Arquivo do mês: junho 2007

Em homenagem ao grande líder trabalhista Leonel Brizola, aspas para o jornalista Pedro Porfírio com seu artigo publicado ontem na Tribuna de Imprensa:

“Há exatos três anos, no cair da tarde de uma segunda-feira, 21 de junho de 2004, o povo brasileiro perdia um dos seus maiores estadistas – Leonel de Moura Brizola. Até hoje não consegui assimilar as circunstâncias em que ele morreu. Na noite de domingo, apesar de acamado, havia recebido em casa Garotinho e Moreira Franco, que foram propor uma aliança em torno do seu nome para a Prefeitura do Rio de Janeiro, nas eleições daquele ano.
No dia seguinte, como ele passou mal, foi levado para o Hospital São Lucas, que estava em obras. Ao ser transferido para outro prédio,onde faria exames, morreu no elevador. Nada mais imprevisível.
Hoje, a sensação do vazio que ele deixou é aterrorizante. Parece que Brizola se foi há uma década. Ou mais. E sua partida nos levou um dos últimos políticos de elevada estatura moral e inegável carinho pelo povo trabalhador, pelas crianças, pelos idosos.
Duas vezes governador do Estado do Rio de Janeiro, governador do Rio Grande do Sul, prefeito de Porto Alegre, Leonel Brizola também foi uma das figuras mais injustiçadas da nossa vida pública. Quem tinha poder na mão – inclusive a mídia – tratou de destruí-lo.
E com isso, quem mais perdeu foi o povo brasileiro, ao qual ele dedicou os 82 anos de vida, insurgindo-se com coragem e desprendimento sempre que os interesses nacionais e os direitos dos trabalhadores eram ameaçados ou minados.
Desde aquele 21 de junho de 2004 eu me sinto como um verdadeiro órfão político. Acredito que muitos brasileiros têm a mesma sensação. Pior: temo que tão cedo não apareça alguém com a mesma visão e os mesmos sentimentos patrióticos e a mesma coerência, com o mesmo carisma e a mesma disposição de luta que marcou sua admirável biografia.
Isso é muito grave. Durante anos, Brizola povoou os sonhos dos brasileiros mais humildes, como uma esperança real, porque nunca, em momento algum, vacilou na defesa de suas idéias que tinham como referência o País soberano e justo que todos desejamos. Lembrar o que ele representou durante 60 anos da história brasileira é tarefa que cumpro com os olhos cheios de lágrimas e muita saudade.”

Segundo fontes parlamentares de Brasília, o presidente Renan Calheiros aproveitou o “recesso branco” das sextas-feiras no Senado, para dar um balanço dos erros cometidos no Conselho de Ética. O principal desvio da defesa do processo que responde foi dele próprio, ao fugir da acusação que seus pagamentos pessoais são feitos por uma empreiteira, para desvendar um relacionamento extraconjugal e a existência de uma filha fora do casamento.

Outra conclusão a que chegou Renan foi errar apresentando provas documentais do seu patrimônio e dos recursos obtidos na comercialização de gado nas Alagoas. Em vez disso, deveria ter pedido aos seus acusadores s apresentação de provas para substanciar o processo por quebra de decoro parlamentar. Uma coisa simples; apelar para o princípio jurídico de que o ônus da prova cabe ao acusador.

É indiscutível, pelo menos para quem tem acompanhado as reuniões, que a escolha dos senadores seus parceiros no Conselho de Ética, foi uma furada. A partir do advogado Ferrão, nunca se juntou tanta gente sem credibilidade. Uma coisa simples, um pedido ao autor do recurso, o PSOL, que apresentasse as provas, encerraria o problema, porque só a Construtora Mendes Júnior poderia reconhecer seu comprometimento com Renan. Quanto aos seus “dóceis parceiros” em vez de articulações preferiram agir como cães de caça – e a caça fugiu…

Foi vergonhoso o Brasil assistir a retirada de quatro assinaturas do requerimento para instalação da CPI da Navalha. Três dos parlamentares, autores dessa ignomínia, pertencem aos partidos da base do PT-governo e um é governista enrustido. Corre à boca pequena nos corredores do Congresso que a retirada das assinaturas teve seu preço: primeiro, marcar presença para que o ministro Mares Guia se lembre deles para pagar compromissos de nomeação de parentes e correligionários nos escalões inferiores da administração pública.

Como é uma tarefa das lideranças petistas-lulistas abafar a CPI da Navalha, por instruções diretas de Lula da Silva, atuaram para impedir sua formação através do recuo dos aderentes, principalmente membros de partidos aliados. Somente a saída do projeto mereceu o pagamento pela moeda corrente entre os 300 picaretas do Congresso Nacional: liberação de verbas para emendas individuais ao Orçamento e cargos no governo.

Algum repórter curioso poderia perguntar a esses chantagistas da oposição e do governo porque assinaram o requerimento e desistiram depois. Tomaríamos conhecimento de argumentos inteligentíssimos, porque nenhum deles confessaria que foi para serem lembrados e receber benesses, porque é desse jeito que funciona o relacionamento do PT-governo com os aliados.

O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB divulgou ontem uma mensagem lamentando a corrupção que grassa nos três poderes republicanos. Afirmam os bispos que a degenerescência dos valores éticos enfraquece a democracia e conclama os católicos a lutarem contra isto participando da vida política.

“A corrupção e a impunidade estão levando o povo ao descrédito na ação política e nas instituições, enfraquecendo a democracia”, diz a Nota, que complementa com um estímulo à sociedade, aconselhando que “O povo brasileiro precisa recuperar a esperança. A credibilidade e a legitimidade de nossas instituições serão asseguradas pela apuração da verdade dos fatos, pela restituição dos bens públicos apropriados ilicitamente e pela punição dos delituosos”.

Intitulada de “Democracia e Ética”, a mensagem da CNBB conclama a sociedade organizada a enfrentarem com coragem os desmandos que vêm ocorrendo na vida pública condenando com rigor a impunidade e estabelecendo um relacionamento social de honestidade. Os bispos propõem ainda uma ampla reforma do sistema político feita com isenção e responsabilidade para aprimorar a Democracia e a Justiça Social.

Depois da ministra Marta Suplicy, do Turismo aconselhar aos passageiros que relaxem e gozem na angústia da espera e dos atrasos e cancelamentos de vôo, o ministro Waldir Pires, da Defesa, em Paris nas suas eternas férias diz que tudo vai às mil maravilhas no Brasil. Também ministro – que ministério este! – Guido Mantega nega que haja problemas no tráfego aéreo e, embora admitindo algumas falhas, diz que são decorrentes do crescimento das viagens devidas ao bom desempenho da economia no país.

É a prosperidade proporcionada pelo PT – governo a responsável pelo sucateamento dos consoles, defeitos nas mesas de operação e aos vergonhosos salários que os controladores de vôo recebem. Menos da metade dos vencimentos de um guarda rodoviário.

De cretinice em cretinice vamos levando um Brasil virtual da propaganda governamental obrigados a ouvir um pelego como Mantega, guindado ao poder por um estelionato eleitoral, dizer: “[O governo] vai dar um jeito sim. Não há caos aéreo. Há um problema aéreo. E também há um aumento do fluxo de tráfego. É a prosperidade do país. Mais gente viajando, mais aviões, mais rotas. Mas podemos melhorar os problemas e agilizar essa questão”, afirmou Mantega sobre o assunto

Segundo fonte fidedigna, Lula da Silva “está convencido” de que os problemas que ocorrem no tráfego aéreo devem-se à operação padrão que os controladores fazem para mostrar descontentamento com o PT-governo e, particularmente, com a Aeronáutica. Os controladores dizem haver motivos de insatisfação: a prisão do líder da categoria Carlos Trifilio, o não cumprimento das promessas do Presidente e a impossibilidade de trabalhar diante de problemas técnicos nos equipamentos.

Lula da Silva, conforme informamos anteriormente, autorizou o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, a tomar as providências que ele considerar necessárias para normalizar o fluxo e garantir a segurança do tráfego aéreo. Após a orientação presidencial, a Aeronáutica divulgou que já está traçado um plano de contingência para o caso de um motim de controladores.

De sua parte, o Palácio do Planalto parece ter oferecido uma gratificação de R$ 500 a R$ 600 aos controladores e técnicos que trabalham diretamente com o controle de tráfego aéreo que descontentou os beneficiários que julgam um insulto, por insignificante, a oferta; e ao oficialato da FAB, que considera o aceno do PT-governo como uma “gratificação por insubordinação”.

O desembargador Palma Bissom, do Tribunal de Justiça de São Paulo, negou pedido de liminar da bancada do PT-partido na Assembléia Legislativa contra os Decretos 51.460 e 51.460, de 2007, que criaram a Secretaria de Ensino Superior e a vinculou às universidades paulistas.

Bissom reconhece a inconstitucionalidade dos decretos, mas entende que o Decreto Declaratório 1/07, posteriormente expedido pelo governador José Serra, abortou a suposta intenção de intervir na autonomia universitária, portanto não há urgência para apreciação da liminar.

O parecer, entretanto, registra “Somente por lei da iniciativa do Governador, portanto via Assembléia Legislativa, vale dizer, mediante obrigatória observação do processo legislativo, podem ser criadas e extintas secretarias de Estado”.

URGENTE – O Blog da Revista Época noticiou agora há pouco que Lula da Silva teria demitido o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, por considerá-lo um dos responsáveis pela crise nos transportes aéreos. Um assessor da Presidência que pediu para não ser nomeado disse que o Presidente aguarda o retorno do ministro Waldir Pires, da Defesa, para definir o substituto do brigadeiro Pereira.

Não levou 20 minutos para que a Secretaria de Imprensa da Presidência procurasse a imprensa para negar a demissão do brigadeiro José Carlos Pereira, dizendo em nota oficial que a notícia divulgada pela Revista Época “não procede”.

A seguir, chegou-nos duas informações. Uma, de que Lula da Silva telefonou ao brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, reiterando a necessidade de que fossem tomadas as medidas que a FAB considerar adequadas para restabelecer o fluxo e a segurança do tráfego aéreo; a outra informação veio da assessoria de imprensa da Infraero, garantindo que o brigadeiro José Carlos Pereira continua no cargo.

Isso me recorda um velho ditado iroquês que reza: “Aonde há fumaça, há fogo”.

O esbanjamento de aumentos salariais e nomeações de companheiros para cargos de confiança dão ao Brasil o primeiro lugar mundial em empregos sem concurso. E também um prêmio pelas injustiças contra os funcionários de carreira, que não contribuem para o dízimo que o PT – partido cobra dos aparelhados.

Por medida provisória anterior, Lula da Silva deu um aumento de 30% a 139,7% para os DAS, num sistema econômico onde a inflação está abaixo dos quatro por cento e a maioria das categorias dos serviços públicos tiveram um reajuste inferior a cinco por cento.

Fazem cerca de seis meses que o PT-governo se comprometeu em resolver a imoral situação salarial em que se encontram os controladores de vôo, que ganham menos da metade dos vencimentos iniciais dos guardas rodoviários. Mas não há dinheiro para isso, diz o ministro Paulo Bernardo, do Planejamento; mas para levar contribuição financeira para a caixa do partido, o dinheiro virá com os 626 novos empregos. Enquanto isto, os controladores de vôo, “Ó!”.

Considerando-se abandonado pelos aliados, Renan Calheiros já exibe sinais de contrariedade, para não dizer de desespero, imaginando a perspectiva de perder o mandato e ficar inelegível por oito anos. Pessoas da sua intimidade falam de comportamento bipolar com momentos de excitação e de depressão.

Isto provoca um corre-corre entre o Palácio do Planalto e o conjunto arquitetônico do Congresso Nacional, porque se ouve dizer que Renan não esconde a condição de credor do PT-governo e particularmente de Lula da Silva, contra quem investe dizendo ao círculo de amigos que se lhe der na telha, poderá produzir “uma crise institucional” que arrastará muita gente consigo.

Se há temor no Planalto de que Lula da Silva sofrerá inimaginável prejuízo se Renan resolver prejudicá-lo, há também motivo de um quase pânico entre alguns senadores, pois o Presidente do Senado teria dito a um deles que se perder o mandato não hesitará em revelar segredos de alcova dos colegas que pulam a cerca.

Embora ninguém duvide do que Renan desesperado venha fazer, resta a alternativa de que seus recados não passem de um blefe e que ele renuncie à presidência do Senado para evitar uma saída desonrosa. Este pelo menos foi o conselho que lhe deu o amigo e aliado José Sarney, através da filha, Roseane.