Arquivo do mês: junho 2016

William Butler Yeats – Quando fores velha

Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,

Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram teus olhos, e com as suas sombras profundas;

Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;

Inclinada sobre o ferro incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou
E em largos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.

 

Para saber mais sobre Yeats clique http://www.culturapara.art.br/opoema/williambutleryeats/wbyeats_db.htm

 

Dizzy Gillespie e The United Nation Orchestra

https://youtu.be/cRvUyMpoQgA

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CARROSSEL

MIRANDA SÁ (E-Mail: mirandasa@uol.com.br)

“Dançou-se muito no baile da Ilha Fiscal, mas o que os convidados não imaginavam, nem o imperador D. Pedro II, é que se dançava sobre um vulcão” (Veja na História)

Toda vez que registro o rodopio do movimento feminista conquistando espaços na mídia sobre problemas diversos, seja do machismo à ‘cultura do estupro’, fujo ao debate para não provocar parentes e amigas que embarcam neste carrossel…

Vejo, na esteira da minha experiência, que a atuação desse bando minoritário do feminismo é de grupo de pressão do lulo-petismo bolivariano, como são os ‘afrodescendentes’ do movimento negro ‘made in USA’, que imagina racismos de conveniência. E também os meio-ambientalistas de última hora defendendo o mico leão dourado que voltou e se multiplicou na Mata Atlântica.

Não me contenho, porém, ao ver que as mesmas denunciantes da ‘cultura do estupro’ venham defender o Ministério da Ciência e Tecnologia lembrando o Viagra, a droga da ereção, exaltação da potência machista.

O pior dessa agitação barata, foi a exibição de um cartaz referindo-se a Michel Temer – com uma esposa mais nova – como dependente da pílula azul… Já imaginaram se anti-petistas levantassem faixas sobre a hipótese de Dilma ter furor uterino e divorciou-se de um marido impotente?

A exibição manifesta do combate ao estupro veio num dia e, no dia seguinte, aparece a defesa do Viagra levando o extremismo feminista àquele ‘círculo vicioso’ que me inculca desde os tempos em que estudava Matemática.

Foi o matemático francês Henri Poincaré quem primeiro usou a expressão “cercle vicieux” na rejeição das definições impredicativas, que definem um elemento em termos viciosamente circulares. Fora da Matemática, o círculo vicioso é usado com o significado de uma coisa sem fim, um fato permanentemente inacabado, a continuidade de casos problemáticos. E me lembra um carrossel.

Esse brinquedo tradicional dos parques de diversões e festas da do interior diverte muitas pessoas. A embriaguez mecânica dos sentidos é especialmente atrativa para as personalidades epileptoides, fenômeno que nos fascinava quando éramos crianças com gritos de alegria e … Vômitos.

A máquina giratória dos cavalinhos surgiu no final do séc. XVIII, e virou moda na corte francesa, durante o reinado de Henrique IV.  A origem do nome ‘Carrossel’ vem de um faustoso espetáculo do tipo torneio, que se promovia na época.

O carrossel tem semelhança com o círculo vicioso, e aparece até num desenho animado brasileiro produzido e exibida pelo SBT e coprodução da SuperToons, adaptado da telenovela mexicana homônima.

Girando sempre, com círculos e círculos, alguns estonteadores, a política brasileira foge dos padrões retilíneos dos países mais avançados. Veja-se o caso atual das delações premiadas: A defesa de Dilma requereu à Comissão Especial do Impeachment no Senado a inclusão das delações premiadas de Sérgio Machado; recebeu efusivos aplausos dos senadores petistas. O pedido foi recusado pela presidência da Comissão.

Quatro dias depois, o senador Aluízio Nunes demandou um pedido idêntico, solicitando a inclusão das denúncias da Odebrecht e da OAS no processo; os mesmos senadores petistas que aplaudiram a medida anteriormente, reagiram com virulência para impedir a juntada da delação de Marcelo Odebrecht.

Trata-se ou não de um círculo vicioso esta contradição petista montada nos cavalinhos do carrossel político? O que se via antes, perdeu-se de vista para ver-se de novo na outra volta… Não é por acaso que os fanáticos defensores de Lula, Dilma e do PT são apelidados de ‘militontos’, resultado da tonteira de girar em torno de Lula.

A rica língua portuguesa registra o verbo ‘valsar’, dançar valsa girando pelo salão. As voltas que os lulo-petistas e seus colaboradores dão na dança da corrupção estão chegando ao fim. Lembram o último baile da Ilha Fiscal.

Como diria Mussum, fala Serys!

A classe política brasileira começou a se autodestruir, sem perceber, em 2006

(José Padilha, cineasta)

O pontapé inicial foi dado por uma senadora de nome impronunciável: Serys Slhessarenko. Envolvida com a máfia dos sanguessugas, esquema de fraudes em licitações na área da Saúde, Serys participou também da fundação do PT no Mato Grosso. Arrisco dizer que sem essas qualificações a semente que ela plantou jamais teria dado os frutos que o Moro colheu.

Seja como for, no ano de 2006, uma nuvem negra pairava sobre Brasília. O escândalo dos sanguessugas virou CPI, e a CPI recomendou a cassação de 72 parlamentares, dentre os quais a própria senadora. Um recorde que resiste até hoje.

Graças a Deus a ética dos nossos parlamentares nos salvou. Sem isso, o Brasil ainda seria o país da impunidade. Mas a nossa sorte estava mudando. Serys e todos os demais acusados foram absolvidos. Serys, inclusive, foi citada em matéria desabonadora da revista “Veja”, o que engrandeceu ainda mais a sua biografia petista. Era maio de 2006, e nossa heroína ia de vento em popa. Com a fama que havia adquirido, como é que algum corrupto poderia imaginar que ela iria fazer o que fez?

Serys escolheu o dia 23 de maio, data em que Fidel se tornou o primeiro estrangeiro condecorado na União Soviética e que Simon Bolívar foi proclamado o Libertador da Venezuela, para agir. Na calada da noite, apresentou ao Senado o fatídico projeto de lei 150/06. Seu objetivo? Dar efetividade jurídica ao uso da delação premiada na investigação dos crimes de corrupção no Brasil. Seus motivos? Fazer justiça? Fazer demagogia?

Seja como for, o projeto de Serys tramitou no Senado por três anos sem que nenhum dos corruptos lá presentes desconfiasse do poder destrutivo da matéria em questão, até ser enviado para a Câmara dos Deputados em 9 de dezembro de 2009, Dia Internacional da Luta contra a Corrupção. O destino deu a dica, mas os corruptos comeram mosca. O 150/06 foi então renomeado PL 6.578/2009 e encaminhado para avaliação da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados. A comissão se debruçou sobre o tema por três anos, sem perceber o mal que a espreitava, talvez por acreditar no DNA de sua autora. Foi assim que no dia 5 de dezembro de 2012, seis anos depois de sua criação, o projeto de Serys finalmente chegou ao plenário. Ninguém sabe se foi suicídio ou burrice coletiva, mas o quorum e a maioria necessários para a sua aprovação foram garantidos pelo PT e pelo PMDB, a base parlamentar do governo de Dilma e de Temer.

Uma vez aprovado, o projeto retornou ao Senado, de onde foi remetido para sanção presidencial. Doze anos depois de ter nascido, no dia 1º de agosto de 2013, o projeto de Serys finalmente chegou às mãos da pessoa que Deus (ou será que foi Lula?) havia escolhido para recebê-lo: Dilma Rousseff. Não se sabe se Dilma leu ou não leu a papelada. Se leu, não entendeu, posto que sapecou-lhe o jamegão, sancionando assim a lei ordinária 12.850/2013.

Será que Serys, os senadores que aprovaram o PL 150/06, os deputados que votaram o PL 6.578/2009, e a presidenta que sancionou a lei 12.850/2013 sabiam o que estavam fazendo?

As evidências sugerem o contrário, tendo Dilma, inclusive, comparado os delatores da Lava-Jato a Joaquim Silvério dos Reis, o homem que traiu Tiradentes. Tenho certeza de que todos os corruptos da política brasileira se sentem traídos como ela, mas isso não justifica tamanha injustiça. Não, a verdadeira traidora da classe política brasileira é a ex-senadora Serys Slhessarenko. Foi ela quem criou a lei da delação premiada, foi o pontapé dela que acertou o forevis da Dilma. A Cesar o que é de Cesar e a Serys o que é de Serys. Que lhe sejam outorgadas as ordens do Barão do Rio Branco e do Cruzeiro do Sul. Foi ela quem nos libertou da classe política escrota que sempre nos fez de otários.

José Padilha é cineasta

 

CULTURA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br

“Algo anda mal na cultura de um país se os seus artistas, em lugar de se proporem mudar o mundo e revolucionar a vida, se empenham em alcançar proteção e subsídios do governo” (Vargas Llosa)

O conceito de cultura é tão abrangente que traz no seu bojo – entre centenas de produções sociais – cantores, compositores e artistas globais… Seria enfadonho listar o grande número de atividades culturais desde o folclore até o acadêmico, passando por artesãos, arquitetos, editores, escritores, escultores, desenhistas, fotógrafos e cinegrafistas, cineastas, lapidadores, matemáticos, músicos, pintores…

A discussão que se faz no Brasil é sobre privilégios. O dito Ministério “da Cultura” não alcança as massas; e a Lei Rounet, que priva o Estado da arrecadação de tributos, principalmente das grandes empresas, inclusive multinacionais, privilegia pessoas que faturam duplamente; embolsam a verba e cobram ingressos para espetáculos.

Que faz o Ministério da Cultura, se estão sucateados ou terceirizados bibliotecas, centros de pesquisa, museus, salas-de-cinema até jardins zoológicos – que oferecem conhecimentos na prática e coletivamente? Os “artistas Rouanet” não leem: A Biblioteca Nacional está em obras há cinco anos, e nunca protestaram.

Gostaria de mostrar cultura aqui neste pobre Brasil no século 16, implantada pelos jesuítas nas Missões do Rio Grande do Sul; infelizmente não completei ainda a pesquisa sobre elas; então, peço licença a H. G. Wells.

Este grande romancista e divulgador da chamada ficção científica – com livros que se popularizaram, como “A Máquina do Tempo”, “O Homem Invisível”, “A Guerra dos Mundos” e “A Ilha do Dr. Moreau”, escreveu uma notável História Universal –  The outline of History: Being a Plain History of Life and Mankind.

Nela, Wells nos dá um exemplo de arrepiar; o legado de Alexandre – O Grande. O guerreiro macedônio, que reinou 13 anos, tem realizações espantosas. Após a invasão do Egito fundou Alexandria, e lá deixou o general Ptolomeu que com ele foi discípulo de Aristóteles. Ptolomeu assumiu a direção do Egito como o faraó Ptolomeu I.

Para não estendermos muito, aprendemos com Wells que em Alexandria, no século IV AC, foi fundada a primeira universidade do mundo; um colégio que reuniu sábios de vários países, e um Museu ainda invejável. No conjunto arquitetônico nasceu também a célebre Biblioteca que mantinha uma livraria.

Imaginem: Sem papel nem gráficas, os escritos eram copiados à mão em pergaminho, às centenas; adotaram o grego desprezando os hieróglifos. Através dos judeus da diáspora que a transmitiam oralmente, a Bíblia foi escrita e divulgada na Europa.

Acorriam centenas de jovens para aquele centro cultural em busca de conhecimentos, encontrando um lugar, inexistente na época, onde além da ciência e da cultura, encontravam um sistema universitário sem discriminações de qualquer espécie. Ali se misturavam nacionalidades e raças, com liberdade de religião e culto.

Daria para acrescentar outros magníficos exemplos de cultura, mas, mesmo parando por aqui, vemos que em 13 anos Alexandre deixou uma herança cultural respeitável e invejável, o que não se viu nos 14 anos do PT-governo. Os pelegos fascistóides discriminaram e beneficiaram somente uma minoria de apaniguados.

Usufrutuária de verbas públicas, a pelegagem defende ruidosamente os benefícios como grandes agitadores, e, em vez de revolucionar a cultura levando-a as massas, se empenham somente em conquistar subsídios do Estado

Infelizmente influenciaram o novo governo para revogar o fim de um ministério dito “da Cultura” que não existe em nenhum dos países avançados do mundo.