Artigo publicado n’ O JORNAL DE HOJE (Natal/RN)

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A Petrobras também produz mentiras

MIRANDA SÁ, jornalista
E-mail: mirandasa@uol.com.br

É possível que até os lulistas-petistas e os idiotas se lembrem da maciça propaganda governamental que alardeou pelos quatro cantos do país a auto-suficiência da Petrobras. Essa mentira deslavada de Lula da Silva não pode cair no esquecimento público porque um povo que não tem memória é presa fácil de tudo que é contrário à razão e ao bom senso. Favorece o fim das liberdades da cidadania e a destruição da democracia.

Assim sendo, não custa repetir à exaustão que os milhões de reais gastos na festa da auto-suficiência foram um engodo, outro estelionato eleitoral para reeleger o Pelegão que, segundo o professor Ricardo Antunes, da Unicamp, foi uma liderança operária e sindical que “sofreu um transformismo tão grande que lhe desfigurou a própria alma”.

Em minha opinião, Lula nunca mudou. Seus admiradores obreiristas é que abriram os olhos. Aos poucos a miopia política da esquerda de botequim foi salva pela implantação das lentes da realidade.

No caso da Petrobras, por exemplo, foi uma sorte que os sindicatos das categorias da empresa não fossem controladas pelo PT-partido, mas pela rapaziada do PC do B, que cometem lá seus equívocos, mas mantêm os princípios que construíram, mantiveram e ampliaram a força da estatal, sempre ameaçada pela avidez imperialista. Lembro-me que em 2002, o sindicato dos engenheiros chamou a atenção para a promessa demagógica do então candidato Lula da Silva de entregar à indústria naval brasileira a construção das plataformas de exploração marítima do petróleo.

Como Lula, além de analfabeto é ignorante, transformou o discurso eleitoral em política de governo, e está dando o maior prejuízo, obrigando a Petrobras a frear seus investimentos, rever sua logística e pagar mais caro pelos equipamentos de que necessita para cumprir suas metas de produção.
Isso tudo no meio de uma espiral altista do preço internacional do petróleo, o que realça as dificuldades enfrentadas por deficiências técnicas de produção que atravancam a execução dos projetos. A demanda crescente impede o cumprimento dos prazos e o atendimento em matéria de controle de qualidade e previsão dos preços. Por outro lado – igualmente negativo – temos um aumento generalizado de encomendas internacionais de equipamentos de prospecção e exploração, acarretando a revisão das previsões e o aumento dos preços e dos prazos para entrega dos produtos necessários.

Em razão dessas dificuldades, principalmente do atraso na implantação de novas plataformas, a produção nacional cairá no fim do ano, registrando menos 380 mil barris diários, abaixo, portanto do planejamento de 2,22 milhões de barris por dia. Admitindo que se mantenha o preço médio de US$ 60 o barril, a receita cairá sendo menor US$ 8,3 bilhões do que estava previsto.

Este quadro deve somar também a queda da produção no exterior nos últimos dois meses, cujo total foi de 1, 897 milhão de barris por dia, 1,8% menor do que o de agosto e 1,6% menor do que o de setembro de 2006. No caso da produção nacional, tivemos em setembro 1,77 milhões de barris diários, com uma ligeira queda de 2,1% em relação ao mês passado.

Isto é muito triste para quem veste a camisa da Petrobras. Eu, por exemplo, que entrei para a torcida nos anos quarenta do século passado, enfrentando a repressão na campanha do “Petróleo é nosso” venho sofrendo demais com isto. A tristeza dos patriotas e a História pouco interessam aos deslumbrados pelegos que chegaram ao poder com Lula da Silva e sua troupe de mensaleiros, companheiros aloprados e picaretas do Congresso Nacional.

Até agora só vejo uma compensação para tantas lutas e apreensões defendendo a independência econômica do Brasil, onde a Petrobras seria o carro-chefe. É que apesar de tudo os petroleiros – que tanto apostaram em Lula da Silva – estão em sua maioria arrependidos e envergonhados. Arrependidos pelos primeiros apoios cegos e omissões no aparelhamento da empresa, nomeando diretores políticos do PT, indicados por ter perdido eleições, e aliados do PT-governo, geralmente pouco confiáveis na aplicação das verbas em contratos com empresas terceirizadas.

Envergonhados também os petroleiros, como todos os patriotas brasileiros nos achamos, impotentes para impedir o aprofundamento do oportunismo, da incompetência e a supervalorização na cotação de mentiras prospectadas e produzidas como nunca antes neste país…

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