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Manoel de Barros

Deus disse

Deus disse: Vou ajeitar a você um dom:
Vou pertencer você para uma árvore.
E pertenceu-me.
Escuto o perfume dos rios.
Sei que a voz das águas tem sotaque azul.
Sei botar cílio nos silêncios.
Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.

Machado de Assis

O VERME

Existe uma flor que encerra

Celeste orvalho e perfume.

Plantou-a em fecunda terra

Mão benéfica de um nume.

Um verme asqueroso e feio,

Gerado em lodo mortal,

Busca esta flor virginal

E vai dormir-lhe no seio.

Morde, sangra, rasga e mina,

Suga-lhe a vida e o alento;

A flor o cálix inclina;

As folhas, leva-as o vento.

Depois, nem resta o perfume

Nos ares da solidão…

Esta flor é o coração,

Aquele verme o ciúme.

(Falenas – 1870)

Veja mais sobre “Poemas de Machado de Assis” em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/poemas-machado-assis.htm

Ariano Suassuna

O mundo do sertão

Diante de mim, as malhas amarelas
do mundo, Onça castanha e destemida.
No campo rubro, a Asma azul da vida
à cruz do Azul, o Mal se desmantela.

Mas a Prata sem sol destas moedas
perturba a Cruz e as Rosas mal perdidas;
e a Marca negra esquerda inesquecida
corta a Prata das folhas e fivelas.

E enquanto o Fogo clama a Pedra rija,
que até o fim, serei desnorteado,
que até no Pardo o cego desespera,

o Cavalo castanho, na cornija,
tenha alçar-se, nas asas, ao Sagrado,
ladrando entre as Esfinges e a Pantera.

DOS SISTEMAS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Surpreendeu-me encontrar entre as mensagens que recebo, oito delas pedindo uma resposta pelas minhas inúmeras citações sobre “Sistema Corrupto” nos artigos que venho publicando.

“Sistema”, sem adjetivação, é definido nos dicionários como um conjunto de elementos inter-relacionados e interdependentes agindo na mesma direção para conquistar um objetivo comum. Explicá-lo sofreu uma busca antiga, vem dos Vedas orientais até chegar a Kant ou Hegel, vindos nos ombros dos gigantes Platão e Aristóteles que filosofaram sobre o “todo” que se sobrepõe às partes comprometidas.

Traduzindo esta procura pela explicação dos sistemas, encontramos uma organização, “um todo”, em que a ação é superior à soma dos elementos particulares. No século18 o pensamento iluminista concluiu que a Natureza é um sistema, “um todo” fracionado com partes interdependentes, mas perfeitamente sincronizadas num concerto harmônico.

Assim surgiu a teoria da Interdependência, propondo que nenhum elemento de um Sistema funcione isoladamente, seja na organização ou no planejamento. Baseados neste postulado, os matemáticos trazem por meio de modelos formais, sistemas axiomáticos que compõe a consideração do que é certo ou errado.

Em paralelo, os psiquiatras e psicólogos exploram sistemas mentais, culturais e cognitivos para compreender crenças, identidade e mudanças, frequentemente utilizando conceitos como feedback, autorregulação e mentalidade conformada.

Nessa perspectiva, fica estabelecida uma arquitetura simbiótica de princípios, ideias e práticas, onde num Sistema é comparado com uma sociedade anônima, onde não há um comando personalizado, a chefia é oculta.

Assim concluímos que a divisão das tarefas de um Sistema é uma cadeia de comando coletivo unanimemente focado no objetivo desejado. Estudando, encontramos o Sistema de Governo com o poder político dividido de acordo com as funções sistêmicas de diferentes poderes. Conforme o regime adotado o Sistema sempre mantém um poder Executivo e um poder Legislativo; nas repúblicas democráticas aparece o Judiciário.

Os sistemas de governo têm um profundo impacto na forma como os cidadãos vivem, trabalham e interagem em uma sociedade. Sua estrutura e os seus princípios definem teoricamente as liberdades, direitos, deveres e o bem-estar dos cidadão. Indo à realidade conjuntural a cidadania está inserida e influenciada pelo Sistema de Governo através do qual as nações são organizadas e governadas.

De maneira geral, os sistemas de Governo agregam à administração pública diversos subsistemas, formando assim um novo sistema visto como parte de um sistema ainda maior, em alguns contextos, um suprassistema.

A complexidade e diversidade desses subsistemas refletem a natureza multifacetada da cidadania e a própria estrutura social. Ludwig von Bertalanffy na década de 1940 formulou a Teoria Geral dos Sistemas, buscando princípios universais aplicáveis a diferentes domínios científicos.

Pela teoria ludwiguiana se enquadra o crime organizado como um Sistema que funciona como um empreendimento econômico e político, com estrutura hierárquica, divisão de tarefas, uso de tecnologia e busca por lucro.

Facções criminosas, como o CV e o PCC no Brasil são exemplos de sistemas criminosos que atuam praticando diversas atividades ilícitas inclusive o terrorismo; na sua complexidade infiltra-se no Governo e no próprio Estado, corrompendo instituições políticas e funcionários públicos cobiçosos.

É por isso que não são isoladas as atividades criminosas dentro do Sistema de Governo, mas como um conjunto de ações coordenadas que se conectam, exemplificadas pelos perdões que o STF vem concedendo aos delinquentes sentenciados e punidos pela Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro.

Dessa maneira, poder invisível o Sistema de Governo Corrupto mostrou-se de corpo inteiro no caso do INSS, acobertando a fraude de entidades sindicais corruptas e tendo  o fantoche Lula da Silva acumpliciando-se com a pelegagem sindical que roubou os aposentados e pensionistas.

 

Castro Alves

Onde estás (trecho)

É meia-noite. . . e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo de desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento, que passa
Por meus cabelos fugaz:
“Vento frio do deserto,
Onde ela está? Longe ou perto? ”
Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe:
“Oh! minh’amante, onde estás?…

Vem! É tarde! Por que tardas?
São horas de brando sono,
Vem reclinar-te em meu peito
Com teu lânguido abandono!…
‘Stá vazio nosso leito…

Ferreira Gullar

No mundo há muitas armadilhas

No mundo há muitas armadilhas
e o que é armadilha pode ser refúgio
e o que é refúgio pode ser armadilha

Tua janela por exemplo
aberta para o céu
e uma estrela a te dizer que o homem é nada
ou a manhã espumando na praia
a bater antes de Cabral, antes de Troia
(há quatro séculos Tomás Bequimão
tomou a cidade, criou uma milícia popular
e depois foi traído, preso, enforcado)

No mundo há muitas armadilhas
e muitas bocas a te dizer
que a vida é pouca
que a vida é louca
E por que não a Bomba? te perguntam.
Por que não a Bomba para acabar com tudo, já que a vida é louca?

Os versos acima compõem o trecho inicial do longo poema No mundo há muitas armadilhas.

DO TEMPO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

A humanidade nos seus primórdios buscou medir o tempo observando os ciclos naturais: o nascer e o pôr do sol, as fases da Lua e o movimento das estrelas. O antigos impérios, assírio, babilônio e egípcio ergueram obeliscos como relógios solares.

Os calendários mais antigos surgiram na Mesopotâmia com os sumérios e caldeus por volta de 2700 a.C.; e registra-se um calendário solar mais preciso, com 365 dias, no antigo Egito, e na América Central pré-colombiana os maias aperfeiçoaram calendários astronômicos com a mesma conclusão.

O termo “calendário” deriva do latim “calendarium“, relacionado às “calendas“, o primeiro dia do mês, que marcava as celebrações religiosas romanas. A evolução do calendário reflete o desenvolvimento do conhecimento humano sobre astronomia, matemática e organização social.

Passou outro dia na tevê o filme A Máquina do Tempo, de 1960, dirigido por George Pal e o enredo baseado no romance homônimo de H. G. Wells; é a história de um engenhoso inglês que constrói um equipamento que viaja no tempo.

De Júlio Verne, o cinema aproveitou “A Volta ao Mundo em 80 dias” e muitas outras películas com o tema futurológico, que lembro algumas: De Volta para o Futuro, Exterminador do Futuro, Interestelar, Os Doze Macacos e as românticas “Todo tempo que temos” e Feitiço do Tempo.

O Feitiço do Tempo foi um sucesso desde o lançamento, tornando-se um dos filmes de maior bilheteria de 1993. Foi dirigido por Harold Ramis e estrelado por Bill Murray , Andie MacDowell e Chris Elliott. É uma comédia romântica com o roteiro do próprio Harold Ramis e Danny Rubin.

Descrevo-o: Phil, um arrogante meteorologista de televisão vai com a sua nova produtora, Rita Hanson, e do cinegrafista Larry a Punxsutawney, Pensilvânia, para cobrir as festividades do Dia da Marmota; como nevou interditando a estrada, ficou impedido de retornar e fica preso numa espécie de túnel do tempo, condenado a viver repetidamente o dia 2 de fevereiro que desdenhava.

Acordava toda manhã ao som de “I Got You Babe“, repetindo intermináveis vezes no mesmo dia convivendo com as pessoas que criticava. Tal situação lhe faz autoanalisar-se e mudar seu comportamento se intrometendo na vida da cidade e dos seus habitantes, terminando por ajudar pessoas salvando-as de acidentes e resolvendo seus problemas; aprende a tocar piano, esculpir estátuas de gelo e falar francês.

Graças à troca de confidências com Rita sobre a ocorrência termina por se apaixonar por ela e convencendo-a a passar uma noite juntos para testar o fenômeno da repetição do tempo que sofre. Na manhã seguinte quando ele desperta com Rita deitada ao seu lado na cama vai à janela vê que as coisas mudaram pulando para o 3 de fevereiro, e libertando-o como escravo do tempo. Assistam o filme para ver o romance que envolve o casal…

A ficção cinematográfica revela o uso de algemas que nos prendem ao tempo, cuja celeridade só notamos pelas modificações corporais que nos ocorrem e quando assistimos as mudanças no cenário exterior à nossa pessoa.

Avaliando a extensão da vida no espaço em que vivemos há uma formulação do filósofo francês Paul Janet sobre a proporção entre idades da “passagem do tempo”. Esta definição leva-me a comparar a minha idade (92 anos) com a da minha netinha Luísa, que fez um ano este mês. Resultado: para quem tem 1 ano, um ano é 100% da vida; para quem tem 90, um ano é cerca de 1,1% da vida.

Assim, duração subjetiva do tempo é proporcional à fração que o tempo representa da vida já vivida. Por isto, sinto a sensação do “ano curto” que muitos filósofos negam refletindo sobre se o tempo é real na relação espaço-tempo.

Só sei que no meu presente, os dias passam céleres; deixando-me convencido de que 2025  não está sendo curto só para mim. O tempo corre como uma lebre sem parar passados já três meses sem a Justiça ver a roubalheira dos pelegos sindicais lulopetistas no INSS. Eque até agora os togados do STF não tenham tomado conhecimento dela….

Será curto o espaço de tempo para que a Justiça não veja que o presidente Lula da Silva se acumpliciou com esse roubo? Será curto o espaço de tempo para Sistema Corrupto conseguir abafar, camuflar e omitir a delinquência para a Nação esqueça o que ocorreu?

Será que chegamos ao dia em que a Terra parou, e os juízes não se reuniram para julgar porque as entidades fraudulentas não iam comparecer, camuflando os bens da fraude e deixando livres e ricos e os assaltantes criminosos do INSS?

EM TEMPO: Pior do que as interrogações, assistimos uma delinquência seriada dos três poderes republicanos, silentes promovendo a indenização aos que foram roubados com o dinheiro dos contribuintes. Que a CPMI, instalada, não recue um minuto na punição dos corruptos!

 

 

DA POLARIZAÇÃO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Meditando na bela Pirâmide de Cristal em Brasília, recuei ao tempo juvenil do Ginásio quando estudava Geografia (aula que adorava!). Então lembrei-me que a Cartografia traça linhas no desenho do globo terrestre para o estudo planetário dos Meridianos, das Paralelas e da Linha do Equador que divide o planeta nos hemisférios Norte, em cima, e o Sul, abaixo.

Localizados nos extremos norte e sul do globo temos os Polos Geográficos, originados pela inclinação do eixo terrestre, somada ao movimento de rotação. Sua observação é antiga, do Egito dos faraós aos gregos antigos, como Anaximandro e Eratóstenes, que os estudaram e se fascinaram por eles.

O interessante é que os polos, além do que seu papel físico desperta, cria uma metáfora bastante usada, a polarização, que divide nações entre elas e também internamente. No Exterior, vê-se as disputas insanas dos atuais e medíocres chefes de Estado; e, no plano interno, assiste-se uma disputa de facções políticas pela soberania sobre as outras.

Os políticos polarizados, principalmente os governantes, não ligam para os direitos e os deveres legais que a Soberania comporta, e o povão concebe que apenas os governos, pela imagem do poder que apresentam, a detém.

Na condição de Estado, o conceito de Soberania não precisa da balança da Justiça para defini-la; limita-se ao poder do Estado sobre seu território, sobre o sistema jurídico, a Nação e os recursos econômicos.

Como os polos do planeta marcam pontos cardeais, vivemos um período histórico que pela mediocridade dos líderes mundiais, a política se degenera por falta de princípios éticos, e os povos são arrastados para animosidades recíprocas dispondo-se a se polarizar por frivolidades.

Esta condenável divisão leva teoricamente à matemática e à física, porque polarizar é estabelecer extremos opostos em relação a um centro — princípio que se estende à filosofia e à política.

No mundo do pensamento, as ideias do bem e o mal, direita e esquerda, também se estruturam por contraste. Por isto, é preciso compreender a divisão que das quatro operações aritméticas é a mais complicada.

A divisão nos cálculos básicos da matemática é a única operação que pode gerar frações ou restos inteiros. Dessa maneira, a sua representação não pode ser intuitiva, mas simbólica, obrigando-nos a entender que a divisão é o inverso da multiplicação.

Se na matemática isto é apenas um raciocínio, na vida real e na política em particular, o resultado fracionário traz perdas irreparáveis para a sociedade humana.

Um país não pode se organizar com uma sociedade dividida; torna-se um cenário de erros e de insegurança jurídica como temos sofrido sob o domínio real da polarização entre os dois populistas, Bolsonaro e Lula.

Isto está comprovado nas pesquisas de opinião pública. A inversão dos valores morais e éticos passou a ser uma regra, como ocorre no conceito estabelecido em que o mundo do trabalho paga o assistencialismo populista que mascara a compra de votos e abre o caminho para a preguiça e o vício.

A crueza deste raciocínio choca muitas pessoas. E, para minha tristeza, são pessoas cujo sentimento humanitário se deixam enganar pela demagogia discursiva do horrível populismo.

Anos atrás, estudante sonhador, despertei para a reflexão do economista Roberto Campos, que eu considerava à época um baita reacionário (nós o chamávamos de “Bob Fields”). Ele disse numa entrevista: “O que os governos populistas latino-americanos desejam é um capitalismo sem lucros, um socialismo sem disciplina e investimento sem investidores estrangeiros”.

Este background socioeconômico descrito com clarividência e humor apurado, mostra a que serve a polarização colonialista que se vê tendo de um lado com os bolsonaristas defendendo a matriz norte-americana e, do outro, lulopetistas compartilhando com um bloco dominado por regimes autocratas.

Para finalizar, volto aos cartógrafos e geógrafos que estabeleceram no desenho do Globo Terrestre denominando “Coordenada Geográfica” o ponto em que um paralelo cruza com um meridiano.

Na rotação do Brasil polarizado há um ponto coordenado pelo Judiciário cruzando com o Executivo para usurpar as funções do Legislativo; este, dominado por picaretas, aceita de bom grado o desequilíbrio constitucional….

DO DIABO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Vitor, santo católico nascido na Sicília, viveu à época dos imperadores romanos Diocleciano e Maximiniano e das perseguições aos cristãos. Morreu como mártir da Igreja, e, se não me engano, é padroeiro da cidade de Praga.

Em vida, São Vitor pregava a palavra e os milagres de Jesus Cristo, e principalmente o enfrentamento d’Ele com o Diabo, expulsando a legião de demônios que dominavam um pobre homem.

Foi talvez o primeiro pregador do cristianismo a ilustrar o episódio do Cristo de não se deixar seduzir pelo Diabo, conforme Lucas expôs: – “… E o Diabo mostrou-Lhe num instante do tempo todos os reinos do mundo, e disse-Lhe: ‘Tudo será teu se me adorares’; e Jesus respondeu irado: – ‘Vai-te, Satanás; porque está escrito: – ‘Adorarás o Senhor Deus e só a ele seguirás’.

Reconhecendo a existência do Diabo, a Bíblia diz: – “… E isso não é de admirar, pois até Satanás pode se disfarçar e ficar parecendo um anjo de luz. Portanto, não é nada demais que os servidores dele se disfarcem, apresentando-se como pessoas que fazem o bem. (2 Coríntios 11:14-15).

Isto suscita uma pergunta importante:  Por que Deus criaria Satanás, um diabo ‘ruim’ (o nome significa ‘sedutor’) para corromper a humanidade? Deus prometeu a redenção no início dos tempos segundo Abraão e através de Moisés; e a realizou com a ressuscitação de Jesus de Nazaré, morto na cruz.

O que encontramos nos textos bíblicos é que o Diabo, ao contrário, faz tudo para enganar as pessoas negando as promessas divinas e para se apossar das suas almas impedindo-as de entrar no reino dos céus.

Não sei como os teólogos católicos, cismáticos e evangélicos atuais têm abordado a existência do Diabo, embora constate que esta figura sinistra se faz presente no imaginário dos sectários religiosos de todas igrejas.

O povo em geral vê o Diabo como um ente do mal. Sua referência aparece em não-sei-quantos sinônimos; dicionários de gíria e termos populares registram anjo mau, ardiloso, belzebu, canhoto, capiroto, cão, chifrudo, cornudo, demônio, lúcifer, maldito, maligno, malvado, satanás, tinhoso…

É corrente também a crença nas possessões. De vez em quando aparece alguém com o diabo no corpo, situação reconhecida por todas as denominações evangélicas ao manter pastores exorcistas. Com padres católicos é muito explorada no cinema.…

Assim, parece ser fácil encontrar-se endemoniados entre os políticos brasileiros, que reconhecemos pela atuação eleitoralista junto às igrejas e na proliferação de clérigos atuantes nos poderes republicanos. Existe até uma “bancada evangélica”!

Vimos isto no Governo Bolsonaro, o ministro-pastor Milton Ribeiro, da Educação, revelando um diabólico esquema de corrupção praticado pelo colega pastor Gilmar dos Santos, responsável por distribuir verbas para prefeituras.

Não se sabe se foi Deus ou o Diabo em nome do qual foi criado um “gabinete paralelo” no Ministério da Educação. Foi o lado “religioso” dos desmandos da ala direitista mais radical no Governo Bolsonaro, na Pasta ocupada pelos pastores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura. Vimos que o Ministro-Pastor era uma marionete nas mãos de colegas.

Cismado, vejo com apreensão investidas do lulopetismo para conquistar os pastores evangélicos cabos-eleitorais, enganando-os como fez com o clero católico. Criaram para isto “cursos de formação” para os militantes. Por votos, o Governo Lula vai acolher adoradores do bezerro de ouro, falsos intermediários da Palavra.

Lula, megalomaníaco e mentiroso compulsivo, se assumiu como um salvador, afirmando que está corrigindo o castigo baixado por Deus sobre os sertanejos nordestinos, dizendo: – “Deus deixou o Sertão sem água” porque “sabia” que eu me tornaria presidente e iria trazer água para cá….”

Neste confronto de Deus e o Diabo na Terra do Sol, que encontrei na genialidade de Glauber Rocha, assisti nas redes sociais demoníacos cultuadores de Belzebu com efusivos aplausos a esta injúria.

Assim se vê que se intrometendo e corrompendo na religião, os populistas Bolsonaro e Lula comprovam que são iguais no satanismo, vendo no “bolsopetismo”, seguidores decorando passagens bíblicas e lulopetistas querendo recrutá-los…. Gostaria que ambos lessem Shakespeare, que escreveu: – “O diabo pode até citar as Escrituras quando isso lhe convém…”.

DA CIÊNCIA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

O saber natural começou a se diferenciar das visões míticas e religiosas evoluindo pela investigação científica a partir da Alquimia estudada por Hermes Trismegisto e exposta na Tábua da Esmeralda com a visão holística do cosmos e fundacional da alquimia.

Dos textos do Pai da filosofia hermética, da alquimia e da magia foram herdados pelos filósofos pré-socráticos da Grécia antiga, que lançaram as bases da Ciência tal como a conhecemos atualmente.

A Ciência na Antiguidade foi da filosofia natural à prática experimental, graças a Aristóteles, discípulo de Platão, usando o método filosofal primitivo, formalizando raciocínio e a observação como caminhos do conhecimento.

Historicamente se comprova que a partir de Aristóteles o helenismo viveu um esforço coletivo para aproveitar a sabedoria egípcia e babilônica; e assim, o raciocínio lógico alicerçou a observação, tornando a Filosofia a base da Ciência para sistematizar astrologia, a biologia, a geometria, a física e a metafísica.

Enfim, Tales de Mileto (século VI a.C.) previu eclipse solar; Euclides, Arquimedes e Eudoxo de Cnido desenvolveram provas geométricas com a matemática, criando modelos astronômicos e daí veio Eratóstenes que usando sombras em duas cidades diferentes, mediu com precisão a circunferência da Terra.

Infelizmente, tudo isto foi esquecido e negado na Idade Média dominada pelo cristianismo imperial católico e romano,  baseado numa estreita interpretação literal da Bíblia, defendendo o modelo geocêntrico que põe a Terra no centro do universo.

Isto levou Galileu Galilei à prisão domiciliar perpétua por sua defesa do modelo heliocêntrico de Copérnico, que coloca o Sol no centro do sistema planetário; e o seu livro “Diálogo sobre os Dois Sistemas Mundiais” foi proibido pelo reacionário Index Librorum Prohibitorum.

A Idade Moderna que cobriu o período entre a queda de Constantinopla em 1453 até a Revolução Francesa em 1789, marcou uma virada na concepção científica graças aos instrumentos técnicos, telescópio, microscópio, termômetro e barômetro, que ampliaram as observações e as medições quantitativas.

Isto marcou a presença de proeminentes figuras como Johannes Kepler, Francis Bacon e René Descartes. Kepler descreveu o movimento elíptico dos planetas ao redor do Sol formulando três leis planetárias; Bacon sistematizou o método científico indutivo, composta por observação, hipótese, experimentação e conclusão baseada em evidências; e Descartes fundou o racionalismo moderno, introduzindo a geometria analítica e a dúvida metódica como parte do processo científico.

Ainda no século XVIII, Antoine Lavoisier consolidou a revolução química, refutando a Teoria do Flogisto e formulando a lei da conservação da massa e a nomenclatura moderna da Química.

Da máquina a vapor para cá, a Revolução Industrial trouxe ao século 20 a eletricidade, a informática e a automação, caminhando em direção à inteligência artificial; mas por outro lado, estabeleceu a Era Atômica, revelando o imenso poder de destruição contido no átomo inaugurando uma nova etapa na História da Ciência e da Tecnologia.

Assim, a Ciência moderna tornou-se uma força de transformação do conhecimento e na prática social, lançando as bases do mundo contemporâneo com o poder da Comunicação com o rádio, o telefone, a tevê e a Internet. Infelizmente trouxe também a mediocridade dominante entre lideranças globais, especialmente nos EUA e na Rússia.

Esta mediocridade revelou o esvaziamento da política e a polarização de personalidades despreparadas, trocando as concepções de direita e esquerda pelo populismo oportunista, sem qualquer formação de estadistas, e, negativamente, a tomada das decisões, depende deles.

Só o apoio dos governantes tornará a Ciência o fundamento para levar qualidade de vida às nações; mas, com  a mediocridade que se reflete entre nós, o bem comum é desprezado no protagonismo polarizador da incultura que ocorre com Bolsonaro e Lula, ambos sem a instrução necessária a um presidente da República.

Confirmemos que o que recebemos deles em termos científicos foi o estúpido negativismo da Ciência contra as vacinas, pelo bolsonarismo; e, do outro lado, a corrompida iniciativa dos lulopetistas criando a tomada de três pinos para obter propinas…