A mulher como pretexto
E continuam as celebrações pelo Dia Internacional da Mulher, a data mais machista do calendário mundial.
É uma espécie de migalha moral concedida às mulheres, que são a maioria da raça humana e a graça do mundo, e em todo dia 8 de março ganham status de mico leão dourado. Mas pode ser pior.
Na seqüência dessa homenagem melancólica, surge o escárnio. Em discurso meio galante, meio canastrão, Lula avisa que vai criar um ministério para os direitos da mulher. Seria uma piada, se o país não estivesse às portas da recessão e o governo não tivesse o ministério mais inchado da história.
Ah, sim: a nova pasta será comandada por Nilcéia Freire, aquela do cartão corporativo.
É claro que a celebração serviu também para Dilma Rousseff declarar que está na hora de uma mulher presidir o Brasil. É o oportunismo de batom.
Mas o ponto alto da feminilidade hipócrita ocorreu no Ministério da Agricultura, invadido por centenas de mulheres recrutadas pelo MST. Uma demonstração inequívoca e definitiva de que a estupidez também pode ser cor-de-rosa.
Um dia as mulheres gritaram pelo direito ao voto, ao trabalho e ao prazer. Está na hora de gritarem contra a prostituição da sua causa. Esse 8 de março não vale meio sutiã queimado.
Guilherme Fiúza, jornalista
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