Arquivo do mês: maio 2014

Victor Assis Brasil – FEITIÇO DA VILA – Noel Rosa – Vadico

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Oscar Pettiford Jazz Band 1953 – Blues In The Closet

http://youtu.be/UWLo8xkOxDc

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Ornette Coleman – Ramblin

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Laurindo Almeida – Gavotta Choro – Heitor Villa-Lobos

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Da Cora Ronai

Meu amigo Zeca Fonseca me mandou uma mensagem deliciosa e muito engraçada; é cada coisa que acontece nessa cidade…

“Amiga querida, vivi momentos interessantes num ônibus cheio voltando pra casa depois de uma consulta no médico. Um ônibus comum, desses que vemos apinhados de gente e sentimos pena só de olhar, mas esse, felizmente, nem estava tão lotado assim. Eu, que não sou bobo, levei um livro para ler na sala de espera do médico e no ônibus, já que moro no finalzinho do Recreio e o médico era no inicio da Barra. O livro “Contos de Odessa” do Isaac Babel, maravilhoso!

Eis que entrou no ônibus um sujeito maltrapilho, mas com dignidade nos olhos e sentou do meu lado, o único lugar ainda vago. Ele não tirava os olhos de mim. Eu perguntei: “Tudo bem?” Ele não respondeu, mas perguntou:”Tá lendo o quê?” Eu respondi rápido, meio desinteressado nele: “Babel” E ele: “Não conheço, é brasileiro?” Eu respondi, ainda sem saco: “Judeu russo.” E ele puxou um texto seu de uma pasta de couro surrada; uma matéria do Globo devidamente plastificada; título “Brasil, educação zero” e me pediu encarecidamente para eu ler em voz alta, pois ele estava sem os seus óculos, para aquele povo alienado que estava no ônibus. Ele nem me deu chance de resposta, e já foi se levantando e pedindo a atenção de todos. “Eis aqui um cidadão que lê, peço a tenção de todos para a leitura de um texto importante.” Aí eu comecei a ficar realmente interessado no homem e naquela situação incrível que estava se desenrolando ali. Eu me levantei, e me dediquei a ler seu texto, que era inédito para mim, apesar de ser de outubro de 2013. Muito bom por sinal.

Quando chegou na parte em que vc escreve que nunca ouvira falar de um presidente ou ex-presidente que dissesse que ler é como andar numa esteira, o homem me interrompeu e explicou para o povo, com sua voz de barítono, que o Lula não gosta de quem lê, porque quem lê sabe das coisas e não vota no PT. E emendou num discurso político contra a Dilma e a corja do PT. Ele foi aplaudido, eu me senti como um figurante de um filme italiano comédia, sei lá, incrível; depois ele acenou para eu terminar a leitura. Confesso que me esmerei tanto na dicção que preciso ler o texto melhor. Só percebi que era bom como todos os seus textos, mas esse é um texto que agora faz parte da minha vida!

Depois que acabei entrou no ônibus uma vendedora de balas, que disse: “Desculpe interromper o maravilhoso silêncio de vcs, e blábláblá” Mal sabia ela do que acabara de acontecer, e o povão começou a rir. Meu Deus, que cena! A mulher contou que largara a profissão de faxineira numa grande empresa para ser ambulante, e vendendo bala ela arrumava no mínimo 80 pratas por dia; “e no fim de semana se fizer sol vou com o isopor pra praia cheio de empada e sanduíche natural, daí arrebento e nem tenho coragem de dizer pra vcs quanto faturo se a praia estiver cheia.” E todos riam e compravam balas e amendoins e doces, uma festa aquele ônibus.

Fiquei triste quando chegou no ponto final na Alvorada. Peguei outro ônibus para o Recreio, um tal de BRT muito do sem graça. Parecia um metrô de rodas. E todos calados e eu lendo Babel sem parar! Um beijo, Zeca”

Publicado no dia 03/05/2014 na página do Facebook da Cora Ronai

Stan Getz – I Remember Clifford

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O Julgamento

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Nos livros sobre os grandes julgamentos sempre encontramos casos das testemunhas avocadas, ou não comparecerem ou declararem nada saber sobre o réu. Desde Roma antiga, temos o julgamento de Catilina movido por Cicero, grande orador, de inteligência privilegiada e muita erudição.

Cicero usou os dons para condenar Catilina acusando-o de conspiração contra a República, desonestidade e liderança “de uma horda de falidos morais e fanáticos desonestos”. Concluía os discursos com a famosa frase “Até quando abusarás da nossa paciência, Catilina?”.

Quando os senadores se reuniram para o julgamento, Cícero fez a denúncia; mas quando lhe foi pedido que apresentasse testemunhas; alegou que não as tinha e entregou uma maçaroca de supostas provas…

Na modernidade houve um processo na França que teve repercussão mundial, tendo como réu Alfred Dreyfus, capitão do exército francês de origem judaica. Acusado de traição com testemunhos falsos, foi defendido pelo escritor francês Emile Zola em artigos resumidos no livro “Eu acuso”. Dreyfus foi condenado, mas depois anistiado e reabilitado.

Após a derrota do nazismo na Segunda Guerra Mundial, o Tribunal de Nuremberg julgou os hitleristas sobreviventes. Tiveram uma defesa sob pressão jamais vista. Um dos criminosos de guerra, Rudolf Hess, dispensou advogado, afirmando não confiar nele e nem nos depoimentos apresentados. Disse: “Sinto-me perfeitamente bem só”.

No Brasil, temos nos arquivos os Autos da Devassa da Inconfidência Mineira. A condenação de Tiradentes à forca, num julgamento em que o delator, Joaquim Silvério dos Reis, traidor da conjuração mineira, só tinha contra Tiradentes a acusação de “costumadas práticas de convidar gente para o seu partido”, sem comprovar a denúncia.

Agora, reina na atualidade a fraude dos pelegos defendendo-se das maracutaias: “Eu não sabia de nada!”. É uma tática de falsa inocência dos profissionais do oportunismo e da corrupção, para todos os escorregos, malfeitos, crimes, fatos antijurídicos e culpáveis.

Encontramos tal defesa, nos casos de roubo no Ministério da Saúde pelos sanguessugas, na corrupção nos Correios, nas falsificações dos aloprados, nos furtos no Dnit, na associação com doleiros e contraventores, nos altos prejuízos na Petrobras e fundos de pensão, e na compra de apoio parlamentar pelo famoso Mensalão.

O Mensalão teve um julgamento exemplar dos corruptos que atentaram contra as instituições republicanas e a Democracia; foram 37 réus, com 25 condenados e 12 absolvidos.

Os efeitos jurídicos da Ação Penal 470 – nome oficial do Mensalão – receberam o aplauso nacional. Voltou à pauta em abril na odienta declaração de Lula da Silva dizendo que o julgamento foi “80% político e 20% jurídico”. O costumeiro cinismo do chefe do Partido dos Trabalhadores, não apaga suas declarações anteriores de que se sentiu traído, e que demitiu da Casa Civil o coordenador da maracutaia, José Dirceu.

Esta intervenção do pelego da Volkswagen e, de acordo com o livro de Tuma Jr., informante da ditadura militar, sob codinome de “Barba”, não é digna de crédito.

A habilidade do Pelego em enganar restringiu-se apenas aos oportunistas, carreiristas e corruptos usufrutuários do poder, e à seita em que o PT se transformou.

A Ação Penal 470 rastejou desde 2007. No início, a direção do PT subestimou o processo, crendo que não entraria em pauta do Supremo Tribunal Federal, e que as prováveis penas iriam prescrever. Um ministro ligado a Lula procrastinou ao máximo o exame da matéria, até que o presidente do STF, Ayres Brito, soltou a peça para exame do relator, Joaquim Barbosa.

Quando Barbosa apresentou a denúncia, enfrentou uma carreira de obstáculos. No percurso, Lula tentou chantagear o ministro Gilmar Mendes, por envolvimento com Cachoeira; o ensaiado coro lulo-petista cantou um refrão: “as denúncias são falsas para prejudicar o PT e o presidente Lula”; e quando apareceram as provas, mudou-se a cantoria: “Não houve propinas, era “Caixa 2” e acerto de campanhas dos partidos aliados… Mas não teve mais jeito!

A instrução do processo teve fim em 2011. Progrediu com ampla e livre defesa assistida pela televisão, onde se viu e ouviu a oratória e as filigranas jurídicas dos mais caros advogados do País.

Quando os ministros decidiram por absolvições e condenações de cada um dos réus, o pano caiu. E o Brasil, contra a impunidade, aclamou “O Julgamento”.

DEXTER GORDON – Who Can I Turn To

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Beverly kenny – ’tis Autumn

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