Dá vontade de dizer: Ora, senhores, vão todos à…

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Abrindo aspas para Josias de Souza, jornalista e blogueiro. Ele escreve hoje na Folha sobre as acusações ao futuro senador Lobinho. Nós, assinamos embaixo.

“Atenção, caro leitor: o texto a seguir foi escrito em linguagem semichula. Não é recomendável que você o leia desacompanhado. Se for adulto, chame uma criança. De preferência com menos de cinco anos.

O corregedor-geral Romeu Tuma já arregaçou as mangas. O PSOL já se prepara para formular uma nova representação. Vai à berlinda, dessa vez, o futuro senador Lobinho (DEM) –aquele que herdou a cadeira do pai dele, o Lobão (PMDB).

Vai começar tudo de novo: Corregedoria, Mesa do Senado, Conselho de Ética, puxa, repuxa, escolhe o relator, manobra daqui, conchava dali… Notícias penduradas nas manchetes dos jornais por semanas a fio.

Não fosse o repórter um sujeito educado, mandaria todo mundo pra outro lugar: pro chuveiro, pros subterrâneos onde se encontram as almas dos pecadores, pro excremento ou até à presença daquela senhora que, no exercício da profissão mais antiga do mundo, deu à luz personagens que desconhecem o nome do pai.

Porém, o signatário do blog, por comedido, não costuma lançar mão de exortações extremas. Não seria de bom tom. Resta fazer apenas o que lhe incumbe: noticiar o fato e anotar o que está por vir. No caso específico, o repórter sugere aos seus 22 leitores que perguntem à criança que está do lado o que vai acontecer. Ela lhes dirá: “Nada.”

A criança descerá aos detalhes. Esclarecerá que, acusado, Lobinho vai uivar: eu não sabia de nada. Os aliados dirão que ele é inocente. Os adversários pedirão o escalpo dele. E a Mesa do Senado porá fim à refrega. Expedirá um despacho informando que, segundo a praxe do Legislativo, nenhum senador pode ser molestado por delitos praticados antes do início do mandato.

Submetidos a mais uma pantomima, os leitores, que não têm a mesma classe do repórter, pedirão à criança que deixe a sala. Depois, gritarão: “Ora, ora, senhores senadores, vão todos à…”

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