Arquivo do mês: outubro 2014

Augusto dos Anjos

Canto de Agonia

Agonia de amor, agonia bendita!
– Misto de infinita mágoa e de crença infinita.
Nos desertos da Vida uma estrela fulgura
E o Viajeiro do Amor, vendo-a, triste, murmura:
– Que eu nunca chore assim! Que eu nunca chore como
Chorei, ontem, a sós, num volutuoso assomo,
Numa prece de amor, numa delícia infinda,
Delícia que ainda gozo, oração, prece que ainda
Entre saudades rezo, e entre sorrisos e entre
Mágoas soluço, até que esta dor se concentre
No âmago de meu peito e de minha saudade.
Amor, escuridão e eterna claridade…
– Calor que hoje me alenta e há de matar-me em breve,
Frio que me assassina, amor e frio, neve,
Neve que me embala como um berço divino,
Neve da minha dor, neve do meu destino!
E eu aqui a chorar nesta noite tão fria!
Agonia, agonia, agonia, agonia!
– Diz e morre-lhe a voz, e cansado e morrendo
O Viajeiro vai, e vê a luz e vendo
Uma sombra que passa, uma nuvem que corre,
Caminha e vai, o louco, abraça a sombra e… morre!
E a alma se lhe dilui na amplidão infinita…
Agonia de amar, agonia bendita!

 

Biografia de Augusto dos Anjos aqui

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João Nogueira – Nó na Madeira

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LIBERDADE

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Defensor extremo da liberdade aproveito o que nos resta da expressão livre na Rede Social para refletir sobre as ameaças concretas contra ela. Enfrentamos o estratagema lulo-petista de manter um poder duradouro sob a máscara de uma “democracia popular”. Este prenúncio vem com o decreto 8243, que substitui a democracia representativa do Poder Legislativo pelos “conselhos populares” controlados pelo PT-governo.

Tratei disto em vários artigos. A denúncia contra a marcha totalitária do PT e seus aliados, sofre a crítica ferrenha de pessoas equivocadas, sugestionadas há 12 anos pelos ocupantes do poder.

Pouco se me dá sofrer os ataques de quem quer trocar a sociedade democrática por leis disciplinadoras para a imprensa, e prescrições sociais, por autoridades cujo único interesse é o poder pelo poder.

Já surgiram abortos legislativos tipo Marco Civil da Internet, que institui cibercrimes de responsabilidade civil a usuários da Rede Social. Nele, as denúncias se farão em nome da “segurança da informação”, mas que poderão ser usadas, ao sabor dos governantes, em defesa da “segurança nacional” deles…

Mantendo a hegemonia no governo, o PT traz no seu programa propostas de controle da mídia, submetendo jornais ao domínio governamental e sujeitando jornalistas à “disciplina” (!?). Isto seria o fim do jornalismo investigativo, criticado publicamente pela presidente Dilma, impedindo-se levar à opinião pública as denúncias de crimes de peculato e extorsões na administração pública.

Como enfrentar sem liberdade a marcha batida para uma ditadura de nova roupagem? É preciso, como ensinou Montesquieu, que os poderes republicanos sejam independentes e iguais, para que o poder freie o poder.

Assistimos indignados que somente a metade da população resiste conscientemente à supressão da liberdade por que todas as informações disponíveis, poucas, aliás, atingem uma minoria. A resistência é mantida por uma fração letrada e bem informada que enfrenta a amoralidade dominante nas esferas de governo.

Apenas as redes sociais da internet contribuem na divulgação de dados, oferecendo para isto a criatividade de artistas, cientistas, historiadores e jornalistas independentes, revelando os desmantelos econômicos e a corrupção endêmica que grassam e corroem o patrimônio nacional.

As personagens oficiais que temos são apenas auto-falantes de um grupo stalinista que explora o hipnotismo colorindo uma ideologia superada e deturpada, inspirados por um aspirante a ditador, cujo autoritarismo medíocre é notório.

Reconheço (perdoem-me os defensores do politicamente correto) que o megafone lulo-petista planta em solo fértil. Atinge as pessoas mais sugestionáveis, principalmente os jovens sem experiência histórica, incucados pelos pregoeiros de utopias inviáveis.

A maioria dos adolescentes de hoje não acompanhou a juventude do século passado que defendia a ética e a moralidade pública, nem se sensibiliza pela convivência com a evolução das novas idéias trazidas pela terceira grande divisão do trabalho produzida pela tecnologia.

Esta situação deve ser uma preocupação para educá-los através da linguagem, a ferramenta que tornou possível o progresso do homem da selvageria à civilização, como ensina Aldous Huxley no seu livro “Regresso ao Admirável Mundo Novo”. Huxley chama atenção para o grito juvenil “Dêem-me uma televisão e cachorros quentes, mas não me assombrem com as responsabilidades da liberdade”.

É exatamente isto que querem os defensores da ditadura bolivariana, sem atentar para que a sociedade que troca a igualdade nivelada por baixo pelas liberdades democráticas terminará sem uma nem outra, como temos os tristes exemplos de Cuba, Venezuela e na caminhada capenga da Argentina.

A História nos ensina que os ditadores antigos caíram, por maior força que alcançaram, e que o chamado “socialismo real” jaz sob os escombros do muro de Berlim.

Restarão ainda muitos anos para revelar os males do lulo-petismo e o despertar do QI das massas? Acho que não, e que Deus permita que esteja certo… Às vésperas de uma eleição presidencial, a ânsia por liberdade, justiça e desenvolvimento econômico, pode ser saciada pelo voto. Aécio Neves é o candidato que nos traz esta esperança.

Manuel Bandeira

VULGÍVAGA

Não posso crer que se conceba
Do amor senão o gozo físico!
O meu amante morreu bêbado,
E meu marido morreu tísico!

Não sei entre que astutos dedos
Deixei a rosa da inocência.
Antes da minha pubescência
Sabia todos os segredos…

Fui de um… Fui de outro… Este era médico…
Um, poeta… Outro, nem sei mais!
Tive em meu leito enciclopédico
Todas as artes liberais.

Aos velhos dou o meu engulho.
Aos férvidos, o que os esfrie.
A artistas, a coquetterie
Que inspira… E aos tímidos 
 o orgulho.

Estes, caço-os e depeno-os:
A canga fez-se para o boi…
Meu claro ventre nunca foi
De sonhadores e de ingênuos!

E todavia se o primeiro
Que encontro, fere toda a lira,
Amanso. Tudo se me tira.
Dou tudo. E mesmo… dou dinheiro…

Se bate, então como estremeço!
Oh, a volúpia da pancada!
Dar-me entre lágrimas, quebrada
Do seu colérico arremesso…

E o cio atroz se me não leva
A valhacoutos de canalhas,
É porque temo pela treva
O fio fino das navalhas…

Não posso crer que se conceba
Do amor senão o gozo físico!
O meu amante morreu bêbado,
E meu marido morreu tísico!

Biografia de Manuel Bandeira aqui

Clarice Lispector

Amor à Terra


Laranja na mesa.
Bendita a árvore
que te pariu.

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BAIXARIA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

O “Dicionário de Gíria” de J. B. Serra e Gurgel, um dos mais completos dogênero sobre a linguagemfalada pelos brasileiros, traz o verbete “Baixaria” – (Substantivo masculino) – Coisa de baixo nível.

Nas eleições, que significam a escolha democrática como alicerce da Democracia, deveriam cumprir-se de uma forma limpa; mas na Era do Lulo-petismo, esta definição republicana não é cumprida, no mais transparente espírito da pelegagem.

Poucas horas após o término da apuração dos votos, Dilma já inicia a baixaria contra Aécio, acendendo o sinal verde para os pit-bulls da tropa mercenária paga pelos mensalões para atacar o PSDB e seu candidato. Fica assinalada como será a disputa do 2º turno; Aliada do diabo, a reeleitorável usará todos os recursos criminosos do arsenal diabólico do petismo.

Desmentidos os institutos de pesquisa, regiamente remunerados pelo PT-governo para subestimarem o senador Aécio, Dilma teve apenas 41,6% dos votos válidos, e foi para o 2º turno, quando os porões do Palácio do Planalto já festejavam sua vitória.

Como a farsa das pesquisas não deu certo, os hierarcas do partido não desconhecem que a frente conquistada é débil e lhes ameaça, pelo repúdio nacional sofrido através do voto.

Assim ficou registrado o pior desempenho eleitoral do PT desde que as tropas de ocupação dos pelegos conquistaram Brasília, sendo notável a derrota de três postes de Lulla, Gleise, Lindemberg e Padilha.

Ameaçado o fio de esperança de se manter no poder, o ministro Gilberto Carvalho, porta-voz e factótum da pelegagem, já reconheceu que a força do tucano surpreendeu-lhes: “Esperávamos uma votação menor do Aécio”, disse.

Então, os patriotas defensores da Democracia devem ficar atentos pelo que pode vir por aí. Não podemos arriscar a marcha libertária de Aécio se esquecendo do que são capazes os quadrilheiros do PT e, pior ainda, dos sabujos que os seguem pelo reflexo condicionado da ideologia degenerada do peleguismo.

É bom recordar que vem de longe a atuação do gangsterismo político exercitado pelo lulo-petismo: começou na campanha de 2002, quando o PT falsificou o próprio programa para enganar o eleitorado. Foi a “Carta de Recife” que concorreu para um autêntico estelionato eleitoral.

No Governo, para acobertar o assalto ao Erário, às empresas estatais e fundos de pensão, passou a imperar a amoralidade, com a confecção de dossiês, calúnias, falsificações e “Um assassinato de reputações”, como intitula o seu livro o ex-delegado Romeu Tuma Júnior.

Uma dessas ações criminosas, segundo Tuma Jr, levou o ministro Gilberto Carvalho a audiência na Câmara dos Deputados e ali ele mostrou trazer no sangue o DNA da dissimulação, e na boca a fórmula lulista do “não sabia de nada”.

Na presidência, o Pelegão amoral orientou a feitura de dossiês contra Tasso Jereissati, Arthur Filho e Marconi Perillo. E até contra Ruth Cardozo!

A espionagem e falsificação de perfis de jornalistas na Wikipédia foi realizada por hackers lulo-petistas usando computadores do Planalto; e por mais que escorregasse na primeira hora o PT-governo não pode negar as evidências.

A Petrobras, esfarelada e corrompida no governo Dilma, tem um delator da roubalheira, Paulo Roberto Costa – o “Paulinho”, íntimo e parceiro de Lulla – que traz no seu processo quase uma centena de nomes envolvidos num escandaloso sistema de propinas, com realce para o tesoureiro do PT.

A baixaria esteve presente na campanha eleitoral. O que fizeram nos Correios! O que sofreu a candidata do PSB-Rede, Marina Silva! As investidas agressivas contra ela foram inomináveis; até o falecido colega de chapa, Eduardo Campos, foi alvo de insultos e calúnias.

Durante a campanha no 1º turno, Marina, expôs um rol de fatos negativos do lulo-petismo afirmando que o PT não pode continuar no poder. Antevendo o que poderá ocorrer com Aécio, traz com esta declaração, uma patriótica contribuição contra a reeleição de Dilma. Com isto, esperamos que os marineiros ajudem o Brasil, livrando-nos da baixaria!

Elba Ramalho – Veja Margarida

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Cecília Meireles

Murmúrio

Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
– vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
– vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
– Vê que nem te digo – esperança!
– Vê que nem sequer sonho – amor!

Biografia de Cecília Meireles aqui

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LINGUAGEM

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

                         “As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade”
                                                                                                                                 Vitor Hugo

Citei a frase lapidar do extraordinário pensador francês Hugo, e aproveito para fazer uma homenagem à língua francesa, de onde se originou a palavra portuguesa “linguagem”. Foi do antigo vocábulo gaulês “langage”.

A linguagem é um sistema de sinais para codificação e decodificação de informações. Estudos de lingüística indicam que veio dos grunhidos do hommo erectus na África os primeiros indícios de comunicação. Foi o “grito da natureza”, usado pelos primeiros homens para pedir socorro no perigo ou chamar atenção para as fontes de água ou a presença da caça, árvores frutíferas e raízes.

A linguagem tornou possível o progresso do homem da barbárie à civilização e o avanço civilizatório trouxe a multiplicação e disciplinamento das inflexões de voz para através da fala exprimir as idéias, sentimentos e a interação social.

Lingüística é o nome da ciência que se dedica ao estudo da linguagem. Diz Aldous Huxley que “a linguagem dá clareza e nitidez às nossas recordações”, mas também escraviza ora pela adulação, ora pela ameaça.

O Brasil, do ponto de vista geopolítico, deve a sua unidade ao idioma português, que se tornou hegemônica pelo domínio sobre as mais de línguas faladas no País em 1500. Estudiosos encontraram cerca de 200 delas sobreviventes, faladas por minorias muito limitadas.

O português-brasileiro se impõe também sobre as línguas de fronteira, as quilombolas e variantes de estrangeiras como o alemão e o italiano; e sua única variedade se prende ao uso de situações específicas de comunicação.

Assim, preservar o nosso idioma é um imperativo patriótico. O grande Rui Barbosa já alertava que “a degeneração de um povo, de uma nação ou raça, começa pelo desvirtuamento da própria língua”.

Por isso precisamos nos precaver dos totalitários que atualmente ocupam o poder central. Para eles, inimigos da liberdade, corromper o uso da linguagem é uma das formas de manipular opiniões, como se vê na mentira repetitiva dos condutores do lulo-petismo na sua ânsia para manutenção do poder.

O andamento dessa estratégia se faz quase imperceptível. O Ministério da Educação lulo-petista distribui cartilhas onde a gramática é mutilada, e entre os orientadores chapas-branca há quem proponha “popularizar” os livros de Machado de Assis e suprimir a literatura infantil de Monteiro Lobato.

Para atentar contra a obra de Machado, usa-se o reles argumento de que o português culto é ininteligível para o povo e com isso elitiza a literatura… Quanto ao preço ideológico para combater Monteiro Lobato, é a acusação de que o notável escritor defende idéias racistas!

Reconhecemos, sem dúvida, as relações sociais desiguais. Mas sabemos que a ignorância e o analfabetismo são impostos às camadas mais pobres da população por puro interesse de exercer influência política sobre o povo. E fazê-lo massa de manobra para ações que subvertem a nacionalidade e impõem um predomínio partidário.

Seria cômico se não fosse trágico, aceitar-se a linguagem chula de Lula da Silva, semi- alfabetizado, ou a terminologia estreita e mutilada, quase irreconhecível de Dilma Rousseff.

Incapaz de educar e elevar culturalmente o povo, a tendência lulo-petista totalitária aproveita-se de apedeutas com certa capacidade de liderança, sugerindo popularidade para eles. Faz-lhes decorar slogans e palavras-estímulo capazes de granjear simpatizantes para o partido.

É assim, que em nome de uma ideologia degenerada, mercadejam com a opinião pública, escarnecendo da República e da Democracia para facilitar o assalto ao Tesouro Nacional e ao Patrimônio Público.

É com as eleições do dia 5 de outubro que os patriotas devem derrubar, com a linguagem das urnas – pelo voto –, o palanque da ignorância, da incompetência e da corrupção armado pelo PT e seus aliados.

 

 

Fernando Pessoa

O TEJO É MAIS BELO

(do “Guardador de Rebanhos” – Alberto Caeiro)

 

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,

Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia

Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

 

O Tejo tem grandes navios

E navega nele ainda,

Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,

A memória das naus.

 

O Tejo desce de Espanha

E o Tejo entra no mar em Portugal.  

Toda a gente sabe isso.

Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia

E para onde ele vai

E donde ele vem.

E por isso porque pertence a menos gente, 

É mais livre e maior o rio da minha aldeia. 

 

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.

Para além do Tejo há a América

E a fortuna daqueles que a encontram.  

Ninguém nunca pensou no que há para além

Do rio da minha aldeia.

 

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.  

Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

 

Biografia de Fernando Pessoa aqui