Poesia
Quando em teu colo deitei a cabeça
Quando em teu colo deitei a cabeça, meu camarada,
a confissão que fiz eu reafirmo,
o que eu te disse e a céu aberto
eu reafirmo: sei bem que sou inquieto
e deixo os outros também assim,
eu sei que minhas palavras são armas
carregadas de perigo e de morte,
pois eu enfrento a paz e a segurança
e as leis mais enraizadas
para as desenraizar,
e por me haverem todos rejeitado
mais resoluto sou
do que jamais poderia chegar a ser
se todos me aceitassem,
eu não respeito e nunca respeitei
experiência, conveniência,
nem maiorias, nem o ridículo,
e a ameaça do que chamam de inferno
para mim nada é, ou muito pouco,
meu camarada querido: eu confesso
que o incitei a ir em frente comigo
e que ainda o incito sem a mínima idéia
de qual venha a ser o nosso destino
ou se vamos sair vitoriosos
ou totalmente sufocados e vencidos.
Walt Whitman
O Poeta
Walt Whitman (1819-1892) nasceu perto de Huntington, Long Island, às portas de Nova York, numa modesta cabana revestida de ardósias cinzentas. Passou a maior parte da infância no Brooklyn.
Aos 20 anos tinha aprendido a arte de impressor, ensinava numa escola de meninos, e fundava um jornal – que ele mesmo escrevia, imprimia e distribuía. Nos nove anos seguintes, trabalhou ora na direção de diversos jornais, ora na redação. Nos dois últimos anos desse primeiro período de sua vida ativa, foi diretor de um diário do Brooklyn, o Eagle.
Enquanto trabalhava nesses periódicos, escreveu um ou dois poemetos sentimentais. Mas até a idade de 29 anos, nunca lhe ocorreu a idéia de escrever poemas. Descoberto o gênio, passou a ser considerado o poeta da democracia, desfez-se da gravata e envergou para sempre e todas as circunstâncias o traje cotidiano do operário comum. Quando Whitman se expressava, era a voz de todos os trabalhadores da América que falava através dele.
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