Poesia

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Gozo e Dor

 

Se estou contente, querida, 

Com esta imensa ternura 

De que me enche o teu amor? 

– Não. Ai não; falta-me a vida; 

Sucumbe-me a alma à ventura: 

O excesso do gozo é dor. 

Dói-me alma, sim; e a tristeza 

Vaga, inerte e sem motivo, 

No coração me poisou. 

Absorto em tua beleza, 

Não sei se morro ou se vivo, 

Porque a vida me parou. 

 

É que não há ser bastante 

Para este gozar sem fim 

Que me inunda o coração. 

Tremo dele, e delirante 

Sinto que se exaure em mim 

Ou a vida – ou a razão. 

 

 

Almeida Garret (1799-1854)

 

O Poeta

 

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, nasceu no Porto em 1799. Em 1809 partiu para a ilha Terceira devido às invasões francesas. Em 1816 foi estudar para a Universidade de Coimbra em 1816, frequentando o Curso de Direito. As suas influências liberais datam dessa época, no contato com outros universitários. Em 1821 editou a sua primeira obra, o poema “O Retrato de Vênus”, que foi considerado ultrajante pela censura, tendo Garrett sido obrigado a comparecer a tribunal.

Foi também no ano de 1821 que subiu ao palco a sua tragédia “Catão”, drama construído à maneira clássica. Com a Vila Francada, exilou-se na Inglaterra em 1823, onde entrou em contato com a literatura romântica (Byron e Walter Scott).

Em 1825 publicou em Paris “Camões”, obra marcante para o Romantismo português. Em 1826 publicou “Dona Branca”. Após a guerra civil, foi nomeado cônsul geral em Bruxelas. Estudou a língua e a literatura alemãs (Herder, Schiller e Goethe).

Saiba mais sobre Almeida Garret, aqui

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