Inflação – Miriam Leitão comenta
Aumento do crédito acende luz amarela no BC
O Banco Central divulgou relatório sobre a situação do crédito no Brasil em junho (leiam aqui no Globo Online). O percentual de dinheiro disponível para empréstimos subiu, a inadimplência caiu, mas os juros se elevaram. E o que isso tudo quer dizer?
Para os consumidores, a notícia é boa, mas para o BC, pode-se dizer que a luz amarela foi acesa.
Segundo o vice-presidente da Anefac, Miguel de Oliveira, os indicadores são positivos para as famílias porque mostram que há mais dinheiro disponível para o consumo e, apesar da alta dos juros, menos inadimplência.
– Os prazos para os financiamentos estão maiores e isso faz com que cada parcela da prestação fique menor. Então, com a estabilidade nos empregos, os consumidores estão conseguindo pagar as contas, mesmo com juros mais elevados. Além disso, os bancos estão mais seletivos e rigorosos nos empréstimos, por isso não há risco de alta forte na inadimplência nos próximos meses – apostou.
Porém, para o BC, isso significa que os dois aumentos na taxa de juros de 0,5 pontos percentuais, em abril e junho, ainda não surtiram o efeito de conter o crédito no país (a alta de 0,75 pontos da última quarta-feira ainda não foi contabilizada pela pesquisa). Um dos objetivos do BC para conter a alta da inflação é justamente retirar dinheiro disponível na economia para frear o consumo e aliviar a pressão da demanda.
O relatório que será divulgado sobre o mês de julho, então, será decisivo para o BC. Nesse mês, o resultado do aperto maior nos juros será avaliado. Caso o panorama continue o mesmo, diz Oliveira, a solução será baixar uma portaria para conter os prazos dos financiamentos ou elevar compulsórios, que já estão bastante altos.
– A outra opção é muito remota, que seria dar uma pancada forte de alta nos juros para provocar uma desaceleração na economia e aumentar o desemprego. Não acredito que isso será feito. O BC ainda tem a chance de ver uma redução espontânea da inflação que tem como origem os altos preços das commodities internacionais – explicou.
O que pode ajudar o BC é que com o aumento do crédito, a alta dos juros acaba tendo também um efeito mais rápido. Isso porque mais consumidores terão uma parte maior da suas rendas comprometidas com pagamento de financiamentos. É o que os economistas dizem: “o canal de transmissão da política monetária fica mais forte”.
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