Satiagraha
Protogenes: “Juiz e procurador sabiam
da atuação ‘não formal’ da Abin”
Na noite de 12 de setembro de 2008, o delegado Protógenes Queiroz compareceu espontaneamente à Procuradoria da República no Distrito Federal. Às 19h45, prestou um depoimento formal. Ouviram-no três procuradores: Gustavo Peçanha, Lívia Nascimento Tinôco e Vinícius Fernando Alves Fermino. Àquela altura, Protógenes já havia sido afastado do comando da Satiagraha, operação que levara Daniel Dantas à prisão.
A trinca de procuradores abrira uma investigação criminal para apurar supostos desvios de conduta cometidos na ação policial.
A apuração do Ministério Público corre sob o número 2008.34.00.028228-0. Deve-se ao repórter da Folha de São Paulo, Expedito Filho, a revelação do conteúdo do depoimento de Protógenes.
1. O delegado confirmou que se serviu do auxílio de espiões da Abin. Dois ou três, disseram as autoridades no ano passado. Mais de 80, a correição da PF descobriria depois. No depoimento aos procuradores Gustavo Peçanha, Lívia Tinôco e Vinícius Fermino o delegado fez uma outra revelação incômoda. Disse que o juiz Fausto de Sanctis e o procurador Rodrigo de Grandis, que atuam na Satiagraha, tinham conhecimento da participação da legião da Abin no caso.
2. A afirmação de Protógenes é desconfortável porque De Sanctis e De Grandis haviam atestado publicamente que não foram cientificados acerca das ações da Abin. Ouça-se o que dissera o Juiz num depoimento à CPI do Grampo, em agosto do ano passado:
“Sobre a participação da Abin, eu também não tenho como responder, é fato concreto. Isso vai chegar provavelmente ao meu conhecimento. Se isso tudo é verdade, vou ter de apreciar futuramente”.
3. O Procurador soara ainda mais taxativo ao ser indagado por repórteres sobre o tema no ano passado: “Não, eu não sabia”. Alguém está mentindo. Fica-se com a óbvia sensação de que alguém está mentindo. Reconvocado para prestar depoimento à CPI da Câmara, Protógenes talvez se anime a iluminar o mistério.
Por uma dessas coincidências do destino, o depoimento foi marcado para 1º de abril, o Dia da Mentira.
FolhaOnline
O delgado Protógenes fará seu depoimento no Congresso, dia primeiro de abril e promete dar nome aos bois. Estou curioso para conhecer os ruminantes e se a manada for de peso, sugiro que o dia da mentira seja comemorado , pelo menos no Brasil, em outra data. Que tal sete de setembro?