DA FILOSOFIA

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MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Jiddu Krishnamurti, teosofista e líder espiritual contemporâneo, abria suas aulas sobre revolução psicológica, com o seguinte pensamento: – “Não há professor, não há aluno, não há líder, não há guru, não há mestre, não há salvador. Você mesmo é o professor, o aluno, o mestre, o guru, o líder, você é tudo.”

Assim se faz um Filósofo, que vai além de um diploma; para sê-lo, é preciso somente comprometer-se com o pensamento crítico, ser curioso, estar aberto ao diálogo e ler sem discriminações, principalmente os gregos antigos, Diógenes de Sínope, Heráclito de Éfeso, Platão e Sócrates.

Vieram depois, Baruch de Spinoza, David Hume, Francis Bacon, Galileu Galilei, Isaac Newton, John Locke, Kant, Nietzsche, Thomas Hobbes e, influenciando grandemente a filosofia ocidental, os franceses Bergson, Blaise Pascal, D’Alambert, Descartes, Diderot, Montesquieu e Voltaire.

A leitura dos clássicos é fácil, até porque a gente encontra a sinopse de suas obras no dr. Google; difícil é analisar ideias com profundidade, duvidar das crenças, identificar contradições e revisar as convicções diante das evidências.

Mesmo sem querer “academizar”, lembro Sócrates: “uma vida não examinada não vale a pena ser vivida”; uma norma que vale para o Filósofo e para nós outros, pessoas comuns. Chegando à Grécia antiga, é impossível esquecer Platão, que ensinou a existência de dois mundos, o mundo sensível (mundo material) e o mundo das ideias (realidade inteligível).

Isto nos leva à dialética de Heráclito, muito anterior à Hegel e aos marxistas, quando identificou as contradições e transformações vitais dizendo que “ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou”.

Daí, vem a ideia do confronto que Diógenes, que pela perfeição andava durante o dia pelas ruas com uma lanterna nas mãos à procura de um homem honesto. Já imaginaram se na atual conjuntura brasileira o aprendiz de Filósofo saísse nas ruas com uma lanterna na mão procurando encontrar honestidade entre os homens públicos que ocupam o poder estatal e governamental?

O aprendiz de filósofo, bem intencionado e autônomo, sem dúvida, se arriscaria a enfrentar o desprezo e a perseguição, na busca pelo “mundo ideal”; a Filosofia o obrigaria a isto. Este questionamento sobre os valores éticos que nos cercam, porém, terminaria por leva-lo ao desdém, à ironia e ao sarcasmo. Pior, se algum dos semideuses do Olimpo Supremo se julgasse ofendido, o levaria à prisão.

A palavra Filosofia, originária do grego “Philosophia“, significa amor à sabedoria e somente este amor resolve problemas existenciais; com ele o Filósofo precisa de integridade intelectual e o uso do método dialético para dar respostas conforme a “sua” concepção….

Conhecendo mais a História e a definição do que a própria Filosofia, apreciei e recomendo aos que querem enveredar por este caminho, o livro de Jostein Gaarder, O “Mundo de Sofia” que pela sua simplicidade na argumentação fiz questão de prescrevê-lo para os meus filhos.

Sofia põe em realce o pensamento sobre todas as coisas que fazemos; considera-as atos de consciência relacionados com a realidade que nos cerca; e, se assim acreditarmos, chegaremos à meditação búdica e, com suas variadas técnicas, veremos o que se encerra na nossa consciência.

Será meditando que enfrentaremos as dúvidas que pairam sobre nós, livres do fanatismo, seja religioso ou político. Assim fazendo, sentiremos a necessidade de enfrentar a realidade  escapando da ilusão.

Da minha parte, assumo e me desculpo pela insistência de lutar cotidianamente contra a corrupção que grassa em nosso País e por considerar intolerável a existência de uma polarização eleitoral entre dois populistas corruptos, apoiados irrefletidamente pelos que cultuam estas personalidades.

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