ANÁLISE
Um enigma dentro de um mistério
A menos de dez dias das eleições municipais ninguém duvida mais de que boa parte da sorte de 2010 repousa nas urnas de 5 de outubro de 2008. Apesar da imensa popularidade do presidente Lula, caso ele não se candidate a um terceiro mandato, conseguirá transferir votos para Dilma Rousseff? Disporá o PT de condições para impulsionar a candidata, se não eleger um razoável número de prefeitos das capitais e das grandes cidades?
Tome-se São Paulo, onde o Lula já percebeu haver-se transformado na pedra de toque das eleições presidenciais e, por isso, desdobra-se para alavancar os companheiros. Na capital, os ventos sopram favoráveis a Marta Suplicy, ainda que sua vitória vá depender do segundo turno. Mas nas nove cidades da Grande São Paulo, por enquanto o PT lidera as pesquisas em cinco. Parece pouco, quando se compara essa vantagem com os números das demais cidades paulistas com mis de 200 mil habitantes.
O PSDB deve vencer em 195. O PMDB, em 89. O DEM em 74 e o PTB em 65. O PT surge em quinto lugar, com 57 preferências. Daí a importância para o presidente Lula de eleger Marta, batendo o adversário José Serra em seu reduto principal, mas obrigado a aumentar o número de vitórias em outras cidades grandes. Dessa forma Dilma poderia decolar, ainda que vá permanecer até 2010 outro enigma dentro de outro mistério: um presidente da República, mesmo popular, transfere seus próprios votos?
Carlos Chagas, jornalista
Comentários Recentes