Arquivo do mês: janeiro 2008
Inflação
Chuva e educação nos índices de preços
A chuva é culpada quando é de menos e quando é demais. A economia e a chuva vivem às turras. A falta de chuva na área dos reservatórios fez subir a incerteza econômica. Agora, os economistas acham que a chuva forte e constante em várias áreas do país começam a atingir o preço dos hortifrutigranjeiros.
No IGPM divulgado hoje o tomate subiu 80% e isso em parte é pelas chuvas fortes – disse o economista Luiz Roberto Cunha. Choveu pouco na Argentina o que pressiona os preços de alguns alimentos, trigo por exemplo.
Enquanto economia e São Pedro tentam se entender, outras informações sobre a inflação.
O IGP-M ficou mais baixo do que o anterior, mas um pouco acima do esperado, todo mundo achava que ficaria abaixo de 1%, mas a expectativa continua sendo de queda da inflação nos próximos meses. O que também ajudou a pressionar o IPC seja na FGV seja na Fipe é educação que é captada em janeiro nestes dois índices – explicou o professor.
No dia 13, uma semana depois do carnaval, sairá o IPCA de janeiro, índice que mede a meta de inflação. Ele vai ficar em torno de 0,60%, também caindo em relação ao 0,74% do mês anterior. Mas a inflação em doze meses vai subir porque em janeiro do ano passado foi 0,44%.
O IPCA em 12 meses vai ficar durante todo o primeiro trimestre acima do centro da meta, em 0,46 e alguma coisa, porque no ano passado a inflação ficou baixa no primeiro trimestre – explica Luiz Roberto.
Fonte: Míriam Leitão
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FRASE DA VEZ_1/30
“Queres conhecer o Inácio, coloca-o num palácio.”
Barão de Itararé, jornalista, que ontem completou 102 anos de nascimento, numa de suas célebres frases premonitórias.
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NOTICIÁRIO
O FMI ACORDOU – De olho na crise provocada pelas hipotecas de alto risco nos EUA, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu as projeções de crescimento no mundo de 4,4% para 4,1% em 2008. Foram mantidas, no entanto, as projeções de 4,3% para a América Latina e 10% da China. Para os EUA, o FMI baixou a estimativa de expansão de 1,9% para 1,5%. Já 2007 deve fechar em 2,2%.
REMESSA DE LUCROS – A indústria automobilística liderou a remessa de lucros e dividendos para o exterior em 2007. As empresas enviaram US$ 2,702 bilhões às respectivas matrizes, 106,7% mais do que no ano anterior. A remessa maior se explica pelo forte aumento das vendas internas, pelos maus resultados das companhias no exterior e pela desvalorização do dólar.
DESMATAMENTO – A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o ministro interino da Defesa, general Enzo Peri, sobrevoam hoje áreas de Mato Grosso onde a devastação é alarmante. A Polícia Federal já mandou agentes para a Amazônia, onde fará um “arrastão” contra desmatamento, segundo o diretor do órgão, Luiz Fernando Corrêa.
SEM MÍDIA – Sete meses depois de censurada pelo presidente Lula, a Polícia Federal editou um manual de operações para seus agentes. Eles agora devem evitar que pessoas algemadas sejam fotografadas ou filmadas pela imprensa. Os presos não serão mais transportados em camburão.
GANHOU A FOLIA – O Ministério Público de Pernambuco rejeitou o pedido da Igreja Católica de suspensão da distribuição gratuita da chamada pílula do dia seguinte durante o carnaval no Estado. A polêmica iniciada pela Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Olinda e Recife teve seu auge na troca de farpas entre o arcebispo, dom José Cardoso Sobrinho, e o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
HOMICÍDIOS – A taxa de homicídios entre jovens brasileiros, de 15 a 24 anos, saltou de 13.186 para 17.312, entre 1996 e 2006 – o maior número absoluto nessa faixa etária aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, com 879 vítimas. São Paulo registrou 797 casos. O número total de homicídios registrado em todo o país foi de 46.660.
MULHER & CONTRACHEQUE – As mulheres brasilienses podem se orgulhar de uma conquista rara no país: elas têm salários mais altos do que os homens. Além do DF, somente o Amapá apresenta essa característica. Daniela Santos, gerente de uma construtora, aponta um dos fatores: “A qualificação da mulher faz com que o machismo não faça mais sentido”.
JEITINHO BRASILEIRO – O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse ontem que mudanças no Plano Geral de Outorgas, necessário para que a Oi e a Brasil Telecom possam se fundir serão equânimes para todas as empresas do setor, independentemente da nacionalidade dos controladores. Para ele, a criação de uma “supertele” brasileira traria vantagens para o consumidor ao permitir concorrência mais acirrada em todas as áreas.
ESTACIONAMENTO – Projeto de lei que proíbe cobrar estacionamento em shopping centers pode ser vetado ou sancionado pela Prefeitura de São Paulo nos próximos dias. Essa receita é importante no negócio de shoppings.
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Olho na biopirataria
25 ONGs sob investigação
Levantamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) aponta pelo menos 25 organizações não-governamentais (ONGs) que serão investigadas pela força-tarefa encarregada da operação de combate à biopirataria, compra ilegal de terras e exploração de recursos minerais na Amazônia. Há casos como o da Cool Earth, dirigida por um milionário sueco, que oferece terras brasileiras pela internet. Ou o da amazonense Comissão Pró-Yanomami, acusada de etnobiopirataria ao repassar a laboratório americano conhecimentos medicinais dos índios.
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SONEGAÇÃO
Bancos são os campeões
A Receita Federal multou, no ano passado, 522 mil pessoas físicas e jurídicas por evasão fiscal, como sonegação de impostos, erros e omissões nas declarações de Imposto de Renda. Alvo do aumento de tributos anunciado no início do ano pelo governo, as instituições financeiras foram apontadas como as que mais praticaram evasão fiscal em 2007. Bancos, seguradoras, cooperativas de crédito e outras empresas do ramo foram autuadas em R$ 25,3 bilhões, o que inclui os impostos devidos, multa e juros. O total de autuações da Receita, incluindo empresas e pessoas físicas, gerou crédito tributário para o governo de R$ 108 bilhões, um aumento de 42% ante o apurado em 2006.
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VIOLÊNCIA
Diminuem mortes por arma de fogo
Os últimos dados do “Mapa da Violência dos Municípios”, divulgado ontem, mostram que a violência no Brasil continuou em queda em 2006, a exemplo do que ocorre desde 2004, mas num ritmo abaixo dos últimos anos – o que preocupa o governo, que já articula a volta da campanha do desarmamento. De 2003 para 2004, houve uma queda de 5,3% no número de homicídios por arma de fogo. De 2004 para 2005, 2,8% e, em 2006, 1,8%. O relatório foi divulgado ontem pela Ritla (Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana) e pelos ministérios da Justiça e da Saúde. Em 2006, foram 46.660 homicídios no país -sendo 33.284 mortes por arma de fogo, representando 74,4% do total de homicídios.
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CARTÕES CORPORATIVOS
A cara de pau dos pelegos
A exemplo da ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), os ministros Orlando Silva (Esporte) e Altemir Gregolin (Pesca) também cometeram irregularidades ao usar o cartão de crédito corporativo do governo federal. Os dois fizeram compras em Brasília, uma delas em uma tapiocaria. Nenhuma delas foi “emergencial”, como diz decreto governamental que regulamenta o uso do cartão. Além dos gastos indevidos, análise feita pela Folha nos extratos dos ministros revela também despesas incompatíveis com suas agendas. Os três estão sendo investigados pela CGU (Controladoria Geral da União). É a primeira vez que órgão investiga ministros por suspeitas de utilização irregular de cartões.
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MANCHETES do dia_30.jan.08
JORNAL DO COMMERCIO – Justiça define hoje se libera ou proíbe a distribuição de pílula na folia.
FOLHA DE SÃO PAULO – Cai o número de homicídios no país
O ESTADO DE SÃO PAULO – Crédito atinge recorde de 34% do PIB
O GLOBO – Cai comandante da PM que não puniu subordinados
GAZETA MERCANTIL – Oi e Br T informam ao governo plano de fusão
CORREIO BRAZILIENSE – Devassa na farra do cartão corporativo
VALOR ECONÔMICO – Divergências paralisam exportação de carne à UE
TRIBUNA DA IMPRENSA – Crise derruba cúpula da PM
ESTADO DE MINAS – País concentra crimes em 10% das cidades
ZERO HORA – Mais de 1,5 mil pontos de venda de álcool terão de ser controlados em BRs gaúchas
DIÁRIO DE NATAL – Agripino e Robson estão perto de fechar aliança com Wilma
JORNAL DO BRASIL – Agência de inteligência do governo investiga 25 ONGs
TRIBUNA DO NORTE – Maurílio critica forma como homicídios são investigados
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POESIA
Ode aos calhordas
Os calhordas são casados com damas gordas
Que às vezes se entregam à benemerência:
As damas dos calhordas chamam-se calhôrdas
E cumprem seu dever com muita eficiência
Os filhos dos calhordas vivem muito bem
E fazem tolices que são perdoadas.
Quanto aos calhordas pessoalmente porém
Não fazem tolices — nunca fazem nada.
Quando um calhorda se dirige a mim
Sinto no seu olho certa complacência.
Ele acha que o pobre e o remediado
Devem procurar viver com decência.
Os calhordas às vezes ficam resfriados
E essa notícia logo vem nos jornais:
“O Sr. Calhorda acha-se acamado
E as lamentações da Pátria são gerais.”
Os calhordas não morrem — não morrem jamais
Reservam o bronze para futuros bustos
Que outros calhordas da nova geração
Hão de inaugurar em meio de arbustos.
O calhorda diz: “Eu pessoalmente
Acho que as coisas não vão indo bem
Pois há muita gente má e despeitada
Que não está contente com aquilo que tem.”
Os calhordas recebem muitos telegramas
E manifestações de alegres escolares
Que por este meio vão se acalhordando
E amanhã serão calhordas exemplares.
Os calhordas sorriem ao Banco e ao Poder
E são recebidos pelas Embaixadas.
Gostam muito de missas de ação de graças
E às sextas-feiras comem peixadas
Rubem Braga
Rubem Braga, considerado por muitos o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis, nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, ES, a 12 de janeiro de 1913. Iniciou seus estudos naquela cidade, porém, quando fazia o ginásio, revoltou-se com um professor de matemática que o chamou de burro e pediu ao pai para sair da escola.
Iniciou a faculdade de Direito no Rio de Janeiro, mas se formou em Belo Horizonte, MG, em 1932, depois de ter participado, como repórter dos Diários Associados, da cobertura da Revolução Constitucionalista, em Minas Gerais — no front da Mantiqueira onde conheceu Juscelino Kubitschek de Oliveira e Adhemar de Barros.
Foi correspondente de guerra do Diário Carioca na Itália, onde escreveu o livro “Com a FEB na Itália”, em 1945, sendo que lá fez amizade com Joel Silveira. De volta ao Brasil morou em Recife, Porto Alegre e São Paulo, antes de se estabelecer definitivamente no Rio de Janeiro, primeiro numa pensão do Catete, onde foi companheiro de Graciliano Ramos; depois, numa casa no Posto Seis, em Copacabana, e por fim num apartamento na Rua Barão da Torre, em Ipanema.
Certa vez, solicitado pelo amigo Fernando Sabino a fazer uma descrição de si mesmo, declarou: “Sempre escrevi para ser publicado no dia seguinte. Como o marido que tem que dormir com a esposa: pode estar achando gostoso, mas é uma obrigação. Sou uma máquina de escrever com algum uso, mas em bom estado de funcionamento.”
Foi com Fernando Sabino e Otto Lara Resende que Rubem Braga fundou, em 1968, a editora Sabiá, responsável pelo lançamento no Brasil de escritores como Gabriel Garcia Márquez, Pablo Neruda e Jorge Luis Borges. A chave para entendermos a popularidade de sua obra, toda ela composta de volumes de crônicas sucessivamente esgotados, foi dada pelo próprio escritor: ele gostava de declarar que um dos versos mais bonitos de Camões (“A grande dor das coisas que passaram”) fora escrito apenas com palavras corriqueiras do idioma.
Da mesma forma, suas crônicas eram marcadas pela linguagem coloquial e pelas temáticas simples. Como jornalista, Braga exerceu as funções de repórter, redator, editorialista e cronista em jornais e revistas do Rio, de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife. Foi correspondente de “O Globo” em Paris, em 1947, e do “Correio da Manhã” em 1950.
Amigo de Café Filho (vice-presidente e depois presidente do Brasil) foi nomeado Chefe do Escritório Comercial do Brasil em Santiago, no Chile, em 1953. Em 1961, com os amigos Jânio Quadros na Presidência e Affonso Arinos no Itamaraty, tornou-se Embaixador do Brasil no Marrocos. Mas Braga nunca se afastou do jornalismo.
Fez reportagens sobre assuntos culturais, econômicos e políticos na Argentina, nos Estados Unidos, em Cuba, e em outros países. Quando faleceu, era funcionário da TV Globo. Seu amigo Edvaldo Pacote, que o levou para lá, disse: “O Rubem era um turrão, com uma veia extraordinária de humor. Uma pessoa fechada, ao mesmo tempo poeta e poético.
Era preciso ser muito seu amigo para que ele entreabrisse uma porta de sua alma. Ele só era menos contido com as mulheres. Quando não estava apaixonado por uma em particular, estava apaixonado por todas. Eu o levei para a Globo… Ele escrevia todos os textos que exigiam mais sensibilidade e qualidade, e fazia isto mantendo um grande apelo popular.”
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Análise: consumidor desconfiado não vai às compras
Hoje ainda é terça-feira e os índices da economia americana que já foram divulgados, de uma série de outros que sairão até sexta, mostram bem o tamanho da crise por lá. A confiança do consumidor despencou 20% em um ano; o índice de despejos cresceu 51% em 2007, o número de pessoas que moram em casa própria caiu 1,1 ponto percentual, para 67,85%, e o preço dos imóveis despencou 8,4%. Nisto tudo, só saiu um solitário número bom, meio descolado do resto, que foi o crescimento de 5,2% dos pedidos bens de capital.
As pesquisas mostram o seguinte: o americano está sentindo a falta do dinheiro, perdendo sua casa, e ficando mais cabreiro. Consumidor desconfiado é consumidor que não vai às compras. Adia, espera o dia melhor. Quem perde a casa, se sente sem chão. Compra o mínimo. Tem perda de status. Queda nas construções significa menos emprego. Enfim, tudo empurrando para baixo o nível do consumo americano. E o consumo das famílias nos Estados Unidos representa 70% do PIB.
Amanhã teremos a divulgação de mais dois índices importantes: uma prévia do PIB do quarto trimestre de 2007 – que vai mostrar se a economia está realmente em recessão ou não – , e os gastos de consumo pessoal de dezembro – que é a medida preferida do Fed para analisar o comportamento dos preços no varejo dos Estados Unidos.
Fonte: Míriam Leitão
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