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Mistura explosiva: Política e Religião

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Eu venho de longe, como dizia Brizola… Sou de um tempo em que a intolerância religiosa era tal que certa vez fui para frente de um templo protestante em Friburgo, ameaçado de ser apedrejado por uma procissão católica. E eu, ainda muito jovem na época, já não tinha qualquer opção religiosa…

Por total isenção, posso falar do Caso Feliciano, através do qual, pelas evidências, a gente adquire a certeza de que a mistura de política e religião é explosiva. Primeiro, vendo os políticos mariscarem sermões do Pastor para o seu rebanho – manifestações de sua crença – que nada teem a ver com a sua eleição para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Os adversários políticos de Feliciano não teem a preocupação de reconhecê-lo eleito legalmente pelos seus pares. Preocupam-se apenas com a sua filiação a crenças obtidas em textos bíblicos, sem ao menos saber como seria (ou será) o seu comportamento político na CDH.

Do outro lado, o pastor-deputado sofre de incontinência verbal. Quando defende os seus princípios extremistas e dogmáticos diz coisas que agradam à minoria extremista e o põem ao lado dos aiatolás iranianos sonhando com uma teocracia…

Em termos políticos, porém, Marcos Feliciano transformando-se de uma hora para outra em liderança nacional, mostra-se coerente e combativo, principalmente com coragem (e bota coragem nisso) de enfrentar a onda gay e o xiitismo petista.

A onda gay é planetária, mas – infelizmente – controlada por uma fração instigante e aliciadora. Mas não é possível nos dias libertários de hoje, aceitar a discriminação a homo-afetividade no Brasil, sempre tolerante aos critérios de preferências pessoais de todos os gêneros…

Heterossexuais e homossexuais são cidadãos com direito a adotar a opção sexual que lhes aprouver; e a única coisa de ruim nisso tudo é a adoção midiática de um vago e discutível “politicamente correto” imposto pela minoria radical ora influente nos negócios públicos.

Assim tolhe-se o direito de uns e outros manifestarem opiniões a respeito de determinados valores sociais, políticos e religiosos, ao serem instigados a se manifestar, mas, na minha opinião, perderá a razão quem partir para o lado pessoal, tolher os direitos estabelecidos ou cair no campo da difamação.

Marco Feliciano, repito, foi eleito para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e exige o direito de continuar no cargo. O órgão que preside lhe apóia e respeita-o, como se viu quando manteve a decisão de realizar reuniões fechadas na comissão, impedida disto por manifestações hostis.

O colégio de líderes da Câmara convocou o Deputado pastor para uma reunião onde ele manteve sua disposição de continuar na presidência da CDH. E assumiu uma posição elogiável politicamente: abriu a perspectiva de deixar a presidência da comissão se os mensaleiros condenados pelo STF, João Paulo Cunha e José Genoino saírem da Comissão de Constituição e Justiça.

Eis uma autêntica posição ‘politicamente correta’, porque muitos do que o condenam silenciam ante a deformação da CCJ, acoitando sentenciados da justiça. Assim, Feliciano dividiu as lideranças, defendido pelos representantes do PMDB, PR, PSD, PRB e PMN.

A seguir, recebeu uma moção de apoio da Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB), que reuniu em Brasília 24 mil pastores credenciados.

Finalmente, encontro outro ponto de equilíbrio político de Feliciano. Foi quando a ministra Maria do Rosário interveio no problema – ferindo o princípio republicano de independência dos poderes. Ela disse que ele era intolerante e pregava o ódio social, e recebeu uma resposta condigna: “É um elogio ela falar mal de mim. Ela é a favor do aborto e nunca a critiquei por isso”.

Ao separar a religião da política, o pastor Marco se comporta melhor que seus adversários, impedindo uma explosão indesejável repudiada pelos que teem formação intelectual livre e consciência da cidadania.

2 respostas para Artigo

  1. Belo texto professor.

  2. Ronaldo Macedo disse:

    Isento e bom. Só isto.