Artigo publicado n’ O JORNAL DE HOJE de 2ª feira

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Ordem, progresso, e bandidagem eleitoral

MIRANDA SÁ, jornalista
E-mail: mirandasa@uol.com.br

Os políticos brasileiros – em sua maioria – adotam como regra a corrupção por base, a desconfiança por meio e a impunidade por fim. É a versão degenerada e vigente do preceito positivista que inspirou o dístico da Bandeira Nacional.

Quando Augusto Comte falava do “amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”, inspirando as aulas de republicanismo de Benjamim Constante e entusiasmando a juventude militar, nos fins do século XIX, o futuro do Brasil era radioso.

Mas o futuro chegou depravado e corrompido pela chusma de pelegos declassés que tomaram o poder por um estelionato eleitoral, e mantém blindado seu chefe Lula da Silva através de astúcias assembleístas e estratagemas sindicais para submeter às maiorias pelas minorias.

Com astúcia, estruturaram uma máquina político-eleitoral e lubrificam-na com o aparelhamento do governo e verbas públicas repassadas a organizações fajutas, muitas delas criminosas; e desse jeito acreditam que conservarão o poder por mais tempo.

Seu erro – ou seria excesso de autoconfiança? – é o culto da personalidade de Lula da Silva. Como a prática stalinista que abastardou o socialismo na finada União Soviética, o lulismo-petismo está criando os germens da sua própria destruição, porque Lula é um só e os seus votos são intransferíveis.

Já vem se provando nas capitais mais populosas que os candidatos da base governista estão sendo superados por pessoas independentes ou de oposição. Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza e Recife são os melhores exemplos disso.

Assim, sem os votos do Presidente, os pelegos não se elegerão, mesmo montando currais eleitorais com base do programa Bolsa Família, verbas a fundo perdido do PAC ou intervenção descarada do crime organizado como ocorre nas favelas do Rio de Janeiro.

As máfias da burocracia estatal russa e de outros países surgidos com o esfacelamento da URSS ocuparam o poder e se mantêm nele numa seqüência de reeleições. Mas lá na sonhada e realisticamente corrompida “pátria do socialismo”, a democracia só existia no papel. Liberdade, só nas constituições jamais respeitadas pelos ditadores e subditadores.

Aqui, também, o lulismo-petismo trama o golpe da re-reeleição para acomodar um terceiro mandato inconstitucional e abusivo. Pensam os pelegos em enviar ao Congresso uma emenda constitucional e obter o apoio dos 300 picaretas que Lula denunciava antes de trair as idéias que influenciaram a criação do PT.

Em minha opinião será difícil esta nova marcha sobre Brasília. Não tenho ilusões de que a democracia está consolidada, assisto a desmoralização crescente das instituições pelos quadrilheiros políticos e o crime organizado, mas confio na intelligentsia brasileira.

Esperemos o resultado das eleições onde os caciques estão sendo desprezados e se vê a influência de cabeças pensantes na opinião pública. Aos poucos, vão se derrubando os currais eleitorais e minimizando a influência dos “chefes”.

A intelectualidade deste país tem muita responsabilidade sobre isso, movida pelo seu amor à liberdade. A liberdade é o antídoto contra as oligarquias de família, de um mesmo partido ou de classe, e corre nas veias da mestiçagem sublime que perfila a imagem do nosso povo.

É por isso que acredito na ação voluntária dos tribunais superiores, principalmente do TSE, para impedir o acionamento dos aparelhos eleitorais oficiosos que criminosamente querem vencer as próximas eleições municipais e abrir caminho para o golpe continuísta.

O ponto a que chegou a aliança dos pelegos com os corruptos não deve continuar. Veja-se a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro e a Câmara de Vereadores de Natal, majoritariamente dominadas por devassos. São máquinas que precisam ser desmontadas para o bem do povo e felicidade geral da Nação.

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