Artigo

DOS FASCISMOS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Antes de mais nada é preciso esclarecer que o fascismo não tem nada a ver com as “direita” e a “esquerda” definidas e consagradas historicamente pela Revolução Francesa. O fascismo, como sistema de governo, teve no século passado com uma diferença entre o stalinismo soviético e o mussolinismo italiano; na URSS pelo internacionalismo marxista e, na Itália de Mussolini, pela proposta de Mussolini de um socialismo nacional.

Na Rússia czarista os bolcheviques empreenderam uma “revolução progressista” e na Itália o “Risorgimento” propôs uma “revolução conservadora”; ambos, porém, foram críticos do capital que explorava a industrialização atrasada dos seus países, e atuando numa espécie de relação com os proprietários rurais.

Ao alcançar o poder, as duas “revoluções” sofreram inicialmente a incapacidade de encontrar uma identidade da proposta teórica com a realidade. Na URSS, decretou-se a extinção da propriedade privada e os proprietários (kulacs) foram obrigados a deixarem suas terras que passaram a pertencer ao Estado.

Na Itália formou-se uma aliança entre os grandes proprietários feudais do Sul o que proporcionou a realização da venda pública dos bens da Igreja Católica, o quê, na prática política, tornou transparente a semelhança programática do Partido Fascista e dos Socialistas Revolucionários na Rússia.

Finda a Primeira Grande Guerra (1914-1918) a Revolução Bolchevique despertou esperanças para os trabalhadores do mundo inteiro; estas, porém, foram desfeitas com a morte de Lênin decepcionando os intelectuais revolucionários e repercutindo entre os socialistas italianos que racharam, levando à formação do Partido Comunista.

Assim, enquanto socialistas e comunistas digladiavam, os italianos foram atraídos pela proposta da “Unione Socialista Italiana”, de um “socialismo nacional”, substituindo o conceito da luta de classes pelo conceito de pátria-nação. Criou-se desta maneira uma aproximação com a dissidência socialista “Unione Italiana del Lavoro”.

Este revisionismo foi divulgado no jornal do Partido Socialista Italiano, o “Avanti”, pelo jornalista e agitador Benito Mussolini, defendendo a formação de uma “santa vingança popular”, como escreveu Robert Paris no seu livro “As origens do Fascismo”.

O PSI então expulsou Mussolini do jornal e ele fundou o “Popolo d’Itália”, que chamou de “o diário dos combatentes e dos produtores”; dali passou a patrocinar uma posição “antipartido”, com o quê recebeu milhares de adesões.

Contando com o apoio de antigos sindicalistas revolucionários, Mussolini propôs uma medida extrema, reconhecendo a “capacidade do proletariado em dirigir diretamente a fábrica”; e, após a formação de conselhos de trabalhadores, iniciou hipocritamente uma campanha entre amigos e simpatizantes para formar os “fasci di combattimento”, semente do Partido Nacional Fascista.

Na URSS, Josef Stálin assumiu o comando geral do partido e do governo na URSS, eliminando seus adversários através de processos fraudulentos, levando o ex-ministro da defesa de Lênin, León Trotsky, a fugir para o exílio, denunciando-o como traidor e a instalação de um governo atrabiliário, policialesco, totalitário e violento.

O desvio da revolução leninista serviu de lição para Mussolini já ocupando o governo italiano, após a marcha dos “camisas negras” sobre Roma em 1922, para determinar o fim da democracia liberal.

Iguais ao stalinismo, os fascistas aparelharam o Congresso, a Justiça, o Exército e a Polícia, controlando todas as instituições o Estado, e se apoiaram numa burocracia partidária; sob o pretexto de acabar com os antagonismos sociais também eliminaram os seus oponentes.

Desta memória histórica vemos que as duas posições foram apenas ditatoriais e não “direitistas” ou “esquerdistas”; ambos são fascistas no mesmo alinhamento adotando a ideologia autocrática inseparável dos ditadores.

Encontramos similitudes no Brasil com os exemplos históricos que descrevemos, tendo de um lado, os fascistas de Bolsonaro, e do outro, o fascista Lula, ambos populistas corruptos alinhados com as teocracias do Oriente Médio, as ditaduras africanas e o ditador Maduro.

Assim, implantaram no país a imunda polarização dos fascismos vermelho e negro, um dependendo do outro na alternância do poder…

DA NEGAÇÃO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

É preciso não confundir negacionismo e negativa; o negacionismo investe contra algo que tem evidência, e a negativa é a recusa e rejeição ao que está errado. A família da negação tem um verbete forte, o Nego, que está na bandeira da Paraíba.

O “Nego” compôs um discurso do ex-governador da Paraíba, João Pessoa, recusando-se a aceitar a continuidade da aliança “Café com Leite” que alternava os estados de São Paulo e Minas Gerais no poder.

Uso o efeito do Nego explícito e conclusivo para Lula e os seus comparsas de falarem sobre Democracia e Liberdade, quando apoiam a ditadura sanguinária de Maduro, na Venezuela. Esta posição infame deles de nada vale para a cidadania brasileira e o coração nacional.

Só os idiotas se recusam a denunciar um regime baseado na fraude e na violência; só pessoas muito estúpidas acompanham o lulopetismo pelo fanatismo a algo que não mais existe, a promessa de igualdade e liberdade nos palanques eleitorais e foi traída após a assunção ao poder pelo lulopetismo.

“Nego” a quem se diz “de esquerda” – configurada na Revolução Francesa como libertária – o direito de se assumir como herdeiro de Danton, Herbert e Marat líderes da luta contra os monarcas, aristocratas e oligarcas levantando a flâmula da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

“Nego” a quem defende um regime totalitário que subjuga e infelicita um povo; executor de prisões injustas e os assassinatos de quem se manifesta pacificamente.

É preciso ficar clara a nossa defesa das correntes de opinião que se confrontam com a que pregamos; que sejam livres os que pensam diferente de nós; mas condenamos os que adotam mentiras para divulga-las.

Contra a mentira e a fraude a nossa decisão é freá-las com a necessária e urgente rapidez para que não semeiem o mal.

Não é coisa nova; fizemos isto condenando os anteriores governos lulopetistas que se encerraram com o impeachment de Dilma e repetimos nosso combate no governo Bolsonaro que findou melancolicamente pelo desprezo popular.

Está mais do que provado que Lula e Bolsonaro são iguais, mantendo a pobreza e o analfabetismo com uma política que só funciona em proveito próprio, ajudando corruptores para usufruir propinas nos paraísos fiscais.

Gozando devotadamente dos privilégios que a legislação leniente e os tribunais aparelhados, Lula e Bolsonaro praticaram e praticam no governo a corrupção, estendendo aos filhos o segredo dos truques para driblar críticas e denúncias.

A Nação assiste estupefata a duplicidade de Lula que assume através dos bonzos que dirigem o seu partido, o PT, a defesa da ditadura Maduro e, disfarçadamente, pondo em dúvida a fraude praticada pela ditadura venezuelana.

Esta imunda posição – que desconfiamos vai além da ideologia, mas pelas práticas corruptas conhecidas por Maduro – trouxe dialeticamente uma boa coisa: separou na esquerda brasileira o joio do trigo.

Partidos e políticos, mesmo alguns parlamentares “de esquerda”, discordam do posicionamento servil adotado por Lula e os bezerros de presépio que o apoiam.

Heráclito, na antiga Grécia enunciou que “não se pode entrar duas vezes no mesmo rio, porque as águas se renovaram e a pessoa já não é a mesma”; e com esta contribuição dialética, filósofos modernos como Descartes, Diderot e Spinoza, encontraram os elementos da dialética pela negação da negação.

Seria injusto negar que a dialética como método de análise foi desenvolvida por Hegel, de quem Marx e Engels se aproveitaram para desenvolver o materialismo dialético, e, com a lógica e a teoria do conhecimento forneceram as ferramentas que nos permitem observar o comportamento dos governantes e julgá-los.

DAS MÁGICAS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Aprendi que para falar de mágica deve-se distingui-la da alquimia, a parteira da química moderna; embora ambas contrariem as leis da Natureza. Uma é exercida pelo ritual do ilusionismo e dos truques obtidos na prestidigitação, e a outra é relacionada pela busca e descoberta de valores materiais e vitais

A magia é a arte de criar a ilusão por meio de agilidade motora das mãos ou da desatenção para iludir os espectadores. Confundir a aplicação da magia com o empreendimento alquímico foi coisa de Louis Pauwels e Jacques Bergier na sua introdução ao realismo fantástico com o livro “O Despertar dos Mágicos”, de 1960.

Uma leitura no livro leva-nos a um caminho sem volta, porque fascina e faz pensar. Entre suas afirmações traz Isaac Newton e a sua famosa frase em resposta a um elogio: – “Se vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes”. Segundo biógrafos e estudiosos da vida do físico inglês a referência leva aos antigos sábios da Grécia e de Roma, principalmente Aristóteles, de quem Newton guardava profunda admiração.

Temos também a curiosa diretriz de Bergier com vista aos alquimistas, suas pesquisas ocultas e o silêncio em torno das descobertas; refere-se a uma carta de Eugène Canseliet dizendo que – “Se existe um processo que permite fabricar bombas de hidrogênio num fogão de cozinha, é francamente preferível que esse processo não seja revelado”.

Canseliet afirma que não é uma fantasia, nem gracejo, afirmando que “estou em boa posição para afirmar que é possível atingir a desintegração atômica partindo de um mineral relativamente comum e barato”.

Antecedeu à ficção cinematográfica dos transportes no tempo inventados e usados por Emmett Brown (Christopher Lloyd) no filme “De Volta para o Futuro”, protagonizado ao lado de Marty McFly (Michael J. Fox). A primeira máquina do tempo do doutor Brown foi acionada com o plutônio roubado de terroristas líbios e finalmente abastecida com o lixo das residências….

Isto, evidentemente, tanto no cinema como nos laboratórios, a alquimia não se trata do encanto da magia e dela só tem em comum ser praticada às escondidas e seus métodos mantidos sob sigilo.

É o sigilo respeitoso das pesquisas científicas sobre os fenômenos produzidos pela Natureza, ao contrário dos sigilos decretados pelos políticos corruptos quando ocupam o poder como se viu no Governo Bolsonaro e agora no Governo Lula, que polarizam na ilusória mágica eleitoral do populismo.

Isto temos assistido revoltados no desenrolar da política brasileira que parece ter como combustível a lama pútrida dos esgotos, a manipulação da propaganda e fake news, cujos objetivos levam Lula e Bolsonaro à ocupação do poder.

As práticas que deslumbram os fanáticos cultuadores de personalidades são inexplicáveis; viveram nos tempos sombrios de Mussolini, Hitler e Stálin, e renascem hoje adorando os populistas corruptos, apesar de conhecer as suas ações indecorosas e alcances criminosos aos bens públicos….

Quem se relaciona com a honestidade, com a justiça perfeita e o autêntico patriotismo foge dessas figuras imundas. Defendem o humanismo, a paz e a solidariedade seguindo o princípio básico da mágica que reza ser fundamental que não se deve repetir a ilusão criada.

Quem é verdadeiramente patriota, defensor da Democracia e da liberdade não apoia ditaduras, principalmente agora consciente das fraudes e da violência que caracterizam a ditadura Maduro, opressora do povo venezuelano.

Somos aqueles que reverenciam apenas as palavras mágicas, que são: “Bom dia; Boa tarde; Boa noite; com licença; Desculpe; Obrigado; Perdão e Por favor”.

DOS SIGILOS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Nos capítulos relativos ao Ocidente, a História da Civilização registra que os antigos gregos mediam o tempo pelas olimpíadas e, na velha Roma, pelos consulados; no Brasil atual, polarizado pelos populistas Bolsonaro e Lula, a fita métrica da História passa pelos sigilos destes dois vigaristas.

Um decretava sigilo a rodo para esconder as insanidades do seu governo; outro denunciou-o do palanque, mas ao assumir o governo adotou o sigilo para esconder o que mais preza: a corrupção, os corruptores e os corruptos.

Como verbete dicionarizado, o Sigilo é um substantivo masculino de etimologia latina, “sigillum”, que significa selo ou segredo. Coloquialmente significa o que não pode ser revelado, para não chegar ao conhecimento ou à vista das pessoas; e na linguagem diplomática, aquilo que é secreto, confidencial, reservado.

Nos bastidores da derrocada URSS, conta-se uma história sobre o último ministro da Justiça de lá, Nikita Kruschev,  participante durante décadas da equipe de Stálin e após a morte dele, denunciou-o com um bombástico “Relatório” no 20º Congresso do Partido Comunista em fevereiro de 1956.

Talvez seja parte do anedotário político ou simplesmente um fuxico dos muitos que ocorriam dentro das muralhas do Kremlin. Diziam que Nikita recebeu certa vez um agente duplo na Guerra Fria e ouviu dele a proposta de entregar-lhe documentos comprometedores em troca de US$ 500 mil e liberdade de viajar para os Estados Unidos.

Conhecido pela sua sovinice, o Ministro pensou numa contra proposta de US$ 250 mil que o proponente, após vasta argumentação, aceitou. Passado um tempo, Nikita  num arremesso final, ofereceu US$ 50 mil e enquanto o antigo espião tagarelava, chamou a segurança e mandou prendê-lo.

Não agiu como inimigo dos sigilos, mas aproveitou-se dos estertores ditatoriais que veio denunciar mais tarde com graves revelações sobre Stálin, abalando a Internacional Comunista.

Os sigilos, como quaisquer proibições só servem para aguçar a curiosidade; proibir um menino de assistir um filme é fazê-lo dar um jeito de procurar vê-lo às escondidas; e na minha pré-adolescência meu pai levou-me à sua estante e apontou uma prateleira dizendo que eu evitasse ler aqueles livros.

Desobedecendo-o, li os clássicos anarquistas, o Manifesto Comunista e a literatura marxista, o “Ecrìti i Dicorse” – obras completas de Mussolini -, o “Mein Kampf” de Hitler, o “Judeu Internacional” de Henry Ford, o “Judeu Sem dinheiro” de Michael Gold, obras do ocultismo maçônico e de religiões comparadas; e o que foi proibido no Brasil, as “Bases do Separatismo” de Alírio Meira Wanderley.

A insinuação proibitiva (ou a malandragem paterna para me incentivar) muito ajudou a minha formação; entretanto, quando se trata de decisões governamentais é inimiga da cidadania; a falta de transparência não tem lugar na administração pública ou na atividade político-partidária. Não se vê nos países civilizados; restringe-se às ditaduras e repúblicas bananas.

O Congresso deveria cuidar de extinguir esta prática que só favorece o crime e o criminoso, mas nossos parlamentares não cuidam de coisas sérias; quanto à Justiça, o mal exemplo vem do STF, escondendo os malfeitos dos togados.

Não há dúvida de que o sigilo é torpe, criminoso e condenável vindo do poder político e jurídico; insistem, porém, os mandatários em usá-lo e impor com a sua autoridade nos fazer reverenciar Hemera, a deusa mitológica da persuasão e da mentira.

Basta! Com exceção do respeito à privacidade, um direito adquirido da cidadania, todo segredo cheira a criminalidade, totem dos populistas Bolsonaro e Lula.

DOS DRAGÕES

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Virou moda na literatura, nos filmes e séries de televisão e o dragão está presente na vida cotidiana, apresentando-se com cores e tamanhos diversos, reptilianos anfíbios ou alados.

Como verbete dicionarizado, Dragão é um substantivo masculino de etimologia grega (drákōn) e latina (draco, -onis), significando um ser fabuloso com representações mitológicas abundantes e variadas.

Nas religiões ocidentais, o Dragão simboliza o mal e as tendências demoníacas, encontrado na Bíblia (Apocalipse 12:17); e o dragão oriental possui o significado de sabedoria, força, poder, proteção e riqueza, usado nas tatuagens corporais.

Há poucas diferenças entre os dragões das mitologias chinesa e japonesa e os de outras mitologias orientais. Os japoneses têm três garras em seus pés ao invés de quatro, como os chineses e coreanos.

Na mitologia greco-romana o dragão protege o Jardim das Hespérides, que guarda o Tosão de Ouro, e no mito germânico de Siegfried possui o tesouro da imortalidade; e na teologia cristã é associado à serpente e simboliza o mal que é vencido por Cristo.

No cinema aparece nos clássicos “Smaug” da trilogia “O Hobbit”, “Banguela” no desenho “Como Treinar o Seu Dragão”, “Draco” em “Coração de Dragão”, e com Harry Porter n’ “O Cálice de Fogo” e nas antológicas séries de tevê “Game of Thrones” e “A Casa do Dragão”.

O Dragão é também configurado no dicionário, numa extensão pejorativa que representa uma pessoa feia e um Indivíduo de má índole, com quem é impossível conviver e respeitar, levando-nos a estender esta última definição para muitos políticos brasileiros.

Entre nós assiste-se uma fantástica luta de dragões num hipotético espaço cênico das lendas indianas como os vemos desenhados no Bhagavad Gita descrevendo os planos diferentes da realidade. Na repulsiva polarização que se impõe no Brasil, a simulada disputa entre Bolsonaro e Lula é o exemplo mais-do-que-perfeito disto.

Dragões do mal, personalizados pelo egocentrismo, a deformação ideológica e o discurso de ódio que identifica os seus estúpidos seguidores. Escamados de populismo e expelindo fogo e fraudes pela boca estes dragões políticos fingem se digladiar, sendo, embora, iguais pelo avesso, cara e coroa da mesma moeda.

Os brasileiros esclarecidos, independentes do fascínio do oportunismo e do culto à personalidade repudiam a esquemática perversão dos cordões azul e encarnado que a imprensa venal incute e encuca nos analfabetos políticos.

Estes dragões da falsa direita e da falsa esquerda são enfrentados nas redes sociais e não é por acaso que se unem para persegui-las, censurando-as e ameaçando os seus críticos. O fingido conflito entre Bolsonaro e Lula visa apenas a alternância entre os dois no poder, sem atender as reais necessidades do País e as reivindicações nacionais.

Tal encenação deve ser combatida sem trégua. Lutar contra a nefasta polarização exige vislumbrar o radiante alerta que nos trouxe profeticamente o escritor José Saramago dizendo que “a única maneira de liquidar o dragão é cortar-lhe a cabeça, aparar-lhe as unhas, não serve de nada…”

 

 

 

 

DAS REPÚBLICAS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Cheguei em NYC no dia em que os EUA comemoram o Independence Day, com muita festa onde afrodescendentes, asiáticos e latinos participam mais intensamente (ao que me pareceu) do que os próprios norte-americanos. Vê-se aqui, como no mundo afora, uma das três formas de República que são a presidencialista, semipresidencialista ou parlamentarista.

É a herança das cidades-estados da Grécia, que a adotaram como forma de governo entre os séculos 4 e 5 a.C.. Na concepção que temos hoje, este sistema se confunde com a Democracia em Atenas onde o homem era considerado cidadão aos 18 anos, nascido em Atenas de pais atenienses.

Naquela República Democrática, a organização social convocava uma Assembleia Popular (Ekklesia) que elegia e fiscalizava um conselho (Boulé) responsável pela administração governamental e os magistrados, que interpretavam as leis e julgavam conflitos.

Os tribunais mantinham um sistema de júris populares formado por cidadãos indicados por sorteio público, para garantir que a justiça fosse administrada de forma imparcial e sem influências externas.

Como verbete dicionarizado, República é um substantivo feminino de etimologia grega “ʀɛˈpublikɐ” e latina “Res Publica” ambas significando “coisa pública” e definindo um sistema de governo dependendo da existência de uma nação, com cidadãos políticos “communio” e um consenso do direito (consensus iuris).

Na teoria, é o governo do interesse de um povo, onde o povo é a soberania de forma direta, “plebiscito”, ou por intermédio de delegados eleitos com um mandato temporal; é o que temos teoricamente, embora divorciado da prática.

Da antiga Grécia até os dias de hoje, tivemos idealisticamente Repúblicas imaginadas por filósofos como Cícero, Campanella, Morus, Platão, Swift e Voltaire.

De Cícero a proposta de uma forma de governo denominada “consilium”, nascida do consenso jurídico e utilidade comum a todos; devendo ser exercido por uma só pessoa, ou a alguns escolhidos, ou ser assumido pela multidão.

Do dominicano Tommaso Campanella, a proposta de uma República Ideal, cidade do Sol (La Cittá de Sole) refletindo uma formação democrática; de Thomas Morus, também um humanista cristão herdamos a Ilha da Utopia, ou simplesmente Utopia, governada pela razão tendo como objetivo contrastar com a realidade conflituosa da política europeia na época.

A mais conhecida de todas é a República de Platão, filósofo grego que defendia o equilíbrio social com um governo em que todas as peças da sociedade deveriam estar perfeitamente encaixadas no lugar certo. Singular e curiosa é a proposta do escritor irlandês, Jonathan Swift, “As Viagens de Gulliver” livro publicado no Brasil com o prefácio de Ruy Barbosa; oferece uma reflexão sobre justiça social com respeito às diferenças de classe.

Do filósofo neolatino mais famoso (e polêmico) do Iluminismo, Voltaire, temos uma reflexão sobre um governo onde vigore a liberdade de expressar ideias, sem interferências de cunho moral, político ou religioso. Proposta que critica o absolutismo dos reis e as instituições políticas e religiosas.

O regime republicano no Brasil é a forma de governo desde 15 de novembro de 1889, proclamada por José do Patrocínio na Câmara Municipal do Rio de Janeiro; adotou-se o presidencialismo, isto é, o Chefe de Governo é escolhido através de eleições diretas.

Apareceram ultimamente na Pindorama umas esquisitas propostas nascidas de ideologias corrompidas, ridicularizadas pelas nações civilizadas e nos transformando numa República das Bananas. É de Lula da Silva a ideia de uma “república democrática relativa” tendo como exemplo a ditadura Maduro e vem da presidente do PT, a adjetivação de uma “república democrática efetiva”, que encontrou na China. Do antagonista “de direita”, o ex-capitão Bolsonaro, o sonho de um golpe que instituiria uma “República Militarizada”.

Todas estas três insanidades, frutos do extremismo, são uma forma de tirania e despotismo, contra as quais combatemos.

 

 

 

 

DAS PROFISSÕES

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Quando as hordas primitivas de caçadores e coletores se fixaram à terra, plantando e domesticando animais, criaram a necessidade de surgir comunitariamente profissões especializadas para servir à coletividade.

Apareceram então carregadores(as), carniceiro(as), tecelões(lãs), cozinheiros(as) curadores(as), pastores(as), pedreiros, semeadores(as) e soldados. Quando a evolução dos clãs e tribos atingiram sociedades estruturadas com mandatários, surgiram novas atividades definindo melhor as ocupações, costureiras, construtores, barbeiros, marceneiros e metalúrgicos….

A religião presente desde os temores noturnos, os sonhos, as superstições diante dos fenômenos climatéricos e a observação dos astros, manteve intérpretes, xamãs, pagés, sacerdotes com várias denominações.

Por fim, a Nação e o Império burocratizados exigiram reis, ministros, juízes, hierarquia militar, policiais e funcionários em geral. No centro de todas movimentações administrativas, advogados, escrivães, contadores, tesoureiros e políticos.

Todas as atividades estatais e governamentais se profissionalizaram, exceto o político, atuando individualmente um “free lancer” sedutor pela oratória e, mais tarde, com o manobrismo partidário influenciando eleitores.

Isto a História Mundial registra. O “Político” como verbete dicionarizado enquadra-se em duas classes, pode ser substantivo, indiferente de gênero, significando a pessoa responsável pela ordem social representando o povo; e/ou um adjetivo, indicando ou se referindo ao que diz respeito à política.

No Brasil pode até se obedecer à classificação gramatical, mas quando se trata das personalidades o político é um indivíduo que goza privilégios incríveis. Tornou-se profissional, aposentando-se com regalias; recebe vantagens corporativas das férias e viagens, e conta com um foro privilegiado.

Para exercer esta “profissão” não precisa de estudo nem qualquer qualificação. Não se pode negar que existem políticos por vocação; mas a imensa maioria deles busca apenas profissionalizar-se como artífice da obtenção de vantagens pessoais ou grupistas.

Aquela definição clássica da “arte de governar” – passa longe dos políticos brasileiros -; não vemos princípios nem ideologia entre eles. São governistas com o objetivo de se locupletar ou são oposicionistas por serem derrotados em eleições perdendo cargos e vantagens competitivas nas suas bases eleitorais.

Olhando pelo ângulo da Filosofia Política, vemos a desfiguração da política por culpa dos próprios políticos e, levando em conta a Ciência Política, assistimos há formação de bolhas desvinculadas da realidade.

Li a tempos atrás uma curiosa alegoria que ligo hoje aos nossos parlamentares, vereadores, deputados e senadores, com raríssimas e distinguidas exceções; é a definição do que é um político feita por Arthur Balfour, estadista conservador britânico que foi Primeiro-Ministro do Reino Unido de 1902 a 1905; ele era um crítico acerbo dos círculos do poder nos Estados Unidos e fantasiou a formação dos políticos lá.

Vendo o comportamento individualista dos parlamentares ianques, satirizou-os com uma anedota sobre a formação deles no “way of life” vigente em Washington.

Criou um personagem de ficção, um rico pai americano, preocupado com o futuro do filho, que resolveu testar o seu oferecendo sugestões que o ajudasse a se definir.

Trancou-o no quarto, deixando lá uma Bíblia, uma maçã e um cheque, pensando: ‘se o encontrar lendo a Bíblia, o estimularei a tornar-se pastor; se ele admirar a maçã, lhe darei uma fazenda para que se torne um agricultor; se estiver examinando o cheque farei dele um bancário’.

Ao fim do tempo suficiente para ver o resultado da experiência, o ricaço adentrou no quarto e viu que o rapaz embolsara o cheque e comia a maçã sentado na Bíblia. Então, o fez político.

DA FOME

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uolo.com.br)

Este texto foi inspirado pelo drama climático que se abateu no Rio Grande do Sul, quando assistimos a falta de escrúpulos do Governo Lula, trazendo de volta a famigerada corrupção que condenou o seu titular à cadeia em três instâncias judiciais.

Como pretexto de manter os preços de mercado, Lula determinou a compra de arroz no Exterior, trazendo um escândalo em que aparecem os corruptos de sempre e protagonistas novos no cenário das oportunidades delinquentes. Isto, sob o clássico silêncio da imprensa cínica e corrompida

Somente depois que as redes sociais denunciaram o leilão fajuto promovido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) multiplicaram-se as notícias, crônicas e artigos sobre o “Arrozão” nome dado na pia batismal da imprensa independente.

A compra de 263 mil toneladas de arroz importado (falou-se de Taiwan – Formosa) anunciada é injustificável, pois os produtores de Santa Catarina, Tocantins, Mato Grosso e do próprio Rio Grande do Sul garantiram que o grão estocado abasteceria o mercado consumidor sem nenhum problema.

O argumento mentiroso de que a negociata evitaria os impactos de uma alta do preço, esconde que se tal exploração viesse a ocorrer, o governo possuiria meios legais de coibi-la.

Na verdade, abriu-se a porteira para a entrada dos espertos que arremataram a compra, através de empresas que nunca participaram do comércio do arroz, a ARS Locação de Veículos e Máquinas, a Zafira Trading e a Icefruit Indústria e Comércio de Alimentos.

Neste cenário delinquente a presença do arroz lembra a fome como uma tragédia que ameaça, segundo dados, seiscentos milhões de pessoas na Terra e que a história pátria registra dolorosas ocorrências como a Grande Seca se 1877 que atingiu os estados Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e principalmente o Ceará.

“Fome” como palavra dicionarizada é um substantivo feminino de origem latina, “faminem”, a sensação fisiológica pelo qual o corpo percebe a necessidade de comer para manter a vida. Esta condição de fraqueza é devida à falta prolongada de alimento, uma carência que provoca a desnutrição.

O verbete tem figuradamente “desejos incontidos”, “ambição”, “avidez”, alertando para a fome do dinheiro que os políticos corruptos têm e retratada no romance “O Quinze” em que a escritora Raquel de Queiroz descreve o êxodo de retirantes nordestinos provocado pela a seca de 1915.

Desde aqueles tempos passados, o Brasil assiste outro tipo de fome, a fome da cobiça por propinas, desvio de verbas públicas e alcances no Erário, práticas sempre presentes nos governos populistas.

Pelo menos os dois últimos governos auto assumidos como de “direita” e “esquerda”, sem ser uma coisa nem outra, nunca pensaram em atender o povo pela conquista do pão; somente pela velha fórmula de pão e circo.

Esta constatação nos leva a distingui-los do presidente Itamar Franco, que apoiou em 1993 a Ação da Cidadania ciada por Herbert de Souza – o Betinho, autêntico cristão e patriota que conheci no XXV Congresso Nacional dos Estudantes quando, ainda jovem, mostrava seriedade no trato da coisa pública.

Sob a divisa “Quem tem fome, tem pressa”, Betinho reuniu intelectuais, artistas e jornalistas que assinaram “Carta de Ação da Cidadania” da qual originou o movimento de Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida.

Também não foi indiferente à fome o revolucionário Mao Tse Tung, que em discurso proferido em 1957, levou o pensamento de Confúcio ao marxismo, avaliando que cumpriria seu dever patriótico se conseguisse prover diariamente um prato de arroz e um copo de chá para todos os chineses.

Como se vê, várias filosofias têm abordagens sobre a fome, passadas de geração em geração como princípio humanista. Hoje, os chineses têm mais do que um prato de arroz, enquanto no Brasil o idealismo de Betinho morreu sem choro nem vela.

O que vigora entre nós agora, sem imanência nem transcendência, são manobras para evitar as denúncias virtuais que atropelam a imprensa mercenária. As redes mostram que não basta o Governo Lula suspender o leilão e demitir um secretário, para evitar o aprofundamento das investigações.

A Nação exige a CPI da Senhora Corrupção, porque o bode expiatório apontado, Neri Geller, já declarou que o crime veio de cima, da Casa Civil da Presidência da República.

DAS TRAPAÇAS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

O filósofo florentino Niccolò di Bernardo dei Machiavelli, conselheiro de ocupantes do poder na antiga Itália dizia que “o objetivo da política era manter a estabilidade social e do governo a todo custo”; e alertava: – “Aquele que engana sempre encontrará quem se deixe enganar”.

Maquiavel, como é mais conhecido entre nós, tinha razão em ambas colocações e no caso do enganador a sua afirmação tornou-se tão popular que o trapaceiro adquiriu o sinônimo de maquiavélico…

No dizer do fabulista, teólogo e advogado La Fontaine a Trapaça é uma “ciência” que atrai muitas pessoas a se especializar nela, e praticá-la. Dicionarizado, o verbete Trapaça é um substantivo feminino vindo da palavra latina Trapa, significando armadilha, e chega ao brasilês como cilada ou arapuca….

Encontramos corriqueiramente a designação de Trapaça para qualquer ação desonesta para enganar alguém, manobra astuciosa empregada para iludir. Leva-nos a constatar fraude, logro e má-fé.

Há quem considere a Astrologia uma pseudo ciência explorada por trapaceiros, mas esta alegação é desmentida por milhares de pessoas que creem nela. Um enorme balaio de personalidades históricas de épocas variadas, como Júlio César, papas medievais, Napoleão e, mais recentes, no século 20, Eisenhower e Hitler, consultaram astrólogos e acreditavam em horóscopos.

Contrariamente, temos o exemplo do general árabe, comandante do exército do califa Valid, que embora descrente, consultou um astrólogo; ouvindo que iria morrer em breve. Para esnobar o Consultor perguntou-lhe o que os astros diziam sobre a vida dele. Ouvindo-o dizer que teria uma vida longa, disse: – “Confio tanto no teu conhecimento dos astros que lhe quero sempre junto comigo doravante, peço-lhe, portanto, que me espere no além”; e mandou que o decapitassem.

Também incrédulo, o jornalista e escritor ítalo argentino Pittigilli escreveu uma crônica sob o título “Grafologia” considerada também como “ciência”, e também controversa. Exemplifica que um certo grafólogo respeitado por decifrar textos manuscritos e autógrafos, pedia apenas que classifiquem a autoria, se é masculina ou feminina.

O Cronista arrasa de cara tal situação, perguntando como saber do íntimo das pessoas se não sabe distinguir se a letra é de homem ou de mulher? E conta uma história que ocorreu na Itália levando ao grafólogo da polícia de Turin uma assinatura do maestro Toscanini, um dos mais aclamados musicistas do século passado.

O reconhecido desvendador de crimes julgou que a letra revelava indisciplina, inconstância e escassa sensibilidade. Imaginem faltar sensibilidade e disciplina de Toscanini, que certa vez disse a um oboísta: – “Cuidado, no ensaio da terça-feira passada, você omitiu uma pausa de fusa no quinto compasso!”

As ciências pouco científicas que se propõem explicar as ocorrências e acidentes vitais de um indivíduo ou decifrar futuras ocorrências são usadas por pessoas espertas, de quem se pode esperar qualquer ação ardilosa.

Mesmo sem ter lido os livros de autores clássicos, a gente pode citar seus aforismos, anedotas, frases e pensamentos divulgados à larga pelo Google, assim temos do erudito chinês Lu Wen Liang a passagem da mais criminosa trapaça conhecida, contando a história de um poeta que se tornou inimigo figadal de um cortesão levando-o a publicar um livro em pergaminho com uma denúncia contra o Crítico e enviou-lhe uma cópia impregnada de veneno, sabendo que ele costumava umedecer os dedos com saliva para folhear as páginas.

E o desafeto morreu antes de terminar a leitura. Isto ocorreu há novecentos anos. Hoje, manobras trapaceiras podem até ser legais, de Estado e de Governo, podendo ser aplicadas ao gosto dos ocupantes corruptos do poder.

Como exemplo, uma dupla trapaça aparece no cenário da tragédia climática ocorrida no Rio Grande do Sul. É do conhecido presidente Lula da Silva diante da hostilidade popular contra si.

Ouvindo o seu Goebblels (ao acordar) passou por cima do Agro, da legalidade e da opinião pública, resolvendo importar um milhão de toneladas de arroz, uma trapaça que se somou a outra, empacotando o produto com propaganda governamental.

O personagem brasileiro enriquece dessa maneira a sinonímia de trapaça, blefando, burlando, enganando como fez nos governos anteriores.

DAS MEDIDAS

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Lembro do tempo em que o alfaiate tomava a medida das pessoas e fazia um terno; e outro profissional tão antigo e, como o alfaiate, quase desaparecido, o chapeleiro, fazia um chapéu sem sequer conhecer o cliente, apenas com dados da cabeça dele.

Também o psicólogo – tira a medida do que está no interior do crâneo, revelando pelos medidores freudianos ou junguianos, verdades desconhecidas até pelo paciente…

Como verbete dicionarizado, “Medida” é um substantivo feminino de origem latina, particípio passado de Metire, “medir”. Define-se como uma determinada quantidade para avaliar dimensões ou frações mensuráveis.

Para medir grandezas físicas temos instrumentos, as unidades de medida que são: para o comprimento: metro (m), para a massa: grama (g) e para o volume: metro cúbico (m3).

Para quantificar a percepção humana, Platão nos trouxe um enunciado de Protágoras, filósofo e matemático grego, criador da corrente de pensamento conhecida como pitagorismo: “O homem é a medida de todas as coisas, das que são como são e das que não são como não são”.

Isto induz que se uma pessoa pensa que uma coisa é verdade, tal coisa é a verdade para ela; serviu de base filosófica para o dialeta materialista Heráclito, defensor de que o conhecimento humano pode ser alterado conforme circunstâncias mutáveis.

Heráclito formulou como exemplo que “ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não encontra as mesmas águas, e o próprio indivíduo já se modificou”.

Da sabedoria grega antiga concluímos que o ser humano tem o poder para determinar o valor ou significado das coisas, criando a sua própria realidade. E assim possuímos a  representação cultural de medidas políticas. Com elas temos a formação dos governos autoritários dispondo restrições e controle para a cidadania.

Com referência a estes critérios, sabemos que tais ações provocam reação dos defensores da liberdade de expressão que assumem nas redes sociais a luta contra a censura que o Governo Lula e seus sabujos no Judiciário e Legislativo tentam implantar.

Pela contradição no exercício de suas funções o Supremo Tribunal Federal, inoculou-se com o vírus da lerdeza coletiva, do interesse pessoal e permitindo a entrada da política no Tribunal, expulsando de lá a Justiça boa e perfeita.

É inegável que com isto fica escancarado o problema das decisões monocráticas. A questão é tão chocante que se põe à frente dos privilégios gozados pela magistratura – A mais cara do mundo –, e mantém nela um comportamento leniente enfermiço diante do crime e dos criminosos.

A febre do autoritarismo está a serviço dos aspirantes de uma “Democracia Relativa” com tremores doentios que levam um ministro do STF a dizer que as redes sociais não têm regulamentação. Ele ignora por falta de estudo ou acumpliciado com o totalitarismo, que já temos o Marco Civil da Internet, permitindo que qualquer juiz peça a retirada do conteúdo das redes a qualquer tempo.

Aliás, não é falta de estudo. Acho proposital a fala equivocada do ministro Alexandre de Moraes, pois julgo impossível seu desconhecimento de que o código penal tipifica os crimes contra a honra, a fraude e o estelionato, punindo-os em qualquer contexto, no tempo e no espaço.

Portando, qualquer crime cometido no mundo virtual pode e deve ser reprimido, investigado, e os culpados devem ser punidos. Não o fazer, alegando necessidade de repressão ou censura prévia, nada tem a ver com o Estado Democrático de Direito.

É por isto um dever da cidadania repudiar a volta da censura ditatorial, que só existe na cabeça de golpistas fanáticos de Bolsonaro ou defensores lulistas de “democracias efetivas e relativas”.