
Essa participação do comissariado lulo-peleguista foi descrita com esmero de repórter pelo jornalista Élio Gaspari na Folha de São Paulo de domingo, descrevendo inclusive o discurso de patrão do representante da CUT, argumentando que o “PAC” não podia ser sabotado por trabalhadores.
As lutas trabalhistas não se circunscreveram à Amazônia. Como os ares libertários do mundo islâmico, chegaram a Pernambuco, Ceará e até em Campinas (SP), e no Norte do Rio de Janeiro.
.É a ressurreição do operariado, anestesiado pela pelegagem, e começa com o povo da floresta, contra as arbitrariedades e exploração patronal das grandes empreiteiras que assumiram as construções do PAC.
Em Rondônia, respondendo à violência policial, os peões incendiaram 45 ônibus, o barracão e os dormitórios no Jirau, e depredações significativas em Santo Antônio. Conforme o noticiário (escondido das primeiras páginas) 80 mil trabalhadores fizeram greve, sem articulações sindicais ou influência política; é um movimento espontâneo da massa. A greve atingiu inesperadamente as empresas e o governo, levando o Planalto a improvisar a intervenção da Força Nacional de Segurança.
A consciência política despertada sem a intervenção dos pelegos sindicais que controlam a organização “oficial” dos trabalhadores, obrigam as empreiteiras a cumprir suas obrigações e o governo a zelar pelas relações trabalhistas.
O caboclo amazônico é passivo até certo ponto. Os nordestinos também; mas são como um elástico que você estica e, em determinada extensão arrebenta. E uma ruptura social anárquica, não interessa a ninguém neste momento, nem aos operários, nem à população civil, nem para o regime democrático.
Chamei a importância desta situação pelo Twitter, repito, acreditando que a Rede Social se movimentasse. Talvez uns cem camaradas se ligaram. Torço para que os tuiteiros despertem como a peãozada do PAC, e se levante contra a incompetência governamental e a insolência dos pelegos no poder.
Em breve teremos novos sindicatos, para brigar com esses sindicatos existentes (e vendidos), que nada mais são do que advogados do diabo.
2ª feira publicarei um artigo sobre o sindicalismo n’ O Jornal de Hoje, Natal (RN). Reproduzirei no Blog e chamarei pelo Twitter. Espero os seus comentários e críticas. Obdo.