Wallace Stevens

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O REI DO SORVETE


 

Chame o enrolador de grandes charutos,

Aquele dobrado, e diga-lhe que bata

Os coalhos concupiscentes nas xícaras da cozinha.

Que as gurias zaranzem nos vestidos

Habituais, e os rapazes tragam flores

Em cartuchos de jornais do mês passados.

Que ser seja o final de parecer.

Só há um rei e esse é o rei do sorvete.

 

Tire da cômoda de pinho,

Que já perdeu três puxadores de vidro, aquele lençol

Que ela bordou um dia com caudas de pavão

E estenda-o de modo a cobrir-lhe o rosto.

Se um pé unhudo sair para fora, é

Para mostrar como ela está fria, como está muda.

Que a lâmpada afixe o seu filete.

Só há um rei e este é o rei do sorvete.

 

(tradução de Décio Pignatari)


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