SÓ FALTA PRIVATIZAR NOSSAS CASAS
Vamos imaginar o cidadão comum, aquele que não agüenta mais pagar impostos, sofre com a prestação da casa própria comprada no subúrbio e protesta contra a perda aquisitiva de seu salário. Já tirou os filhos do colégio particular, vendeu o Fusquinha por conta da alta da gasolina e ignora como saldar os débitos com o cartão de crédito e o cheque especial.
De repente, surge diante dele um desses arrogantes cobradores e propõe a solução: a privatização. Por que o indigitado companheiro não privatiza o quintal, inclusive o galinheiro? Como não vai chegar, o remédio será privatizar a cozinha. Sua mulher não vai gostar na hora de fazer café ou preparar o almoço, pois precisará pedir licença aos novos donos e aguardar a hora de ferver a água, mas outra alternativa não há.
Mesmo assim, não adiantará. Deve ele, então, privatizar a sala e o quarto dos filhos. Mesmo sujeito a ver a filha privatizada junto com os móveis, acaba cedendo. Não demora muito e a família será obrigada a se mudar para o quartinho da empregada, mas privatizar é a solução.
Guardadas as proporções, o País vive o mesmo drama. Sob a chancela do sociólogo, e com a adesão do torneiro-mecânico, privatizaram o subsolo, as telecomunicações, os portos, as rodovias, os bancos, os monopólios ligados à soberania nacional e, agora, avançam na agressão ao próprio território nacional.
Fonte: Carlos Chagas
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