Artigo da 2ª n’O Jornal de Hoje (Natal/RN)

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Por falar em direitos humanos…

MIRANDA SÁ (e-mail: mirandasa@uol.com.br)

Herdeira da sórdida política internacional de apoio a ditadores que o Itamaraty praticou na Era Lula, Dilma dá continuidade ao que o comissário Marco Aurélio “Top-Top” Garcia chama diplomacia de resultados, imitando o pelego Paulinho da Força, criador da “política de resultados”.

Fala-se tanto em mudança de atitudes e comportamento da Presidente em relação ao Ex, mas esquece-se que nas questões de princípio pouco ou nada mudou. Veja-se e registre-se a viagem de Dilma à China.

Acompanhada de uma fieira de caranguejos oportunistas, assessores de coisa alguma, empresários deslumbrados e cortesãos carreiristas, Dilma não mexeu uma palha sequer em direção aos direitos humanos que ela e o seu partido tanto apregoam.

Um recente editorial de um dos grandes jornais paulistas, não me lembro se das Folha ou do Estadão, disse que “hipocrisia é rima fácil para diplomacia” e que o Brasil leva essa combinação ao extremo, “que vai do irracional ao ridículo vergonhoso”.

Concordo plenamente com esta colocação, principalmente na abordagem deste artigo, os “direitos humanos”, jogando perguntas no ar: “Porque Dilma não cobrou do governo chinês respeito aos dissidentes, permitindo-lhes a liberdade de expressão do pensamento?”

É de agora, recente como as manifestações democráticas do Norte da África e do Oriente Médio, uma série de prisões de contestadores ocorridas na China. São 54 até hoje. Entre eles, dois notáveis, o pintor Ai Weiwei e o intelectual Liu Xiaobo, Prêmio Nobel da Paz.

O artista Weiwei, filho do renomado poeta Ai Qing, é conhecido no Ocidente pelos seus quadros e vive da venda deles. É acusado de “crime financeiro”; o ex-professor de literatura Liu Xiaobo é um conhecido combatente pela liberdade, tendo passado os últimos vinte anos entrando e saindo de prisões.

Dilma não comparou, como Lula em Cuba, presos de consciência com bandidos comuns, mas não disse uma só palavra em defesa daqueles que encarnou durante a ditadura militar.

Nos futuros passeios da Presidente – alguns talvez estendidos às ditaduras – já sabemos que não se pode esperar dela uma atitude de liderança mundial em defesa dos direitos humanos, coisa que o Império Norte-Americano, com todos os seus defeitos faz.

E não só para aproveitar circunstâncias comerciais a falta de comparecimento do PT-governo ao campo do humanismo. Há pouco tivemos uma confusão entre o Planalto e a OEA, que pediu a suspensão das obras da usina de Belo Monte, em defesa das comunidades mistas e índios da região, ameaçados de expulsão do seu habitat.

Antes, os EUA já haviam se manifestado no relatório anual do governo sobre os direitos humanos, uma veemente condenação à violência policial, execuções e torturas, que ocorrem aqui.

A reação de dona Dilma e do seu governo foi impressionante. No caso dos EUA, respondeu-se que faltava moral àquele governo para falar de transgressões em outros países; e com relação à OEA, a balbúrdia foi maior, envolvendo o Ministério da Defesa e provocando uma dura nota do Itamaraty.

Nem num caso, nem no outro, tocou-se no âmago da questão. Não se reconheceu à agressão ao meio ambiente que a usina de Belo Monte inevitavelmente causará, nem na cultura policialesca instalada entre nós.

Por falar em direitos humanos, exclua-se desta o PT-governo e a presidente Dilma.

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