Poesia
Soneto extraído do “Dom Quixote de La Mancha”
Da umbrosa noite no silêncio, quando
meigo sono refaz os mais viventes,
só eu vou meus martírios inclementes
aos céus e à minha Chioris numerando.
Quando o dia os seus raios vem mostrando
dentre as rosas da aurora, auriesplendentes,
com suspiros e lástimas ferventes
vou as teimosas queixas renovando.
Se doira o sol a prumo o térreo assento,
não me dissipa as trevas da agonia;
dobra-me o pranto, aumenta-me os gemidos.
Volve a noite, e eu com ela ao meu lamento.
Ai! que sorte! Implorar de noite e dia,
ao céu piedade, e à minha ingrata ouvidos.
MIGUEL DE CERVANTES SAAVEDRA
(Trad. dos Viscondes de Castilho e de Azevedo)
O Poeta
Miguel de Cervantes Saavedra foi um importante poeta, dramaturgo e novelista espanhol. Nasceu em 29 de setembro de 1547 (data suposta) na cidade espanhola de Alcalá de Henares.
Cervantes morreu na cidade de Madri, em 22 de abril de 1616. Considerado um dos maiores escritores da literatura espanhola, destacou-se pela novela, mundialmente conhecida, Dom Quixote de La Mancha.
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