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Lições que não devem ser esquecidas

MIRANDA SÁ, e-mail: mirandasa@uol.com.br

Coube ao general Olímpio Mourão Filho deflagrar o movimento militar que derrubou o presidente João Goulart e implantou uma ditadura que se estendeu por 15 anos neste País. O general Mourão além de destemido era muito respeitado pelos seus contemporâneos de Escola Militar, mas tão modesto que se intitulou, numa entrevista como “Vaca Fardada”.

É dele um aforismo brilhante: “Ponha-se na Presidência um medíocre, louco ou semi-analfabeto e em 24 horas depois uma horda de bajuladores estará à sua volta”.

Isso se assenta confortavelmente na notícia de que “Dilma Rousseff igualou o recorde de popularidade de Lula em um terceiro mês de mandato”, como noticia da Folha de São Paulo ao divulgar as pesquisas do Datafolha.

É certo – e repetido à exaustão pelos espertos – que as pesquisas refletem um determinado momento, tem prazo de validade. No enfoque, porém, temos duas constatações marcadas como uma tatuagem:

Uma delas é que Dilma, como um imã, atraiu e ainda está atraindo toda massa de puxa-sacos do seu partido e da chamada base aliada, todos sedentos de atenção; seduz e fascina a classe política, ávida de usufruir as benesses do poder; e ocupa a mídia cotidianamente, projetando-se na massa popular.

O segundo sinal se baseia no ritualismo da antiga nobreza, que transmitiu uma sentença política que até hoje persiste: “Rei morto, rei posto”, o que materializa o fim da Era Lula, confinando o ex-presidente ao seu devido lugar.

Levando-se em conta que Dilma segura a caneta que nomeia milhares de cargos e funções sem concurso, rebaixa, transfere e promove agentes públicos, distribui sinecuras, concessões e vantagens no setor público e na iniciativa privada, fica translúcido de que a sua popularidade vai aumentar ainda mais.

Serão os pleitos municipais do ano que entra o grande teste para assistirmos a conquista final do poder pela criatura e os derradeiros espasmos do criador. O momento eleitoral vai sacudir a estrutura republicana com a eleição de 5.500 prefeitos e quase 100.000 vereadores.

É claro que o PT, partido do poder, vai querer consolidar bases municipais. Para quem irá apelar, para Lula ou para Dilma? Evidentemente que será para quem exerce efetivamente o poder.

Por outro lado, os congressistas que apóiam o governo na Câmara e no Senado se engajarão nas campanhas de seus estados, para garantir os atuais ou futuros cabos-eleitorais. Para isso, dependem de nomeações e aprovação de emendas orçamentárias, frutos do governo federal.

Esta verificação das forças eleitorais é um fato. Infelizmente, é um acontecimento que determina o império da politicagem, afastando a administração pública, federal, estadual e municipal, das suas reais funções.

No tempo de Lula, os seus áulicos e ministros, largavam tudo para eleger os favoritos, abandonavam os programas e projetos, desviavam recursos, enfim, faziam toda bandalheira para ganhar eleições.

Vamos ver se com Dilma será assim. Será que as reformas estruturais irão para o segundo plano, que os planos de erradicação da miséria ficarão engavetados e as mudanças no sistema previdenciário serão adiadas?

Vamos esperar para ver como é que fica. Só o tempo dirá.

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