Augusto dos Anjos – A fome e o amor

[ 2 ] Comments
Compartilhar

A um monstro

Fome! E, na ânsia voraz que, ávida, aumenta,
Receando outras mandíbulas a esbangem,
Os dentes antropófagos que rangem,
Antes da refeição sanguinolenta!

Amor! E a satiríasis sedenta,
Rugindo, enquanto as almas se confrangem,
Todas as danações sexuais que abrangem
A apolínica besta famulenta!

Ambos assim, tragando a ambiência vasta,
No desembestamento que os arrasta,
Superexcitadíssimos, os dois

Representam, no ardor dos seus assomos
A alegoria do que outrora fomos
E a imagem bronca do que inda hoje sois!

2 respostas para Augusto dos Anjos – A fome e o amor

  1. Muito parecido com que estamos vivendo no momento.

  2. Irene Mattos Felix disse:

    Não encontro no poema do Augusto dos Anjos o amor que trago dentro de mim ‘A alegoria do que outrora fomos” Enquanto lutarmos , o verbo permanecerá no presente