Poesia

A uma platéia
O cedro foi planta um dia,
Viço e força o arbusto cria,
Da vergôntea nasce o galho;
E a flor p’ra ter mais vida,
Para ser – rosa querida –
Carece as gotas de orvalho.
Com o talento é o mesmo
Quando tímido ele adeja
– Qual ave que se espaneja –
Como a flor, também precisa
Em vez do sopro da brisa
O sopro da simpatia
Que lhe adoce os amargores,
Para em horas de cansaço
Na estrada que vai trilhando
Encontrar de quando em quando
Por entre os espinhos – flores.
E vós que acabais de ouvi-lo
A suspirar nesse trilo
No seu gorjeio primeiro;
Vós, que viste o seu começo.
Dai-lhe essas palmas de apreço
Que é artista e… brasileiro!
Casimiro de Abreu
O Poeta
Casimiro José Marques de Abreu, filho de um português comerciante e dono de terras no Rio de Janeiro, nasceu em 1839 na Barra de São João, R.J. e faleceu no mesmo local em 1860. Estudou Humanidades em Nova Friburgo, curso que não completou, abandonando para se dedicar ao comércio junto com o pai. Fato esse que o deixou bastante deprimido.
Viajou para Lisboa, lugar onde viveu entre os anos de 1853 e 1857 e viu sua peça “Camões e o Jau” obter um certo êxito. De volta para o Brasil, no ano de 1859, assistiu seu único livro de poesias, “Primaveras”, ser publicado às custas do apoio financeiro paterno. Morre um ano depois, vítima de tuberculose, na fazenda de sua família.
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