DOS SISTEMAS
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Surpreendeu-me encontrar entre as mensagens que recebo, oito delas pedindo uma resposta pelas minhas inúmeras citações sobre “Sistema Corrupto” nos artigos que venho publicando.
“Sistema”, sem adjetivação, é definido nos dicionários como um conjunto de elementos inter-relacionados e interdependentes agindo na mesma direção para conquistar um objetivo comum. Explicá-lo sofreu uma busca antiga, vem dos Vedas orientais até chegar a Kant ou Hegel, vindos nos ombros dos gigantes Platão e Aristóteles que filosofaram sobre o “todo” que se sobrepõe às partes comprometidas.
Traduzindo esta procura pela explicação dos sistemas, encontramos uma organização, “um todo”, em que a ação é superior à soma dos elementos particulares. No século18 o pensamento iluminista concluiu que a Natureza é um sistema, “um todo” fracionado com partes interdependentes, mas perfeitamente sincronizadas num concerto harmônico.
Assim surgiu a teoria da Interdependência, propondo que nenhum elemento de um Sistema funcione isoladamente, seja na organização ou no planejamento. Baseados neste postulado, os matemáticos trazem por meio de modelos formais, sistemas axiomáticos que compõe a consideração do que é certo ou errado.
Em paralelo, os psiquiatras e psicólogos exploram sistemas mentais, culturais e cognitivos para compreender crenças, identidade e mudanças, frequentemente utilizando conceitos como feedback, autorregulação e mentalidade conformada.
Nessa perspectiva, fica estabelecida uma arquitetura simbiótica de princípios, ideias e práticas, onde num Sistema é comparado com uma sociedade anônima, onde não há um comando personalizado, a chefia é oculta.
Assim concluímos que a divisão das tarefas de um Sistema é uma cadeia de comando coletivo unanimemente focado no objetivo desejado. Estudando, encontramos o Sistema de Governo com o poder político dividido de acordo com as funções sistêmicas de diferentes poderes. Conforme o regime adotado o Sistema sempre mantém um poder Executivo e um poder Legislativo; nas repúblicas democráticas aparece o Judiciário.
Os sistemas de governo têm um profundo impacto na forma como os cidadãos vivem, trabalham e interagem em uma sociedade. Sua estrutura e os seus princípios definem teoricamente as liberdades, direitos, deveres e o bem-estar dos cidadão. Indo à realidade conjuntural a cidadania está inserida e influenciada pelo Sistema de Governo através do qual as nações são organizadas e governadas.
De maneira geral, os sistemas de Governo agregam à administração pública diversos subsistemas, formando assim um novo sistema visto como parte de um sistema ainda maior, em alguns contextos, um suprassistema.
A complexidade e diversidade desses subsistemas refletem a natureza multifacetada da cidadania e a própria estrutura social. Ludwig von Bertalanffy na década de 1940 formulou a Teoria Geral dos Sistemas, buscando princípios universais aplicáveis a diferentes domínios científicos.
Pela teoria ludwiguiana se enquadra o crime organizado como um Sistema que funciona como um empreendimento econômico e político, com estrutura hierárquica, divisão de tarefas, uso de tecnologia e busca por lucro.
Facções criminosas, como o CV e o PCC no Brasil são exemplos de sistemas criminosos que atuam praticando diversas atividades ilícitas inclusive o terrorismo; na sua complexidade infiltra-se no Governo e no próprio Estado, corrompendo instituições políticas e funcionários públicos cobiçosos.
É por isso que não são isoladas as atividades criminosas dentro do Sistema de Governo, mas como um conjunto de ações coordenadas que se conectam, exemplificadas pelos perdões que o STF vem concedendo aos delinquentes sentenciados e punidos pela Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro.
Dessa maneira, poder invisível o Sistema de Governo Corrupto mostrou-se de corpo inteiro no caso do INSS, acobertando a fraude de entidades sindicais corruptas e tendo o fantoche Lula da Silva acumpliciando-se com a pelegagem sindical que roubou os aposentados e pensionistas.
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