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O bandido é inocente

Nelson Jobim, o advogado de José Dirceu na presidência do Supremo, agora é advogado do bispo Crivella no comando das Forças Armadas. Só não podem acusá-lo de falta de versatilidade.
O Brasil está nessa conjunção histórica: a República mobiliza o Exército, em nome da segurança dos cidadãos, para proteger um projeto eleitoral de um candidato a prefeito na favela. O político que merece toda essa força-tarefa é um pregador afilhado do vice-presidente da República, que dizem ser a nova elite empresarial.

Essa aliança sindical-pentecostal-subempresarial é a cara do Brasil de hoje. Só faltava mesmo o manto do sub-virtuoso Jobim, o lavador-geral de reputações.
É claro que o debate está centralizado na punição aos militares que entregaram os jovens inocentes à barbárie dos traficantes do morro da Mineira – rival do morro da Providência, onde está o conclave republicano pró-bispo. Infelizmente, a conduta covarde desses membros do Exército brasileiro é o menor absurdo desse enredo. Barra pesada.

Os traficantes da mineira que executaram a carnificina, por exemplo, foram esquecidos. A polícia não tem nem pista deles, e os indiguinaldos também parecem não estar nem aí para os assassinos. Talvez a patente de traficante já garanta hoje em dia uma espécie de salvo conduto em matéria de direitos humanos. Os facínoras estão, por assim dizer, no papel deles.
Lula e seu evangelho populista também parecem ter habeas corpus preventivo para negociatas eleitorais. Punam-se, então, os soldados.

Fonte: Guilherme Fiúza, jornalista

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