DA ÉTICA

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MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Entre os méritos que não deixo de lembrar e elogiar, a antiga Editora Abril nos deu a coleção Os Pensadores, cujos livros folheio de vez em quando para pescar assuntos merecedores de entrar na pauta da reflexão e da polêmica.

Nesses dias, fui ao filósofo George Edward Moore, um inglês realista parecido com os colegas alemães…. No seu livro “Estudos Filosóficos”, Moore revela ideias tiradas das teses inovadoras do austríaco Ludwig Wittgenstein que muito contribuíram para a moderna filosofia; nos “Princípios Éticos” ele vai à terminologia com divagações sobre palavras relacionadas à Ética, como “bom”, “dever”, “direito”, “mau”, “obrigação”, “virtude” e “vício” ….

A herança deixada por Wittgenstein com as suas reflexões sobre o múltiplo uso de termos na linguagem e na lógica; neste acervo, avalia a dicotomia das palavras usuais, como que é “bom” ou “mau”, “virtude” ou “perversão”.

O herdeiro, Moore, considera também que as expressões linguísticas desempenham um papel fundamental na comunicação, embora caindo na dependência do caso e do contexto; foi assim que levantou a tese da Casuística.

A Filosofia Analítica em relação à linguagem comum, chamada também de “filosofia da linguagem ordinária” ou do senso comum, recebeu a proposta de Moore para esclarecer como é usada no cotidiano, destacando-se contra as abstrações idealistas e céticas, recomendando ver-se o casuísmo como efeito da linguagem.

A Casuística Filosófica traz certezas simples como “a mão pega na asa da xícara” ou “hoje acordei cedo” e tais afirmações são indiscutíveis ao contrário das definições abstratas como “bom” e “mau”.

O contexto tempo-espaço oferece confusões casuísticas pelas diferentes funções verbais do verbo “Ser”, que levam à identificação inadequada do que é “bom” por seus predicados naturais; esta casual imprecisão linguística carrega implicações filosóficas problemáticas.

Nestas situações encontramos a diferença entre linguagem e proposição, vendo que as proposições são entidades abstratas que as frases exprimem, nem sempre correspondendo à verdade.

Pelo uso corrente da linguagem e a sua valorização pelo costume ancestral, torna-se difícil termos uma visão clara do que é a Ética e sua contradição entre a “filosofia da linguagem comum” em oposição à lógica simbólica.

Assim, vemos esta diferença na cosmogonia a partir da narrativa sobre a origem e a organização do universo, enquanto a teogonia a narrativa vai à origem, genealogia e organização dos deuses ou seres divinos.

Pondo os pés no chão e acendendo, como Diógenes, uma lanterna para procurar a Ética no campo da política, encontramos uma cena muito diferente na 2ª Guerra Mundial quando reuniu Churchil, Roosevelt e Stálin, diferentes em tudo, a se aliar contra o nazifascismo.

Diferente da mediocridade que vemos hoje no concerto internacional reinava a ética no mundo livre, que assistiu por vezes estes encontros na Conferência de Teerã em 1943, na Conferência de Yalta, além de reuniões individuais de Roosevelt e Churchill com Stalin em 1944.

Pulando do século passado para a conjuntura atual, e do passado global para os nossos dias e nossa realidade, a assistência ao palco político brasileiro vê um cenário vazio de Ética, este verbete que, dicionarizado é um substantivo feminino de etimologia do grego antigo “ethos” significando originalmente caráter e costume.

Como adereços e mobiliário que fazem parte da peça protagonizada pelos políticos brasileiros deveria complementar a Ética como importante ramo da Filosofia, que

tem por objetivo refletir sobre os princípios morais, distinguindo o bem e o mal como elementos presentes na sociedade humana.

Tratando-se de valores negativos da moral de grupo ou de indivíduos, confirma-se que, por exemplo, a Ética inexiste entre os polarizadores eleitorais Jair e Lula, ausência que contamina os rebanhos fanáticos que os cultuam….

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