O Caos

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“O homem, e os animais, e as flores, vivem todos dentro de um caos estranho e permanentemente revolto. É um caos ao qual nos acostumamos”. (D. H. Lawrence)

Na sua sublime insensatez, Lawrence busca poesia no caos do embaralhamento das palavras concluindo que “A poesia consiste em combinar palavras para fazê-las ondular e vibrar e colorir”. Se lhe contrapõe Machado de Assis, racionalmente organizado e categórico: “Palavra puxa palavra, uma idéia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução…”

Revolucionário anti-desordem, prefiro Machado, por que o caos é o imenso nada. Os antigos gregos consideraram isto a mais velha das formas de consciência, o começo de tudo. O Caos, levado à mitologia sem forma ou aparência, é um deus andrógino, trazendo em si a confusão do feminino e do masculino.

Como as complexas visões ancestrais do caos, um grupo de cientistas modernos aceita a “teoria do caos”, cujo fundamento é que uma ínfima mudança nas leis da natureza promoverá conseqüências futuras. O criador dessa tese, o meteorologista americano Edward Lorenz, afirma que a simples batida de um prego na parede influi no padrão das massas de ar.

Acreditando na força das alterações insignificantes, Lorenz enunciou que “o bater das asas de uma borboleta no Brasil poderia causar um tornado no Texas”. E batizou a sua teoria como “Efeito Borboleta”.

Pelo menos na literatura não há grande novidade nesta interpretação. Precederam à teoria de Lorenz, Balzac (O pai Goriot), Eça de Queirós (O Mandarim) e o nosso Machado de Assis com o seu conto “O enfermeiro”. O tema é conhecido como “o motivo do mandarim assassinado”.

Resumindo, trata-se de uma proposta: “Você ganharia uma fortuna se tocando uma campainha determinasse a morte de um mandarim nas fraldas do Himalaia”. (Era no tempo da China Imperial e dos mandarins)… Exploração ficcional da causa e efeito.

Nem a mitologia, nem a temática literária e muito menos o “Efeito Borboleta” serão capazes de explicar o enriquecimento aparatoso dos pelegos que conquistaram o poder no Brasil por um estelionato eleitoral. E que se mantêm no governo pela perda dos sentidos e a câimbra mental de muitos brasileiros.

A cidadania lúcida vê, ouve e se conscientiza de que a pelegagem enriqueceu e levou o País ao caos. Não só pela falência da Petrobras e outras estatais, nem pelo arrastão nos fundos de pensão, no superfaturamento das inconclusas obras da transposição do São Francisco ou no roubo nos bancos de sangue, medicamentos e merenda escolar!

No grande vazio da incompetência lulo-dilmista o bater das asas de sinistras mariposas bruxulearam o vírus da mentira e da fraude, exaltadas ao vivo e a cores pelos canais de televisão vendidos ao PT-governo. Doentiamente, governantes e parlamentares desmontaram os valores da moral e da ética, administrando e legislando em proveito próprio.

O descrédito do Brasil no concerto das nações é vergonhoso. E não se trata apenas da economia caótica, cuja palha de salvamento é o aumento criminoso dos impostos; está nos serviços prestados da pior qualidade. Somos um País onde os Correios fecham aos domingos, a guarda municipal folga nos fins de semana e os professores, somadas as férias e as greves, trabalham apenas seis meses no ano.

Somos um País onde os banqueiros se envolvem em fraudes – mesmo ganhando lucros exorbitantes –, lobista é sinônimo de ladrão e “consultor” é um arrecadador de propinas.

É ou não é um “caos”? O poeta Lawrence, nosso epigrafado, nos oferece uma saída poética: “… trata-se, em última instância, de um caos, iluminado por visões, ou não iluminado por visões”. Assim anteviu o impeachment de Dilma como uma assepsia que nos devolverá à normalidade econômica, política e psíquica!

17 respostas para O Caos

  1. S. Lincoln disse:

    Brilhante!

  2. Sergio Cláudio Britto disse:

    Na exposição do “Caos” vivido no Brasil, apresenta-nos um relato poético. Muito bom!

  3. Mévia disse:

    É O CAOS… DEFINITIVAMENTE, É O CAOS, QUE NOS SALVE O IMPEACHMENT

  4. Ajuricaba disse:

    E em meio ao caos, ainda precisamos manter a sanidade

  5. Maria de Lourdes disse:

    É o Caos!

  6. Deni disse:

    Somos um país que ainda muitos não tem vergonha na cara, o consolo, a cada geração o seu mal.

  7. Alvaro Santos disse:

    Toda a tirania se alimenta do caos. Lula se aproveita do caos para se perpetuar nos cérebros ocos simulando sua volta triunfal a este país demolido por sua ganância e prepotência.
    .
    Dilma virou nossa borboleta sem escafandro.Qualquer mero bater de suas asas nos entopem de custos e impostos impostos a nós por conta de sua incompetência latente.
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    Não há poesia ou jargão que defina o que o Lulismo fez para destroçar este belo país. Graças a petulância e a onipresença de Lula em todas as nossas mazelas e suas manipulações nas instituições que deveriam ser nossa ancora de sobrevivência como o Supremo e nosso ex 4 °.
    .
    Não é mau agouro, mas tirar Dilma será apenas um lanche. a refeição ainda terá que esperar muito,haja visto o estado deplorável em que nos encontramos financeira e moralmente falando.
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    Que Deus tenha piedade de nós…

  8. Estimado Professor Miranda Sá,
    Permita-me dizer-lhe que, Vossa Sapiência só poderia estar incorporando algum espírito dos notáveis citados no artigo “Caos”.
    ” deus andrógino, trazendo em si a confusão do feminino e do masculino” é a imagem perfeita para logomarca dessa plêiade de vagabundos ( há outro adjetivo que não comprometa meu vocabulário?Danem-se as repesá-lias legais,se vierem!) montados nos trÊs poderes desse gigante que nunca acorda e vive sendoespoliado por essa gente “com câimbra mental”.
    Esperamos que os espíritos de Davi,Alexandre,Bonaparte,Caxias,Castelo Branco,Costa e Silva,Garrastazu,não demorem a manifestar-se.
    parece que o flúor está agindo poderosamente na mente desses brasileiros(?) sentados como meros espectadores do caos.
    Deus lhe dê vida longa,professor !

  9. marilene marques disse:

    Miranda, não sei se já leu minhas observações de que venho guardando certos artigos para a minha posteridade. Este vai para minha pasta destinada a meus netos que crescerão e não encontrarão nenhuma destas informações na História do Brasil.

  10. Mônica Torres disse:

    E tenho dito!

  11. Mônica Torres disse:

    Parabéns, Miranda!
    A teoria do caos, descrita, parametrizada e completamente materializada nos limites do território brasileiro.
    Lido assim, com tanta clareza.. nem é preciso ilustrar…

  12. Cláudio disse:

    Muito bom !

  13. Rodrigo Cortes disse:

    Sem falar, que somos um país onde Banqueiro vai a falência e Torneiro Mecânico vira bilionário da noite para o dia, e seus amigos e parentes e amante nadam em dinheiro. Enquanto o povo, os serviços básicos e as instituições estão detonadas pelos desmandos, principalmente dos últimos 13 anos.

    Rodrigo Cortes

  14. marilene marques disse:

    Como se fosse em novelas da Globo!!!
    Mas, esta é a realidade retratada quem sabe pelas novelas, para mais uma vez iludir o povo que não tem outro divertimento?

  15. Vivemos em um Caos pois acredito que a Corrupção é a dimensão do problema, considerando para obter ganhos pessoais. Prejudicando a todos cuja a vida, sustento ou felicidade dependem da integridade das pessoas em posição de autoridades.Em alguns casos da corrupçãoe a hipocrisia trás consequências dessatrosas.
    A corrupção, negligência,hipocrisia foram, pelo menos parte , responsáveis pela enorme quantida de mortos no grande terremoto que assolou o Haiti em 2010. Pois prédios foram construídos com pouco ou nenhum parecer técnico de engenheiros, e sim com muito suborno dado ao chamado inspetores do governo. O crime em Mariana/MG é um dos Caos mais recente em nossa hitória e como todos sabem tem muito mais no Pará, Minas, Amazonas salvo engano.
    Será que os nossos governantes vão deixar acontecer para depois tomarem providências é muito lamentável.

  16. Rodrigo Cortes disse:

    E bem isso mesmo, Marilene Marques, o Brasil é uma “novela” da Globo, escrita e reescrita de maneira açucarada e mentirosa nas escaladas sociais.