Arquivo do mês: junho 2007

“Escrevi ou não lá embaixo que estava em curso mais uma trapalhada com o convite para que Renato Casagrande (PSB-ES) assumisse a relatoria do Caso Renan Calheiros no Conselho de Ética do Senado? Pois é.
O novo presidente do Conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), aplicou um golpe nos seus colegas do PSDB e do DEM. Eles ameaçaram se retirar durante a sessão em que Quintanilha foi eleito ontem à noite.
Então Quintanilha anunciou que se fosse eleito convidaria Casagrande para relator. Casagrande quer investigar a fundo (um pouquinho mais, vá lá) o Caso Renan. Em respeito a Casagrande, o PSDB e o DEM legitimaram a eleição de Quintanilha.
Há pouco, Quintanilha retirou o convite público que fizera a Casagrande – e sabe por que? Porque Renan e sua tropa de choque vetaram a escolha de Casagrande.
Afinal, que conversa é essa de investigar a fundo ou simplesmente de investigar?
Tem nada disso não.
Quintanilha foi posto na presidência do Conselho para arquivar o Caso Renan o mais rápido possível. E o novo relator deve ajudá-lo na tarefa”.

Enviado por Ricardo Noblat –
28.6.2007
| 18h36m

Convido aos que lêem este Blog a reagir contra a tentativa do Senado Federal e do Presidente da República fazer-nos de idiotas. Estas duas entidades republicanas querem impedir que o povo raciocine, mas da minha parte recuso-me fazer parte dos 180 milhões de descerebrados que elas elegem. Quem quiser me acompanhar nesse protesto, aconselho acompanhar o processo contra Renan Calheiros no Conselho de Ética do Senado e, se tiver condições, ver e ouvir a autodefesa do senador Joaquim Roriz.

É necessário também assistir as sessões parlamentares. Na tarde de hoje, por exemplo, vimos uma sucessão de discursos da bancada lulo-petista (o partido dos 25 anos perdidos!) louvando o Dia do Orgulho GLDP, enquanto subiam à tribuna parlamentares chantageados por Renan e/ou sócios solidários da máfia que assalta o Orçamento Público em conluio com lobistas e empreiteiros. Uns louvaram as minorias sexuais e os outros defenderam os corruptos e corruptores seus colegas. Assim assistimos à novela da falta de vergonha. Desfilam nela personagens dantescos e máscaras diabólicas, testemunhas fraudulentas, documentos falsificados, cheques adulterados, empréstimos fajutos, cinismo, mentira e hipocrisia. Renan diz que sofre um linchamento moral e Roriz nega ter cometido ilicitudes.

Os dois senadores são alvos de graves denúncias. Renan Calheiros não conseguiu desmentir que um lobista da Construtora Mendes Júnior paga suas contas particulares e não responde às gravações apresentadas pelo advogado Pedro Calmon Filho em nome da sua cliente, Mônica Veloso, em que o lobista Cláudio Gontijo diz a Mônica que o Presidente do Senado o teria procurado para resolver dívidas de campanha. Roriz, investigado pela Operação Aquarela da Polícia Federal, é suspeito de envolvimento num esquema de desvios de recursos do Banco de Brasília; ele teria transado R$ 2,2 de origem desconhecida, quantia referida em fitas gravadas com autorização judicial, nelas combinando a partilha do dinheiro com Tarcísio Franklin de Moura, ex-presidente do BRB.

A defesa dos dois senadores representa o teste de inteligência que nos libertará da idiotia nacional.

Conforme informa a UOL, o senador Renato Casagrande (PSB) aceitou o convite público para assumir a relatoria do processo contra Renan Calheiros, feito pelo presidente eleito do Conselho de Ética do Senado, senador Leomar Quintanilha (PMDB). Casagrande reuniu-se com dirigentes do seu partido esta manhã, e ouviu das lideranças da base de apoio ao PT-governo opiniões sobre o assunto, mas ainda não esteve com o senador Leomar Quintanilha para informar sua decisão.

Já está mais do que provado que na renúncia do senador Sibá Machado à presidência do Conselho de Ética do Senado, estão impressas as impressões digitais de Renan Calheiros. Com isso, os paladinos da corrupção, acreditaram recuperar a ofensiva da defesa, agora sob a presidência do senador goiano Leomar Quintanilha. Em apoio a essas intenções vem a mudança de postura de Lula da Silva, que passou a defender abertamente Renan levado por dois medos, um) dos dossiês de Renan e 2) de ver um oposicionista na presidência do Senado. Lula faz discursos e instrumentaliza a bancada petista na defesa de Renan.

Vai ser fácil para a líder da bancada, Ideli Salvatti,assumir essa posição obscena, pois na primeira reunião do Conselho que pautou o processo do PSOL contra Renan fez um discurso histérico pedindo o imediato arquivamento do processo, e sugeriu na maior cara de pau que a inocência do Presidente do Senado deveria ser aprovada pela unanimidade dos conselheiros. Mas vamos e venhamos, não será fácil controlar os companheiros Augusto Botelho e Eduardo Suplicy, cuja postura moral impede-os de seguir a flexibilidade de Ideli. Aliás, não foi por acaso que Lula da Silva lamentou a indicação de Suplicy para o Conselho, conhecendo como conhece a honestidade do Senador paulista.

A priori não se pode acreditar que o presidente Leomar e o relator Renato Casagrande – se aceitar o cargo – se transformem de uma hora para outra em subservientes ao anti-princípio da improbidade. Leomar e Casagrande, apesar de alinhados na base de sustentação do PT-governo, não deixarão de ver as inúmeras provas contra Renan. O comportamento de ambos não pode se igualar ao do Pelego-Presidente que com total falta de caráter diz, referindo-se o Presidente do Senado: “Todos são inocentes até que se prove o contrário. O julgamento tem que ser feito com lisura para que não se cometa nenhum erro em nenhuma de nossas instituições”. Lula quer mais do que saber que seu aliado é íntimo de um lobista, para quem destaca verbas do Orçamento? Quer saber mais do que os documentos falsificados? Que Renan sonega o Fisco? Só falta de decência e excesso de mau-caratismo levam Lula da Silva a inocentar Renan.

O jornalista Luiz Francisco, da sucursal da Folha de São Paulo nas Alagoas, revelou que os Calheiros estão deslocando gado – muito gado – emprestados de amigos, para a fazenda de Renan através da fazenda de Olavo porque as chuvas que atingem Murici impedem a passagem das carretas para a de Renan. As terras de Olavo são vizinhas e têm ligação com a do irmão, para onde os bois estão sendo levados. Inicialmente as transportadoras ficaram atoladas, chamando atenção dos moradores da municipalidade. Anteontem (terça-feira, 26/jun), o radialista Tarcísio Rigueira, conhecido como “Bocão”, disse em uma rádio pernambucana que um empresário lhe contou que emprestou 500 cabeças de gado para Renan Calheiros. Com o empréstimo, segundo o radialista, o presidente do Senado comprovaria os 1.742 animais que declarou possuir no ano passado.

Na correspondência para o jornal, Luiz Francisco reproduz depoimentos colhidos em Murici, terra natal dos Calheiros. São vários comentários. Os moradores falam que viram quatro ou cinco carretas transportando bois para a fazenda de Renan e do seu irmão Olavo. “As carretas tinham dois andares e estavam cheias de bois. Era tanto boi que o movimento me chamou a atenção e comentei com o meu pai”, disse Simone Gomes da Silva, que trabalha num bar à beira da estrada. O servidor público Antonio Barros também se admirou: “Eu também vi as carretas transportando os bois. Só não sei se eles foram levados para as fazendas dos Calheiros, mas aqui (em Murici) ninguém tem bala na agulha para comprar de uma só vez pelo menos 200 cabeças”, falou.

Processado por falta de decoro no Conselho de Ética, acusado de ter suas despesas pagas por um lobista, Renan apresentou documentos para provar que obtinha lucros com o comércio de gado nas Alagoas, faturando nos últimos quatro anos R$ 1,9 milhão. Os documentos foram periciados e, além de problemas de autenticidade a Polícia Federal encontrou suspeitas nas transações pecuárias do Senador. A opinião pública espera que as manobras para reaver a maioria no Conselho de Ética e o apoio de Lula da Silva, não impeçam o aprofundamento das investigações, inclusive esta, a de fraudar o número de cabeças de gado posto em dúvida pela PF. Ninguém pode queimar arquivo com chifres de boi…

O Senado está em polvorosa com o surgimento de novas e esclarecedoras denúncias contra Renan Calheiros através de CD’s com gravações de conversas mantidas por Mônica Veloso e o lobista da Construtora Mendes Júnior, Cláudio Gontijo. Foi o advogado Pedro Calmon Filho quem entregou o material ao Conselho de Ética sob o argumento de que desejava esclarecer as acusações sofridas por Mônica de que teria feito chantagem para obter dinheiro. As conversas gravadas esclarecem o relacionamento de Mônica e Cláudio, provando que o lobista pagava a pensão alimentícia que Renan dizia não ter condições de fazer.

Por mais que a tropa de choque de Renan queira desqualificar as gravações, não pairam dúvidas que deverão influir grandemente no processo prejudicando a defesa porque derrubam o dossiê que vinha sendo usado contra Mônica e que o advogado Pedro Calmon Filho teria negociado com Gontijo os pagamentos da cliente. As gravações foram periciadas pelo técnico Aidano Faria, que comprovou a veracidade delas e se mostra decidido a ir ao Conselho de Ética para provar que os CD´s são autênticos.

Para esquentar ainda mais o assunto, Pedro Calmon Filho declarou à imprensa que encaminhará os CD´s à Procuradoria-Geral da República para que “sejam tomadas as devidas providências”, mas evitou dar detalhes sobre a degravação porque o processo em que está apensa corre em segredo de justiça. Adiantou, entretanto que com os CD’s fica esclarecido que o lobista Cláudio Gontijo fazia pagamentos que o senador alegava não poder fazer. “Ele (Gontijo) enganou o Conselho, mentiu, não deixou que houvesse um interrogatório formal”, sugerindo uma nova rodada de depoimentos para elucidar dúvidas.

O pedido de Renan Calheiros para se encontrar com Lula da Silva não pareceu estranho para ninguém; seria zombar da inteligência nacional esconder as relações indecorosas de Renan com Lula. O Presidente do Senado foi pedir socorro ao aliado a quem fez tantos favores, mas não obteve uma intervenção explícita. Vazou para a imprensa que Lula quer e torce para que Renan se salve, mas se diz incapacitado de intervir comprometendo o governo. Disse o Presidente (segundo fontes palacianas) que “gostaria que o amigo se safasse” achando, porém, que a crise deve ser superada no Congresso, onde se originou.

Segundo observadores próximos ao Planalto, Lula prefere manter Renan na presidência do Senado do que dar um salto no escuro. Na avaliação do Presidente, a queda do senador alagoano terá efeitos negativos na base governista do Senado, podendo, inclusive, dar uma maioria à oposição, por isso mostrou-se pessoalmente simpático e solidário a Renan e na presença dele convocou a líder do PT-partido, Ideli Salvati, a quem pediria mais empenho em sua defesa. Após as despedidas formais, chegaram ao Palácio Ideli e Tião Viana com quem o Presidente manteve longa conversa pedindo detalhes da atuação dos petistas no caso. Segundo os informantes, Lula repreendeu Ideli por ter indicado Eduardo Suplicy para o Conselho de Ética, considerando isto um erro político.

Na reunião do Conselho, tomando conhecimento do diálogo entre Lula e Ideli através da internet, Suplicy não mandou recado: de frente às câmeras da TV-Senado fez uma dura observação, afirmando que deseja que triunfe verdade, em coerência com a sua formação de decência e ética, e aproveitou a oportunidade para reiterar sua sugestão para que Renan vá ao Conselho defender-se e esclarecer alguns fatos que o comprometem. Presente à fala do Senador, a líder petista interveio irritada, gritando nervosa que Lula não havia se referido a Suplicy.

Diário de Natal: Envio de projeto à AL põe fim à greve da Polícia Civil

Estado de São Paulo: Operação no Rio deixa 13 mortos

Folha de São Paulo: Ação policial mata ao menos 19 no Rio

O Globo: Polícia invade Alemão e mata 19

Tribuna do Norte: Começam hoje as mudanças nas contas telefônicas

Valor Econômico: AES negocia acordo para quitar dívida bilionária

Indicado Renato Casagrande como relator por Leomar Quintanilha, novo presidente do Conselho de Ética do Senado Federal, diversas intervenções, inclusive Arthur Virgílio que falou em nome do PSDB, José Agripino pelos democratas e Eduardo Suplicy, em caráter pessoal. Suplicy lembrou a sensibilidade do ex-presidente Sibá Machado diante da opinião pública, cobrado inclusive no Estado do Acre, que representa. Comentou Suplicy a notícia de que o Lula da Silva teria repreendido a líder do PT, Idely Salvati, por ter indicado seu nome para o Conselho de Ética; pergunta-se se a informação é correta e, por via das dúvidas, lembra a Lula os compromissos que tem com a verdade, a coerência e a ética.

Louvando a eleição de Quintanilha, Suplicy, reitera a lembrança para que ouça a opinião pública. Pela ordem, a líder do PT-partido, Idely Salvati, que lamentou não ter sido ouvida por ele a respeito da matéria que citou na sua intervenção.

Usando da palavra, falou da surpresa em ver seu nome sugerido por Quintanilha e, embora não tenham conversado antes, e tendo conhecimento da pressa para que seja preenchida a relatoria, disse que amanhã, pela manhã, terá uma posição sobre o convite.

Iniciado o voto no Conselho de Ética com a chamada nominal dos membros efetivos, ficou constatada a ausência do senador Jefferson Peres e o presidente indicou Heráclito Fortes e Almeida Lima como escrutinadores para contar os 15 votos presentes. Contados os votos, foram nove para Leomar Quintanilha e seis para Arthur Virgílio. Quintanilha foi declarado eleito e, empossado, assumiu a direção dos trabalhos.