Arquivo do mês: junho 2008

Só o segundo tempo salvou

O primeiro tempo do Fluminense envergonhou todas as gerações de tricolores desde 1902.
Porque o time apenas esteve em campo em Quito, mas para ver a LDU jogar.
Que jogou como quis e foi fazendo gols como se enfrentasse um timinho qualquer, a ponto de acabar o primeiro tempo com 4 a 1 no marcador.

O gol brasileiro surgiu de uma falta brilhantemente cobrada pelo argentino Conca, aos 11, cinco minutos depois de Washington ter perdido um gol imperdível. E foi tudo de perigoso que o Flu fez. Logo no primeiro minuto, Guerrón cruzou e Bieler se antecipou a Thiago Silva para fazer 1 a 0.

Aos 27, Guerrón pegou o rebote de bela defesa de Fernando Henrique e fez 2 a 1. Aí, virou festa.
Mais cinco minutos, escanteio pela esquerda, Campos sobe na primeira trave e desvia para o 3 a 1. E, aos 45, escanteio pela direita, Washington desvia na primeira trave de presente para Urrutia na segunda: 4 a 1. Parecia tudo irremediavelmente perdido.

Menos mal que logo aos 5 do segundo tempo, Thiago Neves diminuiu de cabeça, em bela antecipação à zaga equatoriana, depois de cruzamento de Gabriel.
O jogo, ao menos, ficou equilibrado, embora esquisito, sem cara de decisão de Libertadores.
Aos 25, Renato Gaúcho tirou Washington, nulo, e pôs Dodô.

E, aos 42, quem sabe, o lance que pode dar o sonhado título ao Flu: Fernando Henrique fez defesa parcial, a bola foi ao travessão e voltou para ele.
O 5 a 2 seria quase impossível de ser virado. O 4 a 2 não é.

Fonte: Juca Kfouri

Câmbio

Dólar é uma peça fora do cenário

O dólar voltou às manchetes ao atingir ontem o limiar da maxidesvalorização registrado em 1999, no patamar de R$ 1,59. Mas, na opinião do economista Sidnei Moura Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, não há motivo para preocupação. A moeda americana teria encontrado seu ponto de equilíbrio, sem perspectiva de ir muito além do atual nível. Além disso, teria perdido seu poder de ação no combate à inflação no país, atualmente o maior desafio da política econômica.

– O dólar só escorregou na euforia de ontem e deve retornar ao patamar de R$ 1,60, que é difícil de romper de forma consistente. Já alcançou seu limite até mesmo para o movimento especulativo de arbitragem, pois o especulador também sabe onde começa a área de perigo – avalia.

Segundo o especialista, uma queda maior do dólar frente ao real não colaboraria no controle da inflação e ainda traria outros tipos de problemas, como o forte impacto na área de exportações, que está quase toda condicionada a commodities, pois os manufaturados perderam a força

Fonte: Míriam Leitão

Frase_2/26

“Não quero atingir a imortalidade através de meu trabalho. Quero atingi-la não morrendo.”

Woody Allen, cineasta

charge do JBosco

Fonte: chargeonline.com.br/JBosco

Comentário (I)

Uma mulher incomum

Ruth Cardoso foi uma intelectual internacionalmente reconhecida que não escondia sua ojeriza aos rituais do poder e uma especial antipatia por jornalistas, fossem eles interessados em detalhes fúteis ou estivessem sinceramente empenhados em ouvir o que a professora, mestre, doutora e escritora tinha a dizer sobre os destinos do País.

Ruth chegou a provocar um contido escândalo quando, depois da eleição e antes da posse, cogitou da hipótese de não se mudar para a capital. Queria ficar em São Paulo, levando “vida normal”. A corte sentiu-se rejeitada. Enxergou antipatia, soberba e um resquício de impertinência na novidade da rejeição ao título de “primeira-dama”. Ruth não dizia com todas as letras, mas estava claro que achava a denominação antiquada e, sobretudo, cafona.

Tinha toda razão. Nem por isso, entretanto, insistiu na imposição de novas leis. A recíproca foi verdadeira e, aos poucos, os espíritos foram se desarmando. A capital desistiu de enquadrar Ruth nos parâmetros conhecidos e ela, enquanto fazia concessões na forma, conquistava respeito na exposição do conteúdo. Falava pouco, mas era sempre certeira na análise dos problemas brasileiros, não abria mão das opiniões, ainda que polêmicas.

Dora Kramer, jornalista

NOTICIÁRIO

Crivella deve explicar propaganda eleitoral
O pré-candidato do PRB a prefeito, Marcelo Crivella, será notificado pelo juiz responsável pela fiscalização da propaganda eleitoral no estado, Luiz Márcio Pereira, para explicar um informe publicitário que o associa a obras do Programa de Aceleração do Crescimento em favela do Rio. A peça, publicada na revista “Roteiro do Poder”, poderá ser considerada propaganda extemporânea.

Tráfico volta um dia após Exército sair
Um dia após o Exército deixar o Morro da Providência, o tráfico voltou a marcar seu território. Casas recém-reformadas pelo projeto Cimento Social amanheceram pichadas com as iniciais de uma facção criminosa. Pelas vielas, bandidos andavam armados à tarde.

Religiosos atacam projeto anti-homofobia
Evangélicos e católicos causaram tumulto ao tentar invadir o Senado para protestar contra o projeto de lei que criminaliza a homofobia, a discriminação contra homossexuais. O projeto já foi aprovado na Câmara.

BC eleva de 4,6% para 6% projeção da inflação
O Banco Central elevou a projeção de inflação para este ano de 4,6% para 6% – acima do centro da meta, que é de 4,5%. Para especialistas, a mudança não surpreende, mas indica que o BC manterá a trajetória de aumento dos juros pelo menos até o fim de 2008.

Tarduamente, Cade aprova venda da Varig
Após mais de um ano de análise, a compra da Varig pela Gol foi aprovada ontem pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A Gol também foi liberada para atuar no transporte de cargas.

Contas de Zuleido Veras na Suíça
Documentos de processo que corre na Justiça Federal revelam que Zuleido Veras, dono da construtora Gautoma, manteve contas secretas no banco Credit Suisse, em Zurique. Numa delas , chegou a ter saldo de US$9,5 milhões.

A volta de censura à imprensa
A censura prévia evoca os anos da ditadura militar. Pior, afronta a Constituição, que estipula que nenhuma lei poderá constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística.

TV pode cobrar ponto extra
O juiz federal substituto Roberto Luís Luchi Demo, de Brasília, liberou a cobrança de ponto extra pelas TVs por assinatura, proibida pela Anatel desde o dia 2. Demo pede que a agência governamental especifique melhor o conteúdo de sua decisão.

Pagamento de pensão gay nas mãos de Arruda
Governador aguarda parecer da Procuradoria do DF antes de sancionar projeto que concede benefício a parceiros de servidores gays. Há dúvidas sobre a competência dos distritais para aprovar proposta.

FRASE DA VEZ_1/26

“Uma vez que o dólar comercial rompeu a barreira psicológica de R$ 1,60, a tendência da moeda é cair ainda mais”.

Jorge Knauer, gerente de câmbio do banco Prosper

HERMANOS

Mercosul se desentende na Rodada de Doha

As chances de um acordo na Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio aumentaram e seu diretor-geral, Pascal Lamy, convocou para 21 de julho uma reunião ministerial que poderá ser a última chance de entedimento. Mas a dificuldade para um acordo foi evidenciada durante o próprio anúncio de Lamy, quando o Mercosul mostrou-se dividido, com Brasil e Argentina seguindo em direções opostas. Na semana passada, o Brasil paralisou a rodada para arrancar um compromisso dos EUA para utilização de toda a flexibilidade prevista no texto industrial, poupando do corte integral 12% e 14% das linhas tarifárias. A Argentina já avisou que considera a proposta “inaceitável”.

PAC FAMILIAR

Esquema em família com dinheiro público

Aos 26 anos, o universitário André Scarassati é dono de uma empresa – a Serviços e Construções Ltda. — que, apesar de ter apenas 10 funcionários registrados na folha de salários, venceu licitação de R$ 5,5 milhões para construir 255 casas populares em Palmas (TO). A obra faz parte do rol de ações na área de habitação do Programa de Aceleração do Crescimento, tocado pelo Ministério das Cidades. O problema é que o pai de André, José Alcino Scarassati, era, até a última terça-feira, assessor especial do ministro das Cidades, Márcio Fortes. Foi exonerado justamente por figurar entre os suspeitos de desviar dinheiro público das obras do PAC investigados pela Polícia Federal na Operação João de Barro.

CÂMBIO

Dólar fecha abaixo de R$1,6

O dólar comercial encerrou a sessão de ontem abaixo da barreira psicológicade R$ 1,60 pela primeira vez desde 20 de janeiro de 1999, cotado a R$ 1,592 navenda e R$ 1,590 na compra. A forte entrada de recursos externos no mercadodoméstico e a decisão do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) de manter a taxabásica de juros dos Estados Unidos inalterada em 2% ao ano favoreceram atendência de baixa da divisa.