Arquivo do mês: abril 2013
Affonso Romano de Sant’Anna
A primeira vez que entendi do mundo
alguma coisa
foi quando na infância
cortei o rabo de uma lagartixa
e ele continuou se mexendo.
De lá pra cá
fui percebendo que as coisas permanecem
vivas e tortas
que o amor não acaba assim
que é difícil extirpar o mal pela raiz.
A segunda vez que entendi do mundo
alguma coisa
foi quando na adolescência me arrancaram
do lado esquerdo três certezas
e eu tive que seguir em frente.
De lá pra cá
aprendi a achar no escuro o rumo
e sou capaz de decifrar mensagens
seja nas nuvens
ou no grafite de qualquer muro.
A biografia de Affonso Romano de Sant´Anna aqui.
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Chamadas de 1ª página_5ª-feira, 11.abr.13
O GLOBO – Inflação passa teto da meta e juro pode subir
C. BRAZILIENSE – O dragão volta a assombrar o Brasil
ESTADÃO – Inflação passa meta e cresce pressão por alta de juros
ZERO HORA – A inflação rompeu o teto
ESTADO DE MINAS – O sopro do dragão
VALOR – Inflação bate teto e serviços recuam
J. DO COMMERCIO (PE) – Inflação acumulada em 12 meses estoura a meta do governo
FOLHA DE SP – Inflação estoura meta, e governo prevê juro maior
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Artigo
Mistura explosiva: Política e Religião
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
Eu venho de longe, como dizia Brizola… Sou de um tempo em que a intolerância religiosa era tal que certa vez fui para frente de um templo protestante em Friburgo, ameaçado de ser apedrejado por uma procissão católica. E eu, ainda muito jovem na época, já não tinha qualquer opção religiosa…
Por total isenção, posso falar do Caso Feliciano, através do qual, pelas evidências, a gente adquire a certeza de que a mistura de política e religião é explosiva. Primeiro, vendo os políticos mariscarem sermões do Pastor para o seu rebanho – manifestações de sua crença – que nada teem a ver com a sua eleição para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Os adversários políticos de Feliciano não teem a preocupação de reconhecê-lo eleito legalmente pelos seus pares. Preocupam-se apenas com a sua filiação a crenças obtidas em textos bíblicos, sem ao menos saber como seria (ou será) o seu comportamento político na CDH.
Do outro lado, o pastor-deputado sofre de incontinência verbal. Quando defende os seus princípios extremistas e dogmáticos diz coisas que agradam à minoria extremista e o põem ao lado dos aiatolás iranianos sonhando com uma teocracia…
Em termos políticos, porém, Marcos Feliciano transformando-se de uma hora para outra em liderança nacional, mostra-se coerente e combativo, principalmente com coragem (e bota coragem nisso) de enfrentar a onda gay e o xiitismo petista.
A onda gay é planetária, mas – infelizmente – controlada por uma fração instigante e aliciadora. Mas não é possível nos dias libertários de hoje, aceitar a discriminação a homo-afetividade no Brasil, sempre tolerante aos critérios de preferências pessoais de todos os gêneros…
Heterossexuais e homossexuais são cidadãos com direito a adotar a opção sexual que lhes aprouver; e a única coisa de ruim nisso tudo é a adoção midiática de um vago e discutível “politicamente correto” imposto pela minoria radical ora influente nos negócios públicos.
Assim tolhe-se o direito de uns e outros manifestarem opiniões a respeito de determinados valores sociais, políticos e religiosos, ao serem instigados a se manifestar, mas, na minha opinião, perderá a razão quem partir para o lado pessoal, tolher os direitos estabelecidos ou cair no campo da difamação.
Marco Feliciano, repito, foi eleito para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e exige o direito de continuar no cargo. O órgão que preside lhe apóia e respeita-o, como se viu quando manteve a decisão de realizar reuniões fechadas na comissão, impedida disto por manifestações hostis.
O colégio de líderes da Câmara convocou o Deputado pastor para uma reunião onde ele manteve sua disposição de continuar na presidência da CDH. E assumiu uma posição elogiável politicamente: abriu a perspectiva de deixar a presidência da comissão se os mensaleiros condenados pelo STF, João Paulo Cunha e José Genoino saírem da Comissão de Constituição e Justiça.
Eis uma autêntica posição ‘politicamente correta’, porque muitos do que o condenam silenciam ante a deformação da CCJ, acoitando sentenciados da justiça. Assim, Feliciano dividiu as lideranças, defendido pelos representantes do PMDB, PR, PSD, PRB e PMN.
A seguir, recebeu uma moção de apoio da Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB), que reuniu em Brasília 24 mil pastores credenciados.
Finalmente, encontro outro ponto de equilíbrio político de Feliciano. Foi quando a ministra Maria do Rosário interveio no problema – ferindo o princípio republicano de independência dos poderes. Ela disse que ele era intolerante e pregava o ódio social, e recebeu uma resposta condigna: “É um elogio ela falar mal de mim. Ela é a favor do aborto e nunca a critiquei por isso”.
Ao separar a religião da política, o pastor Marco se comporta melhor que seus adversários, impedindo uma explosão indesejável repudiada pelos que teem formação intelectual livre e consciência da cidadania.
Murilo Mendes
A mãe do primeiro filho Carmem fica matutando — Até à volta, meu seio A tarde já madurou
Biografia de Murilo Mendes aqui. |
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Chamadas de 1ª página_4ª-feira, 10.abr.13
O GLOBO – E agora, PT?: Feliciano só sai com mensaleiros
C. BRAZILIENSE – Feliciano promete sair se PT tirar mensaleiros
ESTADÃO – Feliciano diz que só sai se JP Cunha e Genoino saírem
ZERO HORA – Feliciano diz que fica e ataca petistas
ESTADO DE MINAS – Feliciano fica e provoca petistas
VALOR – TSE muda número de deputados de 13 Estados
J. DO COMMERCIO (PE) – Feliciano ataca PT expondo mensalão
FOLHA DE SP – Haddad tem aprovação de 31%, mas SP esperava mais dele
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Manuel Bandeira
VULGÍVAGA
Não posso crer que se conceba
Do amor senão o gozo físico!
O meu amante morreu bêbado,
E meu marido morreu tísico!
Não sei entre que astutos dedos
Deixei a rosa da inocência.
Antes da minha pubescência
Sabia todos os segredos…
Fui de um… Fui de outro… Este era médico…
Um, poeta… Outro, nem sei mais!
Tive em meu leito enciclopédico
Todas as artes liberais.
Aos velhos dou o meu engulho.
Aos férvidos, o que os esfrie.
A artistas, a coquetterie
Que inspira… E aos tímidos — o orgulho.
Estes, caço-os e depeno-os:
A canga fez-se para o boi…
Meu claro ventre nunca foi
De sonhadores e de ingênuos!
E todavia se o primeiro
Que encontro, fere toda a lira,
Amanso. Tudo se me tira.
Dou tudo. E mesmo… dou dinheiro…
Se bate, então como estremeço!
Oh, a volúpia da pancada!
Dar-me entre lágrimas, quebrada
Do seu colérico arremesso…
E o cio atroz se me não leva
A valhacoutos de canalhas,
É porque temo pela treva
O fio fino das navalhas…
Não posso crer que se conceba
Do amor senão o gozo físico!
O meu amante morreu bêbado,
E meu marido morreu tísico!
Biografia de Manoel Bandeira aqui.
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Chamadas de 1ª página_3ª-feira, 9.abr.13
O GLOBO – Preço de alimentos dispara e ameaça meta de inflação
FOLHA DE SP – Governo de SP decide baixar pedágios em ao menos 10%
C. BRAZILIENSE – Comer fora em Brasília está 41,5% mais caro
ESTADÃO – Documento confirma ação da Abin nos portos
ZERO HORA – Metrô da Capital vira promessa sem prazo
ESTADO DE MINAS – Reforma política divide deputados
VALOR – Barbosa tem reunião ríspida com juízes
J. DO COMMERCIO (PE) – Debate sobre a seca põe PT contra governo
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João Cabral de Melo Neto
Alguns Toureiros
A Antônio Houaiss
Eu vi Manolo Gonzáles
e Pepe Luís, de Sevilha:
precisão doce de flor,
graciosa, porém precisa.
Vi também Julio Aparício,
de Madrid, como Parrita:
ciência fácil de flor,
espontânea, porém estrita.
Vi Miguel Báez, Litri,
dos confins da Andaluzia,
que cultiva uma outra flor:
angustiosa de explosiva.
E também Antonio Ordóñez,
que cultiva flor antiga:
perfume de renda velha,
de flor em livro dormida.
Mas eu vi Manuel Rodríguez,
Manolete, o mais deserto,
o toureiro mais agudo,
mais mineral e desperto,
o de nervos de madeira,
de punhos secos de fibra
o da figura de lenha
lenha seca de caatinga,
o que melhor calculava
o fluido aceiro da vida,
o que com mais precisão
roçava a morte em sua fímbria,
o que à tragédia deu número,
à vertigem, geometria
decimais à emoção
e ao susto, peso e medida,
sim, eu vi Manuel Rodríguez,
Manolete, o mais asceta,
não só cultivar sua flor
mas demonstrar aos poetas:
como domar a explosão
com mão serena e contida,
sem deixar que se derrame
a flor que traz escondida,
e como, então, trabalhá-la
com mão certa, pouca e extrema:
sem perfumar sua flor,
sem poetizar seu poema.
A biografia de João Cabral de Melo Neto aqui.
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Chamadas de 1ª página_2ª-feira, 8.abr.13
O GLOBO – Atraso em obras dobra risco de racionamento
FOLHA DE SP – Oito Estados já gastam mais do que arrecadam
C. BRAZILIENSE – China puxa a orelha de Kim Jong-un
ESTADÃO – Brics investem US$ 100 bi em empresas de países ricos
ZERO HORA – Em protesto, hospitais cancelam atendimentos
ESTADO DE MINAS – O mapa do PSDB para tentar chegar ao Planalto
VALOR – Queda da OGX arrasta o Ibovespa
J. DO COMMERCIO (PE) – “PPS e Eduardo têm ideia coincidente”
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Cecília Meireles
Transição
O amanhecer e o anoitecer
parecem deixar-me intacta
Mas os meus olhos estão vendo o que há de mim,
De mesma e exata.
Uma tristeza e uma alegria
O meu pensamento entrelaça,
Na que estou sendo a cada instante,
Outra imagem se despedaça.
Este mistério me pertence
Que ninguém de fora repara
Nos turvos rostos sucedidos,
No tanque da memória clara.
Ninguém distingue a leve sombra
Que o autêntico desenho mata.
E para os outros vou ficando,
A mesma. Continuada e exata.
Chorai oh, olhos de mil figuras!
Pelas mil figuras passadas
E pelas mil que vão chegando
Noite e dia.
Não consentidas, mas recebidas e esperadas.
Biografia de Cecília Meireles aqui.
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